embora
lembro que imaginava esse momento como se fosse de estado de puro torpor, alegria, uma conquista, de um bem feito. bem feito.
mas o que se tem é tristeza. apagamento. de uma vida de anos sem sentido. eu hoje sou o que desejei por muito tempo: ser. e tento lembrar de todas as vezes em que ainda estava aqui.
agora estou evaporando e começo um desenho de uma vida leve. partindo. realizando. encontrando. o que sou entre antes e depois dessa tempestade. sim, agora eu tenho coragem. não vou voltar. as chaves que depositou nunca saíram de minhas mãos.
Participo do projeto “Caneta, Lente e Pincel” (https://canetalentepincel.art.blog/), e ao formar parceria como artista visual, com a escritora Maria Emilia Algebaile, tive a ideia de enviar a mesma imagem que já havia me motivado a escrever. O que essa imagem despertaria em outra mulher? O que receberia dessa troca? E aí recebo esse poema. Esse presente. Obrigada, Maria Emilia.
EU QUERO
”Quero ser
Uma ideia que explode
Em meio à monocromia do pensamento único.
O não da resistência
Em meio aos sins das ovelhas servis.
A que ousa gritar
Para romper o silêncio da opressão.
Aquela que cala em meio aos altos ruídos.
Não para consentir,
Mas para poder entender melhor.
A que sangra por amor,
Por justiça,
Por conhecimento,
Pela arte.
Aquela que singrará os Sete Mares
E nunca morrerá na praia.”
Maria Emilia Algebaile