Crítica: Um Belo Verão

Sarah Almeida
Fanchas Filmes
Published in
3 min readAug 30, 2018

La Belle Saison, ou Summertime, traduzindo para o inglês, é um filme de temática lésbica e conta a história de amor entre duas jovens francesas. Esse filme é franco-belga e estreou em 2015. Ele foi escrito por Catherine Corsini e Laurette Polmanss e foi dirigido pela própria Catherine.

O primeiro ponto que a gente destaca sobre esse filme é seus bastidores. Ele contou com uma equipe toda de mulheres e a Catherine pôde fazer uma parceria com a produtora Elisabeth Perez, que é sua companheira (iti ❤). Sem dúvidas o fato de estarem na cena LGBTQ fez toda a diferença para a história.

Um Belo Verão é ambientado nos anos 70 e isso foi uma homenagem da autora e diretora às feministas daquela época. Catherine Corsini em entrevista afirmou que “as lésbicas fizeram muito em prol da emancipação de todas as mulheres” e por isso merecem essa visibilidade no filme.

Outro fato legal é o nome das personagens principais terem sido em homenagem a duas mulheres que tiveram um papel muito importante na trajetória/luta feminista e LGBT: Carole Roussopoulos — primeira cinegrafista a filmar as lutas das mulheres e a primeira marcha homossexual. Carole era muito próxima de Delphine Seyrig, elas dirigiram juntas filmes militantes da época e isso motivou as autoras a chamarem as personagens principais de Carole e Delphine.

Esse filme mescla aspectos modernos para a época com coisas ultrapassadas e a gente percebe que houve um cuidado com as roupas e os cenários. A história começa com cenas abertas lindíssimas e isso se repete outras vezes, o que faz com que fiquemos maravilhadas, porque a fotografia é muito muito bonita!

Delphine na entrada da Universidade em Paris.

Uma das coisas que eu mais gostei e me identifiquei foi a personalidade da Delphine. Ela é super engajada politicamente com as coisas, mas bem retraída no âmbito privado. É muito bacana conseguir se identificar e se ver representada por uma personagem, o que, no mundo da dramaturgia sapatônica, é algo bem raro; geralmente as personagens são carregadas de estereótipos, estigmas e quase sempre reproduzem comportamentos machistas, sexistas ou só são feitas sob a ótica que os homens têm de nós.

Em La Belle Saison as protagonistas se relacionam de uma forma muito natural. O filme tem alguns momentos de humor bem sapatão e se aproxima muito da vida da maioria de nós, ao mostrar a relação da Delphine com a sua família. Nesse filme você também vai ver o momento de despertar da sexualidade de uma das personagens, momentos de paixão e cenas que vão te dar vontade de mergulhar na tela!!!

Carole e Delphine.

Ei, a gente espera que você tenha gostado e se interessado pela história! Esse filme foi um grande achado e vale muito a pena!

Como somos muito falantes, temos mais algumas coisinhas para comentar, porém é um tiquinho de spoiler, então se você não curte, um grande abraço e obrigada por ler até aqui! ❤

Durante o filme a gente percebe que a vitalidade daquele período histórico foi muito bem captada. Tem-se uma alusão a momentos e ações muito incríveis das feministas da época, como quando elas cantam “Hino do MLF — Mouvement de Libération des Femmes em uma cena de reunião política no anfiteatro da Sorbonne.

Outra coisa que nos chamou muita atenção foi a cena que traz uma mistura da ação da FHAR (Frente Homossexual de Ação Revolucionária) — que libertou um jovem que se encontrava internado em um hospital psiquiátrico na Itália — com as ações feministas.

Essa parte do filme é muito legal porque mostra como uma Delphine era engajada com a luta de outras pessoas. Mas chega de spoliers por hoje, né?! Espero que você tenha gostado e que esteja indo agorinha procurar o trailer (que é mara) e assista o filme!

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