Programação oficial

Mostra Fale de Cinema Independente

Gabriel Araújo
Fale de Cinema

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Existe cinema sem cinemas?

Estamos em um momento de exceção. Embora completamente distintos, podemos dizer que o cinema independente também conhece esse estado. Salas, telas, público — tudo isso raramente pertenceu ao cinema brasileiro, quem dirá ao independente. Este conhece as beiradas, as quebradas, os abismos. Espaço, não só hoje, é privilégio, sabemos.

Não à toa, esta mostra é encabeçada por um veículo independente. Nossa primeira mostra é fruto do meio, como o cinema independente o é — existe porque existe; existe porque quer existir; existe, independente de como.

Se hoje não temos as conhecidas telas, ocupamos a sua e nos multiplicamos. Hoje, toda tela é tela. Nesse estado zero em que nos encontramos, todo cinema independente é cinema. E todo cinema é independente.

Convidamos vocês a abrirem espaço em suas telas, de 12 a 18 de setembro, para a primeira Mostra Fale de Cinema Independente. São 35 filmes com fome de olho. Afinal, filme é feito pra ser visto.

Mostra Curta Curto

Todos os filmes da Mostra Curta Curto serão liberados no IGTV da @faledecinema no primeiro dia de exibição, 12 de setembro.

Introdução aos Estudos Oníricos. Reprodução
  • Bonequinha’s Show, de Flora Suzuki e Grazi Labrazca (Paraná, 2019), 2'

Da menina à mulher: corpo objeto. Nas telas de todo o Brasil.

  • Blues, de André Srur (Goiás, 2020), 4'

A solidão de uma criatura da noite. Afinal de contas, uma “garota” deve saber como se virar na vida.

  • Dona Vera Faz Poesia, de Cintya Ferreira (Rio de Janeiro, 2020), 1'

Dona Vera é uma mulher de 55 anos, moradora da periferia do Rio de Janeiro. Acompanhamos a vida de Vera por meio da poesia lida e imagens de arquivo.

  • F For Fake News, de Eduardo Martins Zimermann Camargo (Paraná, 2019), 1'

Um documentira para compartilhar no grupo da família.

Histórias Migratórias. Reprodução
  • Histórias Migratórias, de Camila dos Santos e Claudia Erika Mamani Copa (São Paulo, 2020), 2'

Para ilustrar situações recorrentes de xenofobia contra imigrantes no Brasil o curta apresenta algumas narrativas sobre a prática, propondo um discurso sensível e inclusivo.

  • Introdução aos estudos oníricos, de Amanda Pontes (Ceará, 2020), 3'

Um vírus assola a Terra em 2020.

  • Miopia, de Raíssa Castor (Paraná, 2020), 3'

Miopia atravessa os sentimentos, entrelaçando desabafo e euforia. Em forma de vídeo poema, as imagens, muitas metafóricas, brincam com a fala lúdica e sonhadora da poeta. Um video que propõe uma catarse no sentido mais cru e visceral da palavra.

  • O silêncio lá de baixo, de Pamella Araújo (Santa Catarina, 2019), 2'

Demi nada pela tela deixando rastros de azul e nanquim de formas inesperadas.

Pequenas considerações sobre o espaço-tempo. Reprodução
  • Pequenas considerações sobre o espaço-tempo, de Michelline Helena (Ceará, 2020), 3'

O futuro não existe até virar presente. Mas quem são essas pessoas que habitam esse tempo? Em conversas com a minha mãe, viajo até elas para redescobrir quem sou ou poderia ter sido.

  • Picolé, de Jan Vrhovnik (Minas Gerais, 2020), 3'

Em sua busca por um picolé azul, um garoto de olhos brilhantes se aventura de bicicleta pelas ruas estreitas do Aglomerado da Serra em Belo Horizonte (MG), alimentado por um sonho que sua situação permite.

Mostra YouTube

A cada dia, um conjunto de filmes será liberado no canal do YouTube da Fale de Cinema em sessões organizadas pelos nossos curadores. Às 20h, um debate ao vivo com os realizadores e as realizadoras do dia será realizado no mesmo canal.

Sábado (12/9)

Mãtãnãg, A Encantada. Reprodução
  • Filadelphia, de Dani Drumond (São Paulo, 2018), 7'

“Homem aqui aguenta duas semanas. Quando inteira um mês, já vai embora”.

Num barracão de madeira situado na zona leste de São Paulo, 16 mulheres triam material reciclável na Cooperativa Filadelphia. Um assunto inevitavelmente vem à tona: por que os homens desistem tão cedo de trabalhar na cooperativa?

