Ainda Somos os Mesmos?
Essa pergunta é tão profunda que sequer sei começar
Li um pouco, respirei, e parei muito pra pensar
Pra saber se eu mudei tenho que saber primeiro
Olhar pra mim de outro jeito… mais que só o costumeiro
.
Saber se sou diferente
Olho pra trás e pra frente
De onde vim, pra onde vou?
Será que esse é meu lugar?
.
Metamorfose constante
somos todos um instante
De um processo longo: Vida
Pauso aqui pra observar
.
Pra saber quem eu sou hoje
Tenho que ver de onde vim
Vejo a historia de um ponto
Conto um conto, “sou assim”
.
Como civilização
Tenho um mito que me funda
Uma história que repito
E pra sempre me circunda
.
Uma crença limitante,
Pare pra observar
Prego sempre vê onde olha
Quem só martelo portar
.
Essa forma de olhar
Que minha dor faz despertar
De partida é o ponto
Que começo a analisar
.
É o vazio que me provoca
O contato com essa história
Sinto a falta que me fez
E a vejo em minha trajetória
.
Nesse tempo tão recluso
Meu sapato tão sem uso
Já não sabe pra onde levam
Os meus pés a caminhar
.
No silencio que me resta
Vejo o mundo por uma fresta
Duma janela ansiosa
Vejo pelo celular
.
E aqui nesse vazio
Ouço o vento, assobio
Outras vozes todas calam
E me resto, só, a pensar
.
Sem estímulo do mundo
Eu me sinto meio mudo
Minha voz existe mesmo
Sem ninguem pra escutar?
.
O que penso e o que falo
E o que jogo pelo ralo
Personagem não preciso
Sem platéia pra me olhar
.
Fico Inquieto no silencio
Que eu tento preencher
Com um filme uma música
Não me ouvir e nem me ver
.
Pandemia fez parar
Mundo rápido girava
Vida louca tão sem tempo
Toda tão cheia de nada
.
No que para a roda mundo
Fica um vácuo tão profundo
Preso nas paredes: casa
Não sei de que me ocupar
.
Já vi tudo na minha lista
Já segui receita a risca
Mas não tem nada que faça
O relógio acelerar
.
Quero logo o tempo passe
Pra voltar pro que conheço
Que acabe a pandemia e
Seja como no começo
.
Mas se a vida é movimento
E pra frente anda o tempo
Porque é que cargas dágua
Que a gente quer voltar
.
Pra como tudo era antes
Pra eu ser quem sempre fui
Medo de deixar mudar?
E ver pronde a vida flui?
.
Vai que flui você também
Nesse rio que leva além
Vida não escuta os planos
Controle não tem ninguém
.
Temos medo de mudar
Deixar que as coisas sejam
Deixar que o tempo corra
E que novas coisas surjam
.
Te sugiro nao ter medo
Da mudança encontrar
Novo sempre encontra um jeito
O meu medo é não mudar
.
Imagina se pra sempre
Tudo for só meio morno
Se perder o que é incrível
Pelo medo do transtorno?
.
Sim eu sei que é dificil
Há dias que a gente cansa
De ser forte, resolver
Só queremos ser criança
.
Nesse dia, cê respira
Não precisa resolver
Não exija que cê seja
Mais do que cê puder ser
.
Mas não pare ali pra sempre
Por maior o ostáculo
Sempre tem um jeito ou outro
De passar ou contorná-lo
.
Perguntava belchior
Cantado na voz de elis
Se depois dessa tristeza
Vou tornar a ser feliz
.
Nao há tempo de tristeza
Que feliz nao se renasça
Do difícil é que é certeza
Que a gente sai com graça
.
Pois de tudo que te dói
Tanto novo se constrói
Já não olha mais do jeito
Que olhava nosso herói
.
Essa longa e linda história
Não só é feita de vitória
É nos dias mais difíceis
Que o herói encontra glória
.
E a vitória é aprender
Pois que doa o que doer
Sempre um pouco diferente
Vou sair e saber fazer
.
E desculpa a insistência em mandar você pensar
Da mudança a consciência é o primeiro passo a dar
Te sugiro persistência em fazer e analisar
Que amanhã o erro de hoje não vai precisar errar
.
Aproveita então o silêncio
Olha fundo pra você
Tenta ver o que te faz
Se deitar e amanhecer
.
Sente onde teu desejo
Tá tentando te levar
E vê como nesse rio
Você pode navegar
.
Seja justo e honesto
Com o que brota em você
Seus desejos e vontades
Tente hoje perceber
.
Falo hoje que amanhã
Tudo sim pode mudar
E você ainda é o mesmo
De antes disso começar?