E é aqui que a feira começa (Foto: Lenara Uchôa)

Encontro na feira

Lenara Uchôa
FEIRAS CARIOCAS
Published in
3 min readOct 8, 2016

--

Feiras livres. Antes de mudar para o Rio de Janeiro e morar no Méier o meu contato com feira de rua era escasso, fui uma ou duas vezes em outro estado para o Ceasa, mas ‘aquela’ experiência acústica, olfativa, com pessoas a sua volta rindo, arrastando carrinhos de compra e sacolas só de quatro anos para cá com a oportunidade de estar tão bem situada.

A Rua Salvador Pires é conhecida nominalmente pela maioria dos moradores do bairro como a Rua da Feira, com certeza se você estiver lá e usar essa referência vão reconhecer. Entre a Rua Coração de Maria e a Getúlio Vargas, todas as quartas-feiras surge um leque de diversidade que sustenta a fama mais do que merecida das barracas. Sendo possível encontrar folhas e vegetais na entrada e saída, açougue, peixarias, verduras, frutas frescas, sementes, além de surpresas como brinquedos, utensílios e acessórios. Fugindo da linha feirante-comprador há algo muito bacana — os carregadores. Aqui eles auxiliam levando as compras até os prédios e casas dos devidos consumidores.

Na primeira foto à esquerda estão João e Matheus, enquanto na segunda aparece Maria, Manoel e Aline (Foto: Lenara Uchôa)

A tenda de João Vieira fica um pouco antes do açougue, nela ele trabalha junto com Ana Raio e o Matheus Cardoso vendendo frutas. A especialidade da casa são as laranjas, com seu espaço de lei, mas mesmo as maçãs e outras frutas não ficam para trás. João conta que quando a Ceasa mudou o seu horário de funcionamento acabou por coincidir com a abertura da feira às 4h, na qual os feirantes estão em sua maioria preparando-se para armar e descarregar os alimentos. Assim, ele vai ao Ceasa um dia antes da feira e no outro traz o carregamento. Essa ideia ainda consegue ser mais elaborada quando se tem um outro irmão feirante logo ali. Manoel e João revezam e possuem um esquema próprio que é explicado no vídeo.

Maria também irmã dos dois, trabalha com Manoel e Aline numa barraca à metros de distância. Local acalorado com muitos sorrisos, lá eles vendem melancias, melões, pinhas e outras frutas variadas há 20 anos, em entrevista conta-se como tudo começou (vídeo). Como também faço compra habitualmente toda quarta-feira, já tive grandes demonstrações do cuidado deles só em guardarem na parte de trás da banca sacolas pesadas da minha mãe. Não a deixando segurar peso além da conta. Esbanjando enorme simpatia e bom humor é dessa forma que conquistam os compradores a família Vieira.

Em frente a banca do João, temos uma das mais animadas da feira, gerenciada por três irmãos. Se em algum momento do seu passeio escutar essa frase: “Não ligo para dinheiro, trabalho por esporte” você está no lugar certo para escolher suas verduras. Diferente de algumas barracas de lá, o tamanho da tenda dos três ocupa um pouco mais de espaço nas cores azul e branco. Como falado em cima eles são bem animados e tiram papo de qualquer lugar.

Na entrada, a barraca de queijos vindos direto de Minas Gerais (vídeo) abre as portas aos moradores e clientes, trazendo também goiabada, tapioca e a deliciosa água de coco gelada. Com a barraca de doces fica realmente difícil passar sem levar nenhum doce com a variedade de biscoitos, balas e etc. Para quem ainda não conhece, esse vídeo traz junto a entrevista degustação aos olhos.

Equipe da Pastelaria sempre alegre (Foto: Lenara Uchôa)

E para terminar a visita nada como aproveitar um pastel de queijo, frango com catupiry ou carne com a cana mascada na hora. A pastelaria fica localizada no fim da feira e atrai não somente os compradores próprios das barracas ao redor como também estudantes, moradores e pessoas de outras regiões que vem especialmente para o lanche. Não deixe de estar por dentro da história deles e das novidades aqui.

--

--

Lenara Uchôa
FEIRAS CARIOCAS

Estudante de Jornalismo, que gosta de falar e pensar em cultura.