Projeto Arsenal: A oportunidade de crianças e adolescentes do Jereissati III de jogarem futsal

Bia Sousa
Feed Universitario
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4 min readSep 24, 2019

O Projeto Arsenal é uma iniciativa de Marciano Pinheiro, 36, nas cidades de Pacatuba e Guaiúba. Criado como uma forma de inserir as crianças da comunidade no esporte, o projeto já tem 21 anos. Desde 1998, o projeto já treinou centenas de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos de idade, e continua até os dias de hoje.

Em Pacatuba não há escolinhas de futsal, Marciano viu nisso uma oportunidade de trazer o projeto para a cidade. “Eu tive a ideia por conta das crianças daqui que não tinham lazer ou um esporte para praticar e não tinha ninguém para tomar de conta, aí eu tinha um projeto também na Guaiúba e resolvi fundar o projeto aqui também” conta Marciano.

O projeto funciona de segunda a sexta, cada dia com uma turma diferente, divididas por idade, do SUB-5 ao SUB-17. Os treinos ocorrem no ginásio Raimundo Pereira Sucupira, no Jereissati III, um bairro de Pacatuba. A duração de cada treino é de apenas uma hora, pois a quadra é cedida pela prefeitura, onde só é disponibilizado um horário no dia para o projeto.

“A prefeitura cede o espaço. Ontem pra ter ideia deu 35 meninos. Aí como é que eu vou treinar 35 meninos em uma hora? Eu queria duas horas, porque são cinco dias na semana, mas todo dia é uma turma diferente. Tem uma turma que tem 40 meninos, não tem como, eu queria de 6 às 8, mas é só de 6 às 7, não dá para todo mundo treinar, sempre sai alguém triste porque treinou pouco. ” Continua Marciano.

Além da dificuldade relacionada ao horário de treinos, o projeto também passou por três anos de pausa, em razão do ginásio, onde o teto desabou e por isso ele foi interditado para a reforma. Essa parada impediu o andamento do projeto, treinos, campeonatos foram algumas das percas. A parada também prejudicou a questão de uniformes do projeto, pois com a pausa, Marciano resolveu doar os uniformes para outras escolinhas, pois não sabia se o ginásio iria voltar a funcionar.

“O ginásio passou três anos abandonado, o projeto parou durante esse tempo, aí os uniformes eu doei para outras escolinhas, porque estava parado, aí agora a gente está arrecadando ajuda, para ver se consegue os uniformes novamente. ”

Desde a sua criação o Projeto Arsenal não tem qualquer apoio financeiro da prefeitura da cidade. Os gastos saem do bolso de Marciano e das doações da comunidade e dos pais das crianças e adolescentes que participam do projeto. “De vez em quando alguém doa alguma coisa, mas fica aquela coisa, querendo mandar demais, aí eu não gosto, porque se você quiser mandar num projeto ou algo assim, você tem que manter o projeto, e não dar uma ajuda só uma vez, e a gente se mantém graças aos pais, alguns que ajudam e a força de vontade mesmo”, completa Marciano.

Handerson, 33, que é pai de Hudson, um dos alunos da escolinha, conta que quando criança não tinha a oportunidade que o filho está tendo. “Nasci e cresci aqui no Jereissati III, e quando queria jogar, era só com os meninos vizinhos, e na rua mesmo, que quando chovia virava um lamaçal, mas mesmo assim a gente tentava jogar. Fiquei sabendo do projeto, fui lá no ginásio e falei com o Marciano, pra ver se meu filho podia jogar, na época ele tinha oito anos. Ele deixou, eu levei o Hudson e até hoje ele participa da escolinha. ”

Hudson, 13, filho de Handerson, conta como conheceu o projeto. “Eu era menor, meu pai me levou para ver o treino. Ele falou com o Marciano, e ele me deixou treinar, aí depois parou, por causa da quadra, que ficou interditada. Passou muito tempo, aí num dia o pessoal lá da sala chamou para ir no treino, eu fui lá, e voltei a treinar. Isso de março desse ano até hoje. ”

Para participar do projeto, é necessário falar com Marciano, para ele decidir em que turma o aluno pode se encaixar. Os treinos acontecem todos os dias de 6 ás 7 horas da noite, no Ginásio Raimundo Pereira Sucupira, localizado na rua Marginal Nordeste no bairro Jereissati III em Pacatuba.

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