“Times Nação”: uma família além dos gramados

Anna Ruth Gordiano
Feed Universitario
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5 min readNov 26, 2019

A perspectiva positiva acerca dos maiores times de futebol cearense que possuem grandes comunidades de torcedores fanáticos, em uma relação de identidade, amor e admiração.

Os times de futebol Fortaleza e Ceará, se destacam atualmente na cidade de Fortaleza- Ce, como os maiores clubes e as torcidas mais influentes e ativas da região. Cada vez mais, torcedores apaixonados se unem formando grandes comunidades que representam o amor e admiração pelo time que escolheram, movidos pela relação de identidade e pertencimento.

O Fortaleza Esporte Clube, geralmente conhecido como Fortaleza, foi fundado em 18 de outubro de 1918. As cores do clube são vermelho, azul e branco, o que gerou o nome carinhoso dado pelos torcedores de, “Nação Tricolor”. Com mais de 100 anos desde sua fundação, o clube soma mais de um milhão de torcedores fervorosos. Que participam em sua maioria da torcida organizada do time, a TUF. Fundada em 17 de fevereiro de 1991 por um grupo de estudantes da Universidade Federal do Ceará (UFC). Tendo como mascote escolhido para representar a torcida, o Leão, por sua Força, Raça, Determinação e Poder.

Ceará Sporting Club, tem sua sede situa-se na capital do estado do Ceará, Fortaleza. O clube foi fundado no dia 2 de junho de 1914. As cores do time é o preto e branco, formando a “Nação Alvinegra”. Seu mascote é o vovô, por seu então presidente Meton de Alencar Pinto, receber os atletas juvenis do América Futebol Club, os tratando como seus “netinhos”. A torcida organizada do time acolhe milhares de torcedores apaixonados. A Cearamor foi fundada em 26 de outubro de 1982 por um grupo de amigos torcedores do Ceará Sporting Club. Em 1990, sofreu uma reformulação e tornou-se profissional em termos de torcida organizada.

Para entender de perto esse relacionamento, fui ao Centro de Treinamento do Fortaleza, em Maracanaú e no Centro de treinamento do Ceará, na sede da capital cearense. Na primeira visita, tive a oportunidade de entrevistar o jogador Romarinho (25), atacante (ponta esquerda) do Fortaleza. Que logo quando chegou ao clube, teve sua atuação contestada pela torcida e imprensa, mas que hoje é jogador titular e recebe um grande carinho dos fãs torcedores. Quando perguntado sobre como encara a responsabilidade de conquistar a torcida tricolor, Romarinho responde: “Eu tenho que fazer meu trabalho e procurar ajudar o Fortaleza. E consequentemente a torcida vai dando isso de volta. Sempre procurei me esforçar ao máximo para ter uma reviravolta na minha carreira e hoje eu consegui, graças a Deus. ”

Em contrapartida, no time do Ceará, o jogador Wescley (27) atacante (ponta direita), fala sobre sua responsabilidade de dar retorno ao clube e a torcida alvinegra em seu retorno aos jogos após uma séria contusão. Tendo em vista que, sua contratação foi o maior investimento feito pelo clube até então. “É uma responsabilidade que sempre tive. Todos nós temos, né? Os jogadores têm a responsabilidade de representar o clube e essa torcida que é imensa. Jogo é jogo e é uma responsabilidade muito grande. Mas eu tô tranquilo, cabeça boa. Sei do meu potencial e o que posso oferecer ao clube. ” Diz, Wescley. O jogador ainda deixa uma mensagem para a torcida sobre o que os fãs podem esperar de sua atuação no time. “Acreditar. Eu não caí aqui de paraquedas, acredito que a partir do momento que os gols voltarem a acontecer, as vitórias. O discurso será outro. Então, eu tô muito confiante, confio muito no meu trabalho e tenho certeza que já já a hora boa vai chegar.”

No calor dos estádios e em meio o assédio aos jogadores, muitos não lembram daqueles que colaboram para fazer tudo acontecer nos bastidores. Funcionários que dedicam anos de suas vidas para “servir” com muito orgulho o seu time de coração. O senhor Anacleto trabalha há quarenta e dois anos no Ceará e relata qual a importância do time para sua vida. “Aqui é minha casa há muito tempo. Os meus filhos assistem todos os jogos junto comigo, já existe uma raiz né? Foi aqui que eu tive mais alegrias. Inclusive quando tinha reuniões alguns diziam “ah, aqui é minha segunda casa. ” E eu sempre dizia “Não, aqui é minha primeira, que é aqui que passo mais tempos (risos). ” Ao pedir para seu Anacleto definir em uma palavra o seu sentimento pelo clube, ele responde prontamente: “Amor! Alguns dizem que sou chato, puxo orelha. Mas sou chato por amor, porquê defendo o clube. ”

Enquanto isso no Fortaleza, o senhor Albino, é fisioterapeuta do Fortaleza há mais de 17 anos e conta como é gratificante trabalhar para o time que admira e é fã. “O Fortaleza na minha vida fez parte de tudo. Quando eu me formei foi meu primeiro emprego. Eu e minha esposa tínhamos problemas para engravidar, e o tratamento foi feito por um amigo que conheci através do Fortaleza. Eu casei numa casa que serviu de concentração pro clube. Então, quer dizer o Fortaleza faz parte da minha vida profissional e pessoal. ” Albino fala também sobre como ele vê a relação do time com os torcedores e funcionários que também são fãs fanáticos. “Nós que trabalhamos aqui somos uma parcela de torcedores sortudos. Que a gente pode se dedicar o nosso trabalho a algo que a gente ama. Por que o clube que você escolhe, é como se fizesse parte da família. Não é só futebol. É uma identidade que você cria com essa história.”

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