Pokémon Go reúne jogadores de diferentes cantos do RS na Redenção, em Porto Alegre

Todos os meses, “treinadores pokémon” se encontram em um lugar público para capturar monstrinhos e brincar em equipe

Felipe Goldenberg
Felipe Goldenberg
4 min readJun 20, 2019

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Jogadores chegaram cedo para ganhar brindes e roteiros (André Ávila / Agencia RBS)

Pessoas de todo o Estado se encontraram no Parque da Redenção, em Porto Alegre, para procurar e capturar monstros na tarde deste domingo (21). Calma, não é qualquer tipo de monstro: são pokémons, os “monstrinhos de bolso” protagonistas do jogo de celular Pokémon Go. Eles surgem perto de você em um mapa virtual e, com a realidade aumentada na câmera do aparelho, você pode vê-lo e capturá-lo com uma pokébola — se ele não escapar antes.

O jogo costumava levar milhares de pessoas às ruas na época do lançamento, em 2016, mas acabou perdendo força devido à demora para ganhar atualizações e novos personagens. Em resposta, a produtora do jogo, Niantic, começou uma nova brincadeira entre os treinadores pokémon, como se chamam os jogadores: o Dia da Comunidade. Desde janeiro, a empresa convoca seus usuários todos os meses para se reunirem em locais públicos e jogarem juntos. Nesses dias específicos, um pokémon raro fica mais fácil de ser capturado — neste domingo, o escolhido foi o Beldum, um pokémon dos tipos aço e psíquico que, apesar de aparentar ser frágil, evolui para o Metagross, um dos mais raros e poderosos.

Parque foi tomado por usuários de todos os cantos do Estado (André Ávila / Agencia RBS)

O evento só começou às 15h, mas o estatístico Artur Mattia, 26 anos, chegou uma hora mais cedo acompanhado de outros nove amigos para tirar uma foto com os colegas de jogo. Também montaram uma fila, que atravessava o parque inteiro, para garantir brindes: um pôster oficial da Niantic e adesivos bancados pelos organizadores voluntários do evento.

Mattia e os amigos se organizam por um grupo de WhatsApp para jogar. Juntos, trocam personagens entre si, batalham em raids contra “chefões” e participam de eventos feitos pelos fãs.

— No lançamento, o jogo não dava motivos para a galera se reunir. Com as novas funções, ele te força a jogar em coletivo. Isso vem tornando os encontros mais comuns e maiores do que antes — opina.

Grupo se reuniu antes do evento para foto no chafariz da Redenção (Rennan Viegas / Arquivo pessoal)

Segundo uma das 12 coordenadoras voluntárias do evento, a administradora Nara de Oliveira, 46 anos, foram pelo menos 1,3 mil brindes distribuídos durante o dia. Os organizadores se dispersavam com outros jogadores para seguir um roteiro pelo parque, a fim de não ficarem todos aglomerados em um único ponto, o que poderia sobrecarregar os servidores do aplicativo. Caso aparecesse um pokémon com 100% de IV (sigla de Valor Individual, número que calcula os níveis de ataque, defesa e stamina), um megafone estava a postos:

— A gente dá um griteiro e sai todo mundo correndo. É bem engraçado. Hoje, não apareceu nenhum, mas fomos compensados com vários Beldum e pokémons shiny (com cores e habilidades diferenciadas) — diz Nara.

Mapa virtual mostra os personagens e ginásios ao redor (André Ávila / Agencia RBS)

Os frequentadores desavisados da Redenção estranharam os grupos perambulando com a cabeça baixa e os olhos vidrados no celular. Alguns até tiravam o celular do bolso e entravam na brincadeira; outros arriscavam perguntar o porquê de tantas hordas de pessoas.

— O que é que vocês estão fazendo? — perguntou um.

— Estamos jogando Pokémon Go — esclareceu o engenheiro de materiais Gabriel Szyszka Haeser, 28 anos, que procurava monstrinhos acompanhado da namorada.

— Ah tá! Pokémon! Eu até jogava, mas não jogo mais — respondeu.

Haeser é o administrador do grupo de WhatsApp de treinadores da Zona Norte. Com o carregador portátil plugado no celular, ele conseguiu capturar mais de cem Beldums em uma única tarde. Próximo das 18h, quando o evento chegava ao fim, o engenheiro foi obrigado a dar uma trégua à caça de monstrinhos para amenizar a dor nas pernas e fazer um lanche. Até treinadores pokémon precisam de descanso.

Reportagem publicada em GaúchaZH no dia 21 de outubro de 2018. Link: https://gauchazh.clicrbs.com.br/porto-alegre/noticia/2018/10/pokemon-go-reune-jogadores-de-diferentes-cantos-do-rs-na-redencao-em-porto-alegre-cjnjicwyd06xn01piu7oyhgc3.html

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Felipe Goldenberg
Felipe Goldenberg

Jornalista trainee no Estadão. Antes, em Zero Hora, GaúchaZH e RBS TV.