  • Mãtãnãg, A Encantada, de Shawara Maxakali e Charles Bicalho (Minas Gerais, 2019), 13'

A índia Mãtãnãg segue o espírito de seu marido, morto picado por uma cobra, até a aldeia dos mortos. Juntos eles superam os obstáculos que separam o mundo terreno do mundo espiritual. Uma vez na terra dos espíritos, as coisas são diferentes: outros modos regem o sobrenatural. Mas Mãtãnãg não está morta e sua alma deve retornar ao convívio dos vivos. De volta à sua aldeia, reunida a seus parentes, novas vicissitudes durante um ritual proporcionarão a oportunidade para que mais uma vez vivos e mortos se reencontrem. Falado em língua Maxakali e legendado, Mãtãnãg se baseia em uma história tradicional do povo Maxakali. As ilustrações para o filme foram realizadas em oficina na Aldeia Verde, no município de Ladainha, em Minas Gerais.

  • Rio das Almas e Negras Memórias, de Taize Inácia e Thaynara Rezende (Goiás, 2019), 20'

Baseado em fatos reais, o filme denuncia memórias veladas de sofrimento dos negros escravizados às margens do Rio das Almas em Pirenópolis-GO. Com a exploração do garimpo de ouro, a família Frota enriquece às custas de sonegação de impostos e sacrifícios humanos.

  • Auto Falo, de Caio Dornelas (Pernambuco, 2019), 21'

Todas as manhãs Nivaldo lava o seu carro, fecha os olhos e goza.

Domingo (13/9)

Ditadura Roxa. Reprodução
  • Terceiro Andar, de Deuilton B. Júnior (Pernambuco, 2019), 9'

Atrasada para uma entrevista de emprego, Fernanda (Clau Barros) esquece seu currículo no apartamento e volta para buscá-lo. Ao subir as escadas, coisas estranhas acontecem no terceiro andar do prédio.

  • Trincheira, de Paulo Silver (Alagoas, 2019), 15'

Num aterro de lixo, um garoto observa o imponente muro de um condomínio de luxo. Gabriel usa de sua imaginação para construir seu mundo fantástico.

  • O Sorriso de Felícia, de Klaus Hastenreiter (Bahia, 2018), 17'

Felícia está numa festa onde ser diferente trará punições inesperadas. Para fugir de sua situação, ela tem como arma a resistência.

  • Ditadura Roxa, de Matheus Moura (Minas Gerais, 2020), 23'

Yeda, mulher verde, vende pães e biscoitos caseiros para sustentar a casa onde vive com seu marido doente. Por meio do contexto das pessoas verdes, conhecemos a realidade de quem vive à margem de uma sociedade roxa, que naturalmente segrega as pessoas de rosto verde. Uma oportunidade faz com que Yeda repense sua identidade e seus valores.

  • O Homem das Gavetas, de Duda Rodrigues (Pernambuco e São Paulo, 2019), 9'

Homem feito de gavetas vive tranquilamente no campo. Certo dia, uma das suas gavetas abre e ele começa uma busca para tentar preencher o vazio da sua existência. Uma animação baseada nas ideais surrealistas de Salvador Dali, em que o cenário surrealista combina com os pecados capitais. O curta-metragem tem aproximadamente 10 minutos e utiliza a técnica de animação stop motion.

Segunda (14/9)

Pequenos Pedaços. Reprodução
  • Pequenos Pedaços, de Luan Monteiro de Lima (Rio de Janeiro, 2019), 17'

Isa tenta o vestibular pela segunda vez, a crise econômica atinge sua família e seu corpo não responde como deveria.

  • Carne, de Gabriel Oliveira, Hillary Freitas e Luisa Fernandes (Rio de Janeiro, 2019), 12'

Renata uma jovem universitária carioca se depara com seu próprio passado ao elaborar um trabalho acadêmico que evoca uma dolorosa memória

  • Marco, de Sara Benvenuto (Ceará, 2019), 20'

Isadora decide retornar a sua cidade natal após saber da grave doença de seu pai. Ao chegar lá, ela revive sua tensa relação com a mãe em meio as reminiscências familiares mais dolorosas.

  • Onze Minutos, de Hilda Lopes Pontes (Bahia, 2018), 17'

No Brasil, a cada 11 minutos uma mulher é violentada. Elisa precisa ir ao aeroporto. É noite e, no caminho, obstáculos vividos por quem é mulher.

Terça (15/9)

Alcateia. Reprodução
  • Pátria, de Lívia Costa e Sunny Maia (Ceará, 2020), 7'

Em uma fita VHS são narrados pensamentos sobre Pátria, nacionalismo e poder.

  • Um Café e Quatro Segundos, de Cristiano Requião (Rio de Janeiro, 2020), 15'

Dois torturadores se encontram para tomar um café depois de mais de trinta anos sem se verem, para acertarem contas daquela época.

  • O Balido Interno, de Eder Deó (Pernambuco, 2020), 15'

O Balido Interno conta a história de Joana, uma feirante vendedora de ervas que tem um bode como bicho de estimação. O animal é pivô da tensão entre ela e seu vizinho de barraca, um homem muito religioso.

