O mar é feminino!

Vinicius Alves
Feed Universitario
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4 min readOct 1, 2019

Totalmente distintas elas possuem classes sociais e profissões bem diferentes, mas sabe o que elas têm em comum? O surf!

O coletivo Surf Ladies, movimento formado exclusivamente por mulheres vem há quatro anos mostrando que a praia também é lugar de mulher. Hoje o grupo possui 120 mulheres totalmente diferentes.

O grupo é de fato muito diversificado, dentro dele possuem gestantes, adolescentes, algumas são mais ativas no surf e levam o movimento como profissão e vivem disso. Outras já tem o coletivo somente como hobby por conta da rotina familiar. Segundo a criadora do movimento Joana Meireles que também é arquiteta formada, o início de tudo foi bem curioso.

O intuito inicial do movimento era somente ser um grupo de WhatsApp que proporcionava carona a outras mulheres que surfavam. Joana então percebeu que o movimento foi ficando maior que o esperado: “No começo eu só fiz o grupo para surpreender um namorado que estava fora. Eu realmente queria que quando ele voltasse me visse surfando melhor! ”, confessa. Mas parece que o destino teve planos maiores para essa iniciativa bem criativa. O grupo virou uma espécie de irmandade e o empoderamento feminino se fez presente na vida de todas as integrantes do coletivo, que hoje riem da forma como tudo começou.

Joana afirma que o cenário do surf cearense ainda é muito masculino. Ela relata com muita tristeza que os campeonatos de surf para homens são bem mais completos que os femininos:”Existem várias categorias para eles e poucas para nós, as premiações sempre são bem superiores, os homens ganham bem mais, os kits das premiações sempre tem mais qualidade e são melhores!”, relata.

A iniciativa de dar ainda mais visibilidade ao grupo se deu a morte de uma colega do movimento, ela era a primeira colocada no ranking de surf cearense e devido à queda de um raio veio a óbito. O ocorrido aconteceu no dia 27 de março de 2019. A partir daí as integrantes do grupo perceberam que as mulheres eram pouco visadas no mercado, pois haviam poucos apoiadores, e os patrocinadores que surgiram só vieram aparecer após a tragédia.

O aumento do número de mulheres no surfe se faz muito importante para a arquiteta. Ela destaca um avanço recente muito importante para o movimento: “O circuito mundial de surf igualou a premiação das categorias femininas e masculinas, isso já é um passo grande em busca da igualdade que tanto buscamos. ” , portanto, o circuito mundial declarou que todos as competições para serem chanceladas pela WSL (World Surf Leagon), terão que ter premiação igualitária para homens e mulheres. Joana vincula essa conquista com o aumento de nível das mulheres no surf, ela considera importante o crescimento de mulheres no mar, pois isso incentiva cada vez mais outras garotas a seguirem nessa profissão, até mesmo por diversão.

O grupo por sua vez resolveu caminhar com suas próprias pernas e dar ainda mais espaço às mulheres. Elas criaram o 1° Circuito de Surf Feminino, que assim como o grupo passou a ser chamar Surf Ladies. Ela conta que a iniciativa de criar um campeonato regional destinado apenas a mulheres foi decorrente o auto índice de reclamação das próprias integrantes com outros campeonatos que tinham premiações muito inferiores ao que elas mereciam. O campeonato é exclusivamente feminino e tem premiações condizente a categorias referentes a idades específicas. O campeonato é totalmente aberto, para todas as idades e público.

Joana explica que o Surf Ladies é um grupo abrangente que apoia grandes atletas do surfe feminino. Para participar do movimento o grupo não possui taxas. Elas pretendem fazer movimentos específicos do grupo como, abrir uma escolinha de surf feminina, um hostel dedicado somente a mulheres, e ministrar diversos “aulões” destinado a mulherada cearense.

Perguntada como vê o Surf Ladies daqui a dez anos, Joana com muita animação responde “Ah, são tantos sonhos! Vejo nossa escolinha formada, com aulas funcionais dedicadas 100% ao público feminino” , ela complementa relatando que almeja fazer com que as integrantes do grupo possam fazer inúmeras viagens ao exterior para que as meninas do grupo para que assim participam de circuitos internacionais.

E para meninas que tem interesse em ingressar no meio, afirma que o surfe vai além do esporte, ela acredita que o surf muda vidas, e sugere para que pessoas que sonham com isso possam experimentá-lo para que assim como as integrantes do grupo Surf Ladies possam viver essa experiência que ela considera mágica e especial.

Para mais informações consulte as redes-sociais do projeto:

Instagram: @Surf.Ladies

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