Comunicação — Você está fazendo isso certo?

Matheus Bessa
fcamara-hpt
Published in
6 min readMar 29, 2017

A comunicação é um dos fenômenos mais importantes e presentes no nosso cotidiano, principalmente no mundo corporativo. Através dela presenciamos grandes acordos, negociações, alianças, assim como desavenças, conflitos e guerras.

Por ser algo tão relevante no nosso dia a dia, a comunicação tem grande poder na construção ou destruição em nossas relações, mesmo assim, muita gente não dá a atenção necessária ao tema.

Mas, qual o significado de comunicação?

A forma mais prática e clara para compreendermos o significado e objetivo da comunicação é entender sua origem etimológica.

COMUNICAÇÃO — do Latim communicatio, “ato de repartir, de distribuir”, literalmente “tornar comum”, de communis, “público, geral, compartido por vários”. É parente de “comunhão”.

A partir desse ponto de vista entendemos que comunicar é nada mais do que compartilhar ideias, ou simplesmente alinhar expectativas entre os envolvidos em uma relação. A comunicação perfeita é aquela onde não há divergência de expectativa entre as partes envolvidas.

Sabemos que nem sempre isso acontece, pois uma boa comunicação não depende somente de uma fala clara e objetiva, mas também de nos atentarmos ao alinhamento das expectativas entre as partes envolvidas em uma relação.

Esses desalinhamentos geralmente surgem devido a fatores como conflitos de interesses, pré-conceitos estabelecidos por uma imagem ou até um linguajar técnico diferente do já utilizado ao abordar certo assunto.

Enfim, todo e qualquer desalinhamento de expectativas em uma relação denigre o objetivo da comunicação, pois corrompe o objetivo de estabelecermos uma mensagem trazendo possíveis conflitos dentro de um cenário. Isso é altamente prejudicial e deve ser tratado com cautela para que não surjam novos conflitos.

Desalinhamentos de Expectativa — Os comuns “ruídos comunicativos”

Todos nós já passamos ou iremos passar por situações desagradáveis causadas por uma comunicação falha, e muitas vezes isso não é causado propositalmente pelos envolvidos. Isso pode acontecer inconscientemente por ruídos entre as partes de uma comunicação.

Mas o que seria um ruído na comunicação?

Ruído é todo e qualquer elemento que interfere diretamente na compreensão de uma mensagem, comprometendo parcialmente ou totalmente sua integridade.
Um ruído pode se instalar de diversas formas durante uma comunicação, sejam eles:

  • Sonoros : um ambiente com muita distração auditiva pode comprometer a integridade da mensagem a ser passada.
  • Fisiológicos : toda anormalidade na saúde de uma pessoa vai comprometer a integridade da mensagem, consequentemente, da comunicação. Sejam dores de cabeça, febre, sono e etc. Temos que ter noção de nossa saúde, e entender que uma simples dor de cabeça pode limitar nossa compreensão sobre um assunto importante em uma reunião por exemplo.
  • Linguagem : interpretar o linguajar do seu parceiro em uma conversa é muito importante, para que haja a plena compreensão das partes durante a comunicação. Por exemplo, se há uma conversa descontraída, por que se comportar muito formalmente? Ou, se seu parceiro usa alguns termos de linguagem para abordar certas idéias, use também, ele se sentirá mais confortável durante sua conversa. Essa prática tem o objetivo de nivelar a comunicação entre as partes envolvidas.
  • Psicológico : o ruído psicológico pode se instalar por um pré-conceito sobre algum tema, seja na pré-disposição em questões como escutar algo que não lhe agrade, uma questão ética, moral, etc. Ou seja, todas essas pré-disposições que o ser humano toma, podem denegrir diretamente a integridade da mensagem do interlocutor. É interessante respeitar isso, e se demonstrar neutro diante da pré-disposição psicológica de seu parceiro, para que não haja rejeição e assim caminhem para uma comunicação nivelada.

