Nova baixa da Selic e implicações nos investimentos em renda fixa

kauanny araujo
Feed Universitario
Published in
3 min readNov 26, 2019

Em decisão unânime, cúpula do Banco Central decide baixar taxa de juros básica pela terceira vez consecutiva em 2019

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central dispôs de um novo corte na taxa básica de juros da economia (Selic) a 0,5 ponto percentual, de 5,5% a 5% ao ano. A alíquota de juros atingiu a mínima histórica desde a criação do Copom, em 1996.

Em seu comunicado, o Comitê apontou para um novo corte de igual tamanho em sua próxima reunião, nos dias 11 e 12 de dezembro, a última deste ano. No final de julho, o Copom reduziu a Selic em 0,5 percentual, para 6% ao ano e em passou para 5,5%. O índice atual é o resultado do terceiro corte consecutivo, apenas em 2019.

O Comitê enfatiza que a contiguidade do processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira é precípuo para a manutenção da inflação baixa no médio e longo prazos.

Necessidade dos cortes da taxa Selic

Sobre as recorrentes correções na taxa básica de juros Igor Lucena, professor universitário e economista, explica que o objetivo é o aumento da atividade econômica. As baixas são consequência de uma economia enfraquecida e estagnada. “Então, o objetivo é estimular o consumo das pessoas. Para as empresas fazerem investimentos, as famílias fazerem créditos, comprarem bens duráveis e a economia volta a girar”, elucida.

A Selic Meta, que serve de parâmetro para os demais juros da economia, é o principal mecanismo do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo- IPCA. Segundo a avaliação do especialista, a tendência é a queda contínua dos juros até que a economia do país volte a crescer.

Como ficam os retornos das aplicações em renda fixa?

Investidores conservadores que confiaram suas aplicações em renda fixa são os que mais sentiram o impacto na baixa de juros, isto porque o índice influencia o comportamento de outros indexadores como, IPCA e CDI- Certificados de Depósito Interbancário. Apesar do corte significar um menor rendimento em investimentos de renda fixa, aplicações em renda variável podem apresentar resultados melhores.

Do ponto de vista macroeconômico, o ambiente com juros baixos é apontado com boas expectativas. “Na análise macroeconômica isso é muito positivo, porque as pessoas tiram recursos de renda fixa, que no Brasil é basicamente o financiamento dos gastos do governo, e passam a comprar ações de bolsa, fundos de investimento imobiliário, fundos de investimentos em ações. Daí se tira recursos que estavam sendo utilizados com um único propósito, como financiar a máquina pública, e passa esses recursos para financiar empresas. Então, aumenta a capacidade operacional do mercado de capitais, o que é muito positivo para a economia pujante ou faz com que as pessoas tirem esses recursos com taxa de juros muito baixas e queira empreender na economia real. Isso gera empregos, gera salários e faz a economia girar. Então do ponto de vista macroeconômico é muito positivo ter uma taxa de juros básica por ela dá um estímulo para a produção da economia real”, explica Igor Lucena.

Taxa Selic e aplicações na poupança

Segundo a pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), 65% dos brasileiros escolhem guardar o dinheiro na poupança. Considerado uma espécie de investimento conservador, especialistas garantem que a poupança não é um investimento rentável, visto que é uma aplicação que rende menos que inflação.

O rendimento atual da poupança hoje é de 3,5% ao ano, sendo seu rendimento mensal na caderneta de 0,28%. Além disso, a poupança oferece liquidez baixa, fazendo com que se consiga acessar seus rendimentos apenas no seu aniversário, que ocorre a cada 30 dias.

Em um cenário de alíquotas baixas, se torna mais favorável as aplicações em renda variável, no entanto, independente da taxa Selic, a renda variável ainda se torna mais rendável que a poupança.

--

--