Bad Boys For Life

Uma das duplas de ação mais famosas do cinema está de volta

João Pedro Viegas
Fale de Cinema
4 min readJan 29, 2020

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Foto: Reprodução

Fiquei num mix de sentimentos quando vi, pela primeira vez, o anúncio de que a dupla Mike Lowery e Marcus Burnett estaria de volta às telas do cinema. Por um lado, empolgado, por ser fã da série e ter assistido incansavelmente os dois primeiros filmes; mas por outro, também desconfiado, me perguntando se esse filme era necessário. Afinal, sequências podem ser… perigosas.

Felizmente, não é o caso de Bad Boys For Life. Pelo menos até certo ponto. A narrativa dirigida por Bilall Fallah e Adil El Arbi traz a dupla de detetives de Miami em bom formato, dialogando com os filmes anteriores. No contexto da história, os policiais estão se adaptando às “modernidades”. Afinal, por serem conhecidos pela resolução “à moda antiga” dos problemas, Mike (Will Smith) e Marcus (Martin Lawrence) percebem que as coisas não são mais como antes. Filhos crescendo, novos membros chegando na família, e, claro, o físico que já não é mais o mesmo. Porém, a normalidade da vida dos amigos é abalada pela chegada de um assassino misterioso pertencente à uma gangue mexicana, que está destinado a se vingar pela morte do pai e pela prisão de sua mãe.

Foto: Reprodução

Uma coisa importante de se pensar é que, neste terceiro filme, a proposta se difere bastante do que vimos em Bad Boys I e II. Enquanto os antecessores tinham um exagero absurdo (que agrada o público consumidor deste tipo de filme), Bad Boys III já tem um lado mais sentimental. Temos o contraste de Mike com problemas em admitir que está envelhecendo com Marcus, que quer se aposentar para curtir sua família, deixando para trás o histórico de adrenalina e intensidade que viveu com seu parceiro. Afinal, são 17 anos de diferença entre um filme e outro. Dessa forma, temos um filme menos intenso, consideravelmente mais suave em explosões de carros e destruição de cidades. Afinal, os Bad Boys já são quase old boys. Como a abordagem já se propõe como diferente, o longa se baseia nas relações sentimentais que são construídas e reatadas durante o desenvolver da trama.

Como forma de contrastar a “evolução dos tempos”, os detetives passam a trabalhar junto com o esquadrão AMMO, a nova divisão de elite do departamento de polícia de Miami. Liderados por Rita (Paola Nuñez), a equipe enfrenta dificuldades para conseguir trabalhar junto com os medalhões do departamento, uma vez que as operações táticas são feitas baseadas na tecnologia, com uso de drones e dispositivos eletrônicos. De toda forma, o esquadrão AMMO integra a proposta emocional do filme, e faz isso até relativamente bem.

Foto: Reprodução

Porém, o que nos decepciona em Bad Boys For Life é a guinada que o filme dá para o desfecho dos policiais e dos vilões. Sinceramente? Achei fraco. Por ser muito rasa, a aposta dramática-fraternal não cola. O filme tem cerca de 2 horas — quase 30 minutos a menos que Bad Boys II (onde essa guinada funcionou bem com a escapada de Tapia para Cuba) — e esse tempo é insuficiente para costurar o plot.

De toda forma, isso não atrapalha o conjunto da obra, que revive personagens antigos dos dois primeiros longas, como o capitão Howard (Joe Pantoliano), Theresa Burnett (Theresa Randle) e até mesmo Reggie (Dennis Greene) — o genro de Marcus que aparece em uma das melhores cenas de Bad Boys II. No elenco também temos Vanessa Hudgens (High School Musical) e Alexander Ludwig (Vikings). O trabalho de direção dos atores é bom, mas reafirmo a ressalva: não dá tempo pra nos afeiçoarmos, ou até mesmo, nos identificarmos com esses personagens. Porém, como o filme dá sinais que terá outra sequência, acredito que isso possa ser trabalhado futuramente.

Foto: Reprodução

Bad Boys For Life tem tudo para lucrar bastante (como o está fazendo, se mantendo no topo das bilheterias dos Estados Unidos). Com certeza podemos atribuir a questão nostálgica nesse ponto — e que o filme cumpre bem seu papel. O filme estreia nesta quinta-feira (30) nos cinemas brasileiros.

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João Pedro Viegas
Fale de Cinema

Jornalista em formação pela Universidade Federal de Minas Gerais. Escreve sobre entretenimento, cultura e esportes.