O impacto da tecnologia no mundo Fashion

Éber Gustavo
Fashion Weeks Digital
6 min readNov 8, 2020

Nos últimos anos, as empresas de tecnologia ganharam destaque no mundo Fashion. Empresas como a IBM, Intel e HP viram suas tecnologias serem utilizadas por vários estilistas na criação de roupas que interagem conosco, serem humanos.

As roupas agora analisam nossos sentimentos para projetar imagens, mudarem de cor ou forma para expressar fisicamente nossas emoções. Além, claro, de materializar produtos que vimos nas telas dos cinemas como é o caso do HyperAdapt que a Nike fez inspirado no filme “De volta para o futuro”.

O investimento em tecnologia não é à toa. Segundo a Statista, uma empresa de pesquisa de mercado, a projeção da indústria na moda no Brasil é a seguinte:

  • Receita no segmento de moda é projetada para atingir US$ 4.514 milhões em 2020.
  • Receita deve mostrar uma taxa de crescimento anual (CAGR 2020–2024) de 11,0%, resultando em um volume de mercado projetado de US$ 6.843 milhões até 2024.
  • O maior segmento do mercado é Vestuário, com um volume de mercado projetado de US$ 2.326 milhões em 2020.

O mercado Fashion é muito promissor e as marcas usam a tecnologia de várias maneiras: na criação de novas coleções e facilitar que os consumidores adquiram produtos adequados ao seu biótipo.

Abaixo lista alguns exemplos de como a tecnologia tem impactado o mundo Fashion e acompanha a mudança de comportamento dos consumidores.

Inteligência Artificial

O uso da Inteligência Artificial tem sido intenso no mundo Fashion nos últimos anos. Em 2016, a IBM e a Marchesa criaram em parceria o “vestido cognitivo”. O vestido foi conectado ao Twitter para analisar o sentimento dos comentários dos usuários e transformá-los em cores que são refletidas no vestido.

IBM Marchesa Cognitive Dress

Em 2017 o designer Hussein Chalayan em colaboração com a Intel apresentou óculos que capturam em tempo real, reações fisiológicas de seu usuário para analisar o nível de estresse e projetar imagens em uma parede. As imagens são projetadas através de um cinto que contém um miniprojetor. O uso da inteligência artificial para analisar sentimentos é novo no mundo da moda, mas os algoritmos da inteligência artificial são vastamente usados para recomendar produtos, analisar o impacto das imagens nos consumidores e ajudar na projeção de realidades aumentadas.

Vídeos Tridimensionais

No final de 2016 o Snapchat apresentou ao mundo o Spectables. O Spectables são óculos inteligentes que captam imagens e vídeos tridimensionalmente através de duas câmeras. As imagens e vídeos capturados criam uma sensação de profundidade semelhante ao olho humano.

O que é Spectacles 3?

Os acessórios agora têm nova função que não é somente estético, mas de imersão interativa através do compartilhamento digital. O Snapchat permite que seus usuários compartilhem a visão do mundo através de imagens e vídeos em 3D, enquanto o designer Hussein Chalayan analisa o nível de estresse para projetar imagens na parede.

Agora os acessórios contêm um componente importante na maneira como nós poderemos nos expressar.

Vídeos Interativos e Inteligentes

Usado por várias marcas famosas como Nike, Honda, Toyota, Deloitte e Under Armour, por exemplo, o vídeo interativo tem o poder de capturar a atenção dos consumidores através da interação direta. Ele permite que os consumidores direcionem a história contada no vídeo para um final desejado baseado nas escolhas feitas.

Mas a escolha do final desejado não é a única opção de interação. Também é possível adquirir itens disponíveis no vídeo através de um clique você vê algo que gosta, clica e compra na hora.

Para quem tiver interesse em ver esta opção em funcionamento, ela estará disponível no evento Fashion Weeks International Digital. Os consumidores poderão assistir ao evento e comprar os produtos que gostarem.

Realidade Aumentada

Outro uso da inteligência artificial, mas com outro objetivo: facilitar a tomada de decisão ao experimentar o produto ou testá-lo virtualmente.

Experimentar móveis virtualmente não é o único uso desta categoria tecnologia. A Natura, L’Oreal e Sephora, por exemplo, disponibilizam aplicativos e dispositivos que permitem às suas consumidoras experimentarem maquiagens antes de aplicá-las na pele.

Desta maneira, as consumidoras conseguem decidir por um ou outro produto que seja melhor para sua pele sem a necessidade de visitar um showroom. Além de analisar qual produto é melhor, existe a opção de compra on-line. Todo o processo facilitado e disponível 24h por dia.