  • Alcateia, de Carolina Castilho (São Paulo, 2020) 17'

Mulheres que correm com as outras.

Quarta (16/9)

Macao. Reprodução
  • Reduto, de Michel Santos (Bahia, 2020), 13'

Um filme sobre imagens e imaginários

  • Sementes, de Marcelo Engster (Rio Grande do Sul, 2015), 12'

No interior do Rio Grande do Sul, um grupo de pequenos agricultores se reúne. Em um dia de mutirão, trabalham na propriedade onde produzem coletivamente, trocam sementes e preparam um almoço com o que eles mesmos plantaram. São guardiões de sementes crioulas, agricultores familiares que produzem e preservam os grãos naturais e tradicionais, selecionados e melhorados durante centenas de anos pelos camponeses, que quase desapareceram com a Revolução Verde. Em um banco de sementes, resgatam e protegem as mais diversas variedades de grãos, difundindo-as através de trocas.

  • Nakua pewerewerekae jawabelia / Hasta el fin del mundo / Até o fim do mundo, de Margarita Rodriguez Weweli-Lukana & Juma Gitirana Tapuya (Colômbia/Brasil, Vichada/PE/RJ, 2019), 16'

Vídeo experimental, realizado inteiramente com câmera de celular, parte do projeto UNID@S CONTRA A COLONIZAÇÃO: MUITOS OLHOS, UM SÓ CORAÇÃO, que mescla as linguagens do documentário e fantasia, além de três idiomas: sikuani, espanhol e português. Realizado a partir do encontro de diferenças entre a cabilda gobernadora do resguardo Indígena Sikuani El Merey-La Veradicta Margarita Rodriguez Weweli-Lukana e a alieníndia Juma Gitirana Tapuya Marruá, oriundas das regiões que passaram, depois da Conquista, a se chamar, respectivamente, Colômbia e Brasil. Este vídeo foi uma tentativa ritual de sanação das dores coloniais, dessas feridas abertas que nos doem a todos, human@s e não-human@s, naturezas de Abya Yala.

  • Macao, de Otávio Almeida (San Antonio de los Baños, Artemisa, Cuba, 2019), 14'

Em Macao, uma cidade vive em um tempo suspenso. Através do retrato desse espaço, o documentário nos leva pelas paisagens de uma sociedade que se mantém no limbo.

Quinta (17/9)

Aqueles Dois. Reprodução
  • Reação do Gueto, de Weslley Oliveira (Piauí, 2017, 26'

O documentário retrata o contexto dos jovens do grupo de rap Reação do Gueto no bairro Santa Maria da Codipi, periferia de Teresina. O grupo busca a conscientização dos moradores da região através da música, arte e da cultura urbana, a partir da evidência das desigualdades perpetuadas por um modelo de Estado que não consegue assegurar condições mínimas de inclusão e infraestrutura, e por uma mídia que persiste em construir uma noção de realidade superficial do cotidiano das pessoas do bairro.

  • Osé — Memórias de um Machado, de George Diniz (Bahia, 2019), 21'

O documentário narra a história de Ivan Machado e sua iniciativa pessoal de criar um projeto dentro do espaço de mata, na Universidade Federal da Bahia (UFBA) chamado, Mata Inteira, que alia práticas musicais, preservação da natureza e manifestações da cultura popular. Ivan tinha uma relação pessoal com o lugar, por ter sido onde nasceu e cresceu. Seus antepassados moravam nas terras da antiga fazenda Areia Preta, que depois tornou-se área da UFBA. Ivan faleceu em 01 de Abril de 2012, mas deixou como memória uma iniciativa cultural que permanece.

  • Aqueles Dois, de Émerson Maranhão (Ceará, 2018), 15'

Dois homens. Duas histórias que se cruzam. Duas vidas unidas por uma condição que define suas existências. Duas jornadas em busca de amor e de se reconhecer no espelho.

  • Haus, de Lucas Paixão (Pará, 2019), 17'

Em Belém do Pará, duas drags transformam sua casa em um espaço de resistência, afetividade e produção criativa para artistas marginalizados. Debatendo política, arte e vivência LGBT, a dupla se prepara para seu primeiro evento aberto nas ruas da capital paraense após as conturbadas eleições de 2018.

Sexta (18/9)

Sessão de encerramento:

Mecânica da Sombra. Reprodução
  • Mecânica da Sombra, de Gabriel Mendes da Costa (São Paulo, 2018), 15'

Após uma mudança na busca pelo novo, Moacir (Alberto Pereira Jr.) encontra uma realidade de não pertencimento e dificuldade de adaptação. Durante as lutas internas, o filho da dor começa a questionar algumas questões envolvendo a relação com a família, raízes e o espaço em que vive.

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Gabriel Araújo
Fale de Cinema

Abaeté na capoeira. Jornalista. Sonhador que encontra nos frames dos filmes motivo para divagação.