Homem-Aranha: ainda mais longe de casa

Tudo que queríamos ver (e mais um pouco) na sequência da nova franquia de filmes do Spider

João Pedro Viegas
Fale de Cinema
4 min readJul 4, 2019

--

Ensino médio, paixões aflorando, super poderes e a responsabilidade de salvar o mundo. Você se imagina, com 16 anos, tendo que lidar com esses fatores juntos (e shallow now) ? Pois é, seja bem vindo(a) ao dilema de Peter Parker em Homem-Aranha: Longe de Casa.

Na trama, Peter Parker (Tom Holland) está empolgado com uma viagem de ciências pela Europa com sua turma da escola e quer aproveitá-la para declarar sua paixão por MJ (Zendaya). Porém, o garoto é surpreendido por Nick Fury (Samuel L. Jackson), que o convoca para lutar ao lado de um super-herói novo, Mysterio (Jake Gyllenhaal), contra criaturas misteriosas que ameaçam a Terra.

A mistura feita pela direção de Jon Watts, com roteiro de Chris McKenna e Erik Sommers traz um Peter agoniado, visivelmente cansado após os eventos de Vingadores: Ultimato. Com 16 anos, o Aranha quer ter um descanso e se afastar momentaneamente das grandes responsabilidades que vieram com a chegada dos seus grandes poderes (pegou a referência?). Nisso, o jovem herói também sente a pressão que recai sobre ele (afinal, quem será o próximo Tony Stark), o que aumenta ainda mais o desejo de Peter de ser, por ora, apenas um garoto que quer curtir sua viagem de férias com a escola e tentar conquistar a garota que gosta.

Sendo um dos heróis mais azarados que já conhecemos, é claro que essa sequência não sai conforme planejada na cabeça de Peter. Nosso herói é inserido num contexto de batalha contra vilões baseados nos quatro elementos (água, fogo, terra e ar). E ele faz isso junto com Quentin Beck, um cientista que fica conhecido como Mysterio. Se você não conhece a história do Mysterio, sugiro dar uma pesquisada no personagem antes de ir para o filme — e é por isso que a informação a seguir não é um spoiler. Mysterio é conhecido por manipular a visão das pessoas, por ser especialista em efeitos visuais. E Jake Gyllenhaal confirma que toda a expectativa depositada nele era válida, porque dá um show de interpretação. Então, com essas informações, já dá pra sacar que essa parceria não está lá muito certinha, não é?

É justamente nesse contexto que entendemos perfeitamente a agonia de Peter, que tenta trabalhar em sua mente jovem todos esses acontecimentos que estão rolando de uma só vez. Por isso, Longe de Casa é, em boa parte, um filme sobre Peter Parker, e não sobre o Homem Aranha. Com exceção do epílogo, vemos muito mais do rosto de Tom Holland do que do herói mascarado. E no roteiro, isso é perfeitamente compreensível e feito de forma inteligente. No começo, claro, você fica com aquela de impressão de que o filme não vai engrenar, que as batalhas contra os Elementais são… sem graça, mas quando entende que tudo ali acontece por uma razão, aí a coisa fica muito boa. A evolução que o personagem tem dentro do próprio filme é bem feita, no tempo certo, mostrando que Holland realmente fica muito confortável nesse papel, e que podemos esperar muito mais nos próximos filmes, tanto em amadurecimento de Peter Parker, quanto em consolidação do Aranha como herói.

Alívio cômico? Temos.

Não pense que todo esse dilema que Peter enfrenta ocupa todo o espaço de Longe de Casa. Seguindo a linha de gags e pontos de fuga cômicos, a produção entrega boas cenas de divertimento, que conseguem facilmente arrancar gargalhadas de quem está no cinema. E o melhor disso é que não é algo forçado, é um humor natural que vem com as cenas conforme elas surgem. O arco Ned (Jacob Batalon), May (Marisa Tomei), Happy (Jon Favreau), Flash (Tony Revolori) e inclusive Nick Fury é muito bem feito.

Ação? Também temos.

A mistura em Longe de Casa dá certo porque ela sabe mesclar bem os momentos de drama pessoal de Peter, alívio cômico e as cenas de ação. As batalhas finais são excelentes, com um show de sonoplastia e efeitos visuais. Aliás, quando você sabe que todas aquelas cenas foram feitas em computação gráfica, você percebe que realmente a indústria cinematográfica Marvel não está para brincadeira.

Homem-Aranha: Longe de Casa é uma ótima pedida pra você que é fã da Marvel, mas também é uma boa pra você que não é tão fã assim. A mistura de romance adolescente com cenas engraçadas e ação com lutas e explosões é bem montada, e agrada os diferentes públicos.

--

--

João Pedro Viegas
Fale de Cinema

Jornalista em formação pela Universidade Federal de Minas Gerais. Escreve sobre entretenimento, cultura e esportes.