Sendo assim, é importantíssimo exercitar a leitura dos envolvidos em uma comunicação, seja ela uma leitura corporal, compreensão da fala ou até analisar um possível hábito dos envolvidos. Isso permitirá a você ter uma noção geral sobre o cenário, dando ao interlocutor a possibilidade de se antecipar em qualquer situação.

A importância de uma leitura comunicativa

Um dos pioneiros do estudo da Linguagem Corporal, Albert Mehrabian, defende que a comunicação interpessoal é composta em 7% Verbal (somente palavras), 38% Vocal (tom de voz, ritmo, volume e etc) e 55% não-verbal (gestos, posturas e expressões em geral). Na minha visão é um dado exagerado, mas não diminui em nenhuma hipótese a importância dos atos não-verbais dentro das relações interpessoais. Tanto que o antropólogo Ray Birdwhistell, defende que a comunicação é constituída em 35% de atos verbais e 65% não-verbais.

É estranho dizer que nossa comunicação é de maior parte não-verbal, mas isso faz muito sentido se analisarmos nosso dia-a-dia. Por exemplo, a entonação de nossa voz é uma característica não-verbal, imagine conversar com uma pessoa que mantém o mesmo tom de voz durante toda a conversa. A mensagem fica chata e sem expressão, aquele tom contínuo pode te cansar e não captar sua atenção completa.

Imagine uma pessoa conversando contigo e em dado momento ela imediatamente abaixa a intensidade de sua voz a ponto de estar sussurrando. Essa entonação e intensidade geralmente querem dizer que se trata de um assunto delicado e confidencial, e como resposta ela pode estar a espera da sua confidencialidade.

Lembre-se que atos não-verbais são falas extremamente explícitas em uma comunicação. Atente-se ao o que seu parceiro diz, não só nas palavras mas em como ele as expressa.

Boa comunicação na prática — Um caso real

Pela FCamara, atuei em um projeto de larga escala nacional. Foram muitas horas de desenvolvimento, com curto prazo e alta qualidade de entrega. Um projeto crítico que trouxe certo desconforto próximo a sua entrega, pois no final do projeto houve uma carga de testes de segurança, tais testes seriam realizados nos últimos 15 dias para a entrega do projeto.

Apesar de nossa confiança sobre a segurança da aplicação, sabíamos que isso poderia impactar em nossa entrega. Pois a expectativa do time que realizaria tais testes, era gerar um relatório com o máximo de itens possíveis para assegurar que a aplicação estava segura. A partir dessa leitura, nos antecipamos realizando as supostas correções que esperávamos vir no relatório.

Como o previsto, o relatório chegou com os itens que esperávamos e alguns outros mais. Como já tínhamos atuado antecipadamente na prevenção destes itens conseguimos otimizar nossa performance e utilizamos o tempo hábil para atuar em outras frentes.

O resultado foi muito interessante, pois por mais que o time de segurança tenha nos encarado com incredulidade no inicio de nosso contato, fomos muito elogiados por ambas as partes do cliente após a entrega do projeto, principalmente pelo time de segurança. ;D

Conclusão

A comunicação não é um bicho de sete cabeças como muitos pensam, basta saber usa-la da melhor forma possível e tenho certeza que os resultados virão.

Alinhar as expectativas já é um grande começo para iniciar uma boa comunicação, para conduzi-la com inteligência leia atentamente os envolvidos. Com isso será muito mais fácil tomar as decisões necessárias para alcançar seus objetivos nessas relações.

Lembre-se: A utilização correta da comunicação vai deixar suas relações muito melhores e evolutivas.

Por fim, deixo uma frase de Sócrates no qual vejo total aplicação na comunicação do nosso dia a dia:

Quatro características deve ter um juiz: ouvir cortesmente, responder sabiamente, ponderar prudentemente e decidir imparcialmente — Sócrates

Abraços pessoal até a próxima.

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