Impressora de Maquiagem

Já imaginou imprimir a maquiagem diretamente em seu rosto? Pois saiba que isso é possível. A P&G apresentou no evento CES de 2019 um dispositivo chamado Opté que faz a varredura da pele e aplica pequenas quantidades de maquiagem para esconder manchas de idade, por exemplo.

A Seymourpowell um dispositivo conceitual chamado Élever. Élever é um espelho de mão inteligente conectado à Internet capaz de reproduzir maquiagens que encontra em plataformas de redes sociais e imprime a maquiagem no usuário.

Análise de Sentimentos

Paul Ekman é o psicólogo de 80 anos que foi pioneiro no estudo de expressões faciais na década de 1970, criando um catálogo de mais de 5.000 movimentos musculares para mostrar como as rugas mais sutis do nariz ou a sobrancelha revelam emoções ocultas.

É através dos estudos de Paul Ekman, e vários outros estudiosos ao redor do mundo, que os profissionais de marketing e do mundo da moda podem analisar seus consumidores. O processo de análise pode ser online, via um aplicativo ou dispositivo. A análise facial hoje é utilizada juntamente com realidade aumentada para criação de maquiagem e ajudar nas correções de falhas na pele.

Mas o reconhecimento facial pode ser usado para mapear o sentimento dos consumidores em tempo real. É possível analisar a expressão facial de uma pessoa durante a visita a uma loja, ao experimentar uma roupa e identificar se seu produto foi disponibilizado de maneira a chamar a atenção das pessoas.

Automatização

O processo de automatização na indústria da moda é o que permite às marcas conseguirem oferecer produtos com preços mais acessíveis e inovar em opções tecnológicas. A interação com redes sociais, captura de sentimentos dos consumidores, reconhecimento facial, fisiológica e adaptação do processo produtivo para atender às preferências de cada consumidor com comportamentos imediatistas são os catalisadores do processo de automatização.

O processo inclui corte, costura, bordados, tingimentos e outros processos feitos por robôs. Mas não para por aí. Agora a inteligência artificial também cria suas próprias peças. É o caso da The Little Black Dress que a inteligência artificial criou um vestido após analisar milhares de outras peças.

Direct to Consumer (D2C)

Várias marcas já oferecem seus produtos diretamente aos seus consumidores através de suas lojas on-line. A venda direta ao consumidor (conceitualmente chamada de Direct to Consumer, ou D2C, em inglês), está diretamente associada ao desejo de aumentar a fidelização dos consumidores, conhecer suas preferências e tentar o futuro das próximas compras através de recomendações.

Antigamente, as marcas tinham dificuldade de interagir com seus consumidores e o canal era o varejista. O desenvolvimento do meio digital facilitou a interação das marcas com seus consumidores e o acesso aos seus comportamentos de consumo.

As plataformas de e-Commerce possibilitam que grandes marcas atendam seus consumidores em outro nível de serviço e com produtos personalizados, conforme as demandas são identificadas.

Os marketplaces oferecem uma rápida conexão com consumidores sem que o produto seja fabricado e disponibilizado na loja física, ou seja, é possível receber os pedidos on-line para ajustar o processo produtivo conforme a demanda e evitar desperdício na produção (afinal, você sabe quanto precisa produzir e para onde deve enviar a mercadoria).

Várias marcas trabalham de maneira mista, ou seja, com venda direta ao consumidor, marketplace e via varejista. No entanto, a facilidade de contratar tecnologia de ponta (que inclui inteligência artificial), contribui para que o modelo de venda direta ao consumidor seja a opção favorita para o futuro da indústria da moda.

Porém, o maior ativo da venda direta ao consumidor é o conhecimento sobre quem são seus consumidores (informações demográficas como nome, sexo, cidade, etc.), seus interesses e histórico de compra. Com estas informações e o uso de inteligência artificial é possível prever o futuro das próximas coleções e quem são os prováveis compradores dos novos produtos.

Interação em Real-Time

Para finalizar, o mundo fashion está sendo totalmente reestruturado após o período de pandemia do COVID-19. O distanciamento social impulsionou o consumo digital e forçou o desenvolvimento de novas interações.

O melhor exemplo é o evento Fashion Weeks International Digital. Um evento com alcance global, direto do Brasil, realizado e transmitido pela Fashion Weeks TV e nas principais Redes Sociais, simultaneamente, onde as marcas nacionais e internacionais poderão apresentar e vender suas coleções, através de vídeos interativos, e os fashionistas ou “tvnautas”, poderão comprar (com mais de 130 opções de moeda), os produtos on-line, em qualquer lugar do mundo.

Como você pode perceber, o mundo fashion é super tecnológico e geek!

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Éber Gustavo
Fashion Weeks Digital

Ajudo empresas na América Latina a desenvolverem estratégias e comunicações hiper-personalizadas com seus clientes.