Pesquisadores investigam moléculas marinhas com potencial anticâncer

kauanny araujo
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3 min readNov 26, 2019

As moléculas estudadas pelo LABBMAR são extraídas de algas e outros organismos marinhos para prospecção de substâncias com potencial para tratamentos anticarcinogênicos

Baseados na hipótese de que moléculas marinhas podem impedir o surgimento de tumores, pesquisadores do Laboratório de Bioprospecção e Biotecnologia Marinha- LABBMAR, investigam moléculas bioativas promissoras a tornarem-se quimioterápicos.

Situado no Núcleo de Desenvolvimento e Pesquisa- NPDM da Universidade Federal do Ceará, o LABBMAR está sob a coordenação do Professor Diego Wilke e é composto por uma rede de pesquisadores e estudantes de pós-graduação em farmacologia e estudantes de iniciação científica dos cursos de graduação em biologia, biotecnologia e farmácia.

A pesquisa, que se encontra em fase inicial de desenvolvimento, deu início a partir do trabalho de campo dos profissionais que atuaram na coleta de amostras dos organismos invertebrados e sedimentos de microrganismos nas costas e ilhas oceânicas brasileiras. Após essa etapa, é realizado na fase de estudos pré-clínicos a identificação da estrutura e o desvendamento dos mecanismos de ação das moléculas bioativas encontradas. Para isto, o laboratório tem o apoio também do Departamento de Química Orgânica e Inorgânica, sob a orientação da Profa. Otília Pessoa.

Equipe do LABBMAR responsável pela pesquisa com as moléculas marinhas. No centro, o Prof. Diego Wilke (Foto: Ribamar Neto/UFC)

Objetivo da pesquisa

A pesquisa mostra que milhares de moléculas obtidas dos organismos marinhos são citotóxicas. Esses macroorganismos e microorganismos são uma fonte extremamente promissora de moléculas com atividade biológica e vivem em íntima associação com macroorganismos ou livres no ambiente, o que garante a sustentabilidade do projeto. Os microorganismos, principalmente as bactérias encontradas no mar, são apontadas como os maiores produtores da maior parte das moléculas bioativas isoladas inicialmente de invertebrados marinhos. Por isso a pesquisa é realizada, especialmente, com organismos marinhos.

Nos estudos realizados, foram encontradas moléculas com características inéditas similares a molécula de Ômega 3 (tipo de gordura benéfica para o organismo humano), isoladas diretamente de algas extraídas do litoral cearense. Assim como, o ômega 3, elas reduzem inflamações ao passo que são citotóxicas para células tumorais.

Os efeitos dessas moléculas significam para a medicina maior efetividade do tratamento e a redução dos efeitos negativos das drogas usadas na quimioterapia.

Disponibilidade do produto no mercado

Tendo em vista, os valores altos dos fármacos atuais disponibilizados no mercado, o pesquisador afirma que não é possível desenvolver quimioterápicos a baixo custo. Porém, reitera que a proposta de tratamento antitumoral, elaborado pelo grupo de cientistas é produto de moléculas isoladas, conhecida como quimioterapia. Esse tratamento em relação aos outros, como a imunoterapia ou a terapia alvo-direcionadas, é mais acessível para a maioria dos pacientes.

“O produto será disponibilizado como quimioterápico, a estratégia é quimioterapia clássica. Porém, um tratamento clássico de alta performance, com alta capacidade de cura e em casos sem solução. Nesse sentido, temos uma opção que pode atender mais pessoas, porque os programas de saúde dos governos têm como pagar a quimioterapias de mais pessoas, do que opções mais modernas. A terapia personalizada vai curar quem pode pagar, mas para a maioria das pessoas é a quimioterapia que irá salvar essas pessoas”, explica Prof. Wilke.

Quanto a média de tempo que levará para encontrar esse tipo de fármaco no mercado levará em média de 15 a 20 anos, desde de que as propriedades das moléculas encontradas sejam melhores do que as já disponíveis no mercado. “ Isso torna nosso processo de produção muito mais rigoroso, porque não queremos novas moléculas que apresentem soluções iguais as que já estão no mercado. Então, nossa preocupação é desenvolver algo que ainda não existe cura”, diz professor Diego.

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