A importância da renda de bilro na economia familiar de Pindoretama

Elisson Silva
Feed Universitario
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3 min readNov 27, 2019
( imagem da renda de bilro sobre ao almofada)

A renda de bilros é uma fonte econômica riquíssima para os moradores da cidade de Pindoretama.

A origem das rendas de bilros e desconhecida. Mas, os primeiros pontos das rendas de bilros começaram a serem tramadas provavelmente há cerca de 500 anos, ainda no final do século XIX. Aqui no Brasil o trabalho é feito sobre uma almofada, um pano grosso em forma de cilindro e cheio de palhas. A almofada fica sobre um cambito de maneira ajustável, de forma a ficar à altura do trabalho das rendeiras. A quantidade de bilros, independentemente da localidade, varia conforme o modelo da renda. Qualquer que seja esse número, somente quatro são usados ao mesmo tempo, sendo dois na mão direita e dois na esquerda, fazendo assim o cruzamento sucessivo de quatro fios. Em outros países usa-se até 600 bilros.

Aqui no Brasil, a forte influência ocorre na faixa do litoral brasileiro. Além do Brasil, outros países são feitos com Portugal e Bélgica são alguns desses países. Na cidade de Pindoretama a cultura desse artesanato é latente entre os moradores. As rendas de bilros, nas maiorias das famílias pindorentamenses é uma fonte econômica. Aqui na cidade essas rendeiras não têm apoio da prefeitura municipal, consequentemente não existe um centro de rendeiras como da cidade de Aquiraz. O centro foi inaugurado em 2017, pelo o governo do estado do Ceará, que tem o objetivo de alavancar a economia do local e mostrar a cultura das rendeiras.

Os artesanatos são vendidos para outros comerciantes do município, o preço mínimo de cada renda custa 7 reais, mas têm outros tipos de rendas que o preço é muito mais elevado. “Cada rendeira passa no mínimo 12 horas sentadas, “batendo bairros” com aquela paixão” afirma dona Edilene.

Francisca Célia dos Santos Silva,50, é uma dessas mulheres que têm a renda de bilros como uma fonte de renda extra. Dona Célia faz quase trinta peças por mês, “ faço renda desde de menina, sou de uma família de rendeiras, minha era rendeira, minha avó, tias e primas. Costumo fazer quase 30 peças de variados preços, isso daria no mínimo R$ 250. Hoje o ritmo de trabalho está um pouco lento. Minha mãe está com alzheimer, então tenho que cuidar dela, mas não largo nunca o meu trabalho, além de tudo é prazeroso fazer renda de birros”, disse ela.

Francisca Edilene Pereira da Silva, 48, também faz parte desse grupo de famílias que busca na renda de bilros uma fonte de renda. Dona Edilene argumenta que criou seus 6 filhos com dinheiro das rendas, “ faço renda desde dos meus 8 anos de idade, aprendi com minha mãe. Criei meus filhos com o dinheiro da renda de bilro, meu marido me largou com esses os 6, mas trabalhei e hoje estão todos criados”, argumentou ela.

Francisca Zulene da Silva,26, hoje não faz esse tipo de artesanato, ela nos disse que no começo era por gostar de fazer, uma diversão, mas com tempo descobriu que poderia ter um dinheiro extra no final no mês, “ aprendi com minha mãe, todos os dias ficava sentada observando minha mãe fazer. Quando cresci ganhei uma almofada dela e comecei a fazer. No começo quis fazer por pura diversão, mas com tempo eu poderia ganhar dinheiro, e isso iria me ajudar e muito, então comecei a ganhar dinheiro, ganhava no máximo R$ 70, mas esse dinheiro ajudava muito” disse ela.

No decorrer de cada entrevista observamos o quão importante esse artesanato nas vidas de cada rendeira, além de ser uma fonte econômica é uma paixão que vem de geração em geração. Esse tipo de artesanato sempre esteve nos lares desta artesã, mesmo que esteja esquecido lá na sala ou em quartos, como disseram elas.

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