X-Men: Fênix Negra

Pra deixar o passado lá atrás, definitivamente

João Pedro Viegas
Fale de Cinema
5 min readJun 5, 2019

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No próximo dia 6, entra em cartaz o último filme da nova franquia de X-Men. Fênix Negra encerra o que foi começado em 2011 com X-Men: Primeira Classe, que, diferente da produção dos anos 2000, mostra o início da história do grupo de mutantes liderados por Charles Xavier.

Se a trilogia dos anos 2000 terminou de forma tenebrosa com X-Men 3: O Confronto Final, esse reboot com certeza se sai melhor na abordagem focada em Jean Grey. A comparação é inevitável, afinal, estamos falando de um enredo quase igual. Mas que fique claro: vamos esquecer, apagar, eliminar e fingir que X-Men 3 nunca existiu. Na trama deste ano, a jovem telepata tem problemas para controlar seus poderes, após um incidente em uma missão dos X-Men.

Enredo e desenvolvimento

Em um cenário dos anos 90, os X-Men atingem o auge do status e da “boa vizinhança” com o restante do mundo. Após os eventos de Apocalipse (2016), o grupo de Xavier é visto como herói, servindo de inspiração para os humanos e sendo objeto de admiração para crianças da sociedade. Almejando manter esse status, o professor passa a aceitar missões cada vez mais perigosas, sendo questionado inclusive pela própria equipe. Quando um grupo de astronautas precisa de ajuda, os X-Men são enviados, e, para resgatarem todos os cientistas, Jean acaba sendo exposta à uma grande nuvem de energia cósmica, que afeta seus poderes.

Se em 2006 o surgimento da Fênix é completamente aleatório e inexplicado, já que Jean teria morrido afogada em X-Men 2, na produção que chega aos cinemas isso é bem resolvido. Conseguimos entender bem o que está acontecendo com a telepata, principalmente após a explicação do que efetivamente é a energia que vive dentro de Jean. O roteiro desenvolve bem (se considerarmos as 1h40 de filme) essa tormenta da personagem, bem como os conflitos gerados com outros mutantes, enquanto todos precisam se preocupar com um inimigo que está atrás dos poderes de Jean para dominar o universo.

Atores e personagens

Sophie Turner se porta bem como Jean Grey/Fênix. Quando no papel da “vilã”, as expressões faciais são muito boas. No papel de Jean, as emoções ficam um pouco engessadas, mas nada que atrapalhe no conjunto da obra. James McAvoy dispensa comentários. Encarnando integralmente o professor com sua brilhante careca, o britânico capricha no jogo de rosto e corpo.

Uma coisa que incomoda (muito), principalmente para quem acompanha essa série de 2011, é que o longa praticamente esquece da existência do Mercúrio, vivido brilhantemente por Evan Peters. Sendo um dos personagens mais marcantes dessa nova franquia, sucesso na reação do público em quase todas que aparece, ele é completamente ignorado em quase toda a produção. Bola fora. Porém, podemos ver muito mais da nova Ororo Munroe, a Tempestade, interpretada por Alexandra Shipp. Eu, particularmente, gostei da adaptação da personagem, que foi apresentada ao público em Apocalipse.

Quanto ao resto da trupe, ficamos no mais do mesmo. Temos Magneto (Michael Fassbender) e sua “incrível” facilidade de mudar de ideia frente as situações, mas apenas um relance da Irmandade e seus integrantes. Hank (Nicholas Hoult) e Scott (Tye Sheridan)…. bom, são os mesmos Hank e Scott. Kurt/Noturno (Kodi Smit-McPhee) é quem também merece um destaque, já que mostra uma evolução e um significativo ganho de confiança para proteger sua família. Por falar em proteção da família, quem bate no peito por esse ideal é Mística (Jennifer Lawrence), mostrando que a personagem também deixou de lado (mas com resquícios) aquele individualismo característico. O que deu uma avacalhada foi a caracterização, com a cor do cabelo extremamente estranha aos olhos. Parece que o fornecedor da peruca mudou e não conseguiu acertar no tom ruivo da mutante…

Quanto à Jessica Chastain, que se orgulhou por fazer um papel de destaque em um filme de super-heróis, teve uma atuação… mediana como a principal vilã do filme, uma espécie de Alien que não é muito bem desenvolvida. Achei até um pouco sem sal, para ser sincero.

Um detalhe interessante é que este é o primeiro filme sem nenhuma referência à Logan, ou Wolverine, como preferirem. Desde que Hugh Jackman se aposentou do papel, o estúdio não se preocupou em achar um substituto para o personagem. Mas isso foi bem resolvido em Apocalipse, quando o mutante com as garras de ferro desaparece na selva. Na teoria, pelo ano em que X-Men: Fênix Negra acontece, Wolverine não faz parte do grupo do professor. Se bem lembram, para essa franquia, Logan morreu afogado após os eventos de Dias de Um Futuro Esquecido (2014) — que é facilmente o melhor filme da franquia, diga-se de passagem — sendo capturado pelo Major Stryker (ou Mística? Fica aí o questionamento…). De qualquer forma, Wolverine — que sempre roubou a cena nos filmes (inclusive tem destaque enorme em X-Men 3) — não faz falta nenhuma na nova produção. Bola dentro.

Veredito

Pra quem acompanha a saga de mutantes, que foi rebootada com ‘Primeira Classe’, em 2011, X-Men: Fênix Negra até é uma boa pedida, mas fica um gostinho amargo, de algo que poderia ter sido melhor desenvolvido, principalmente na questão dos personagens. Em termos de efeitos 3D e som, o filme não desliza, entregando bons impactos e efeitos visuais. Apesar de ser perceptível que o estúdio não era muito grande, já que as cenas externas entregam essa limitação, o estúdio conseguiu se virar bem. A trilha sonora é mais marcante na primeira meia hora de filme, e vai se tornando genérica até a batalha final. Por isso, um ponto negativo.

Avaliação geral: 7/10

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João Pedro Viegas
Fale de Cinema

Jornalista em formação pela Universidade Federal de Minas Gerais. Escreve sobre entretenimento, cultura e esportes.