A arte de tomar decisões

Fernanda Formicola
Fernanda Formicola
Published in
6 min readAug 7, 2019

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Tudo começou em agosto de 2018, quando eu tinha um total de zero reais, tanto investidos quanto na minha conta bancária. E o meu problema era: eu não sabia o que fazer com o dinheiro que eu (um dia) teria. Nessa época, eu estava há 5 meses procurando estágio e não fazia ideia do que eu queria pra minha vida.

Bom, como estava sempre em casa, às vezes eu e minha irmã (que já estudava sobre finanças pessoais e tinha um bom dinheiro investido) aproveitávamos para levar nossos cachorros para passear e, em uma dessas saídas, perguntei pra ela “quando eu começar a ganhar dinheiro, você me fala onde eu invisto?”. O que eu gostaria de ouvir: “claro, me dá seu dinheiro que eu cuido”. O que eu ouvi:

“Não. Você tem que saber o que quer fazer com o dinheiro, estudar e aprender a investir ele de acordo com seus objetivos. Você precisa ter uma meta

E aí eu só pensei “fudeu, não tenho”.

A partir daí, não é que eu fiz muita coisa para mudar esse cenário. Claro que fiquei uns dias pensando, e isso não saía da minha cabeça, mas eu não tinha ferramentas que me ajudassem a fazer isso, nem sabia onde procurá-las. Foi aí que minha irmã me emprestou o livro e me mostrou o canal Me Poupe!, da Nathalia Arcuri (não estou aqui pra repetir e explicar todos os motivos pelos quais acho ela foda. Mas podemos dizer que 98% do que eu sei hoje foi graças à ela #nathmenota).

Beleza. Até aqui, o que eu sabia:

  • eu não tinha metas
  • eu não tinha um dinheiro para chamar de meu
  • eu não tinha um trabalho (e além disso, não gostava de quase nada que aparecia na minha área)

Então decidi que era hora de mudar esse cenário, e comecei a estudar bastante sobre finanças pessoais. E foi aí que minha vida mudou. Durante esse período de mindblowing, eu não só acabei tendo uma mínima noção do que fazer com o dinheiro (que até então eu não tinha), como comecei a trabalhar e a ter uma rotina muito mais animadora e agitada do que a que eu tinha antes.

Faziam anos que eu não ficava feliz em aprender uma coisa nova, que eu não tinha vontade de sentar e ficar 7 horas estudando uma coisa que fizesse sentido pra mim, e isso fez toda a diferença.

Muito resumidamente, vou tentar levantar os tópicos mais importantes que me levaram do ponto A (sem metas, sem dinheiro investido e sem uma visão clara do que fazer) para o ponto B (com metas, 10 mil reais investidos e sabendo muito bem o que quero fazer). Vamos lá.

  1. Sonhar: acredito que esse seja o primeiro passo porque é onde você entende porque você faz o que faz. Se você quer viajar por 1 mês para o Japão, o que você faz hoje para que isso aconteça? Se você quer fazer um curso super caro que vai te dar muito prestígio, o que você faz hoje para conseguir alcançar isso o mais rápido possível? Bom, identificar meus sonhos foi a parte mais fácil, o difícil era fazer alguma coisa (e até saber o que fazer) para que eles se tornassem realidade. E é aí que entra o próximo ponto:
  2. Estabelecer metas: é cientificamente comprovado que, quando você estabelece uma meta, suas chances de atingir tal objetivo aumentam. Então basicamente o que eu precisei fazer nesse momento: entender o pacotinho de cada sonho. Ou seja, definir exatamente tudo que cada um deles englobava, tudo que eu precisaria para conseguir realizá-los e, com isso, torná-los, um por um, uma meta: específica (com um nome claro), mensurável (consigo saber o quanto falta para atingí-la), atingível (se realmente é possível alcançá-la), relevante (acho que essa é a parte mais importante: saber o que realmente importa pra mim) e com um prazo (tem um tempo definido).
  3. Definir meus valores: tão importante quanto estabelecer metas, é saber quais são os meus valores, pois são eles que guiam tudo o que eu faço. Não adianta eu querer morar em uma casa de bairro com muro baixo se um dos meus valores for segurança, por exemplo. Assim como não vai dar certo eu querer ter 30% de rendimento no mês se eu não quero correr o risco da Bolsa de Valores, por exemplo. São eles que fazem minhas metas estarem alinhadas com a vida que eu quero ter.
  4. Entender o valor do meu tempo: parar e pensar sobre tudo isso leva bastante tempo. Mas exercitar, desenvolver um mindset, e fazer minha vida girar ao redor das minhas metas, ocupa muito tempo (e eu amo investir meu tempo nisso). Acredito que essa questão tenha a ver também com o que você escolhe ocupar o seu tempo: é pesquisando sobre como começar a investir? Como aumentar a sua renda? Como desenvolver um mindset para tomar decisões mais assertivas sobre seu dinheiro? Ou é com coisas que não vão te ajudar muito nisso? Se esse for o caso, talvez vale a pena parar e pensar com o que você realmente está ocupando o seu tempo, se é com algo que vai te ajudar a atingir essas metas ou não (e claro, o quão importante isso é para você).
  5. Envolver as pessoas ao meu redor: depois que eu comecei a trabalhar e, principalmente, entender que o tempo é o bem mais escasso que eu tenho, eu tive que me dividir em mil para dar conta de tudo. É claro que é importante cuidar e dar valor ao seu dinheiro, mas isso não pode ser a única coisa na vida. É importante conversar com as pessoas mais próximas à você (as que você realmente gosta de estar perto) e explicar que você está traçando metas que vão ser alcançadas em um determinado tempo e que talvez, por isso, você vai precisar trabalhar um pouco mais, dedicar um pouco mais de tempo aos estudos, se aprofundar em assuntos mais diferentes e por fim, planejar muito bem saídas e encontros que talvez não vão te ajudar a atingir essas metas. Mas acho que o mais importante aqui é aproveitar como se não houvesse amanhã esses momentos com essas pessoas. Pois com o passar do tempo e o aumento das responsabilidades, (talvez) eles vão ser cada vez mais raros, e consequentemente cada vez mais valiosos. Aproveite todos os momentos da melhor forma possível!
  6. Ter orgulho de si mesma: a cada 1 real que eu opto por não gastar com uma coisa (que pra mim é) boba, eu me orgulho. Eu sei que estou 1 real mais próxima da minha meta, e pra mim isso é suficiente. Encontre o que faz seus olhos brilharem, o que faz você realmente falar, com orgulho, “estou focada em atingir essa meta, e economizar com essa outra coisa não vai me fazer mal”. Isso faz toda a diferença.
  7. Desfrute do que você construiu: é quando você fala “cacete, consegui!!!” Quando você percebe que todas as escolhas valeram a pena, todos os “nãos”, todos os apertos e todas as pequenas mudanças que você adotou ao longo do processo, realmente fizeram efeito. Eu quero viver para chegar nesse momento o maior número de vezes possível, e eu espero que muitas pessoas também descubram como é essa sensação.

Esses foram alguns pontos que eu identifiquei como importantes no meu processo de libertação (que é como eu chamo a minha caminhada à Independência Financeira), e pode ser que eles funcionem para outras pessoas ou não.

Se esse texto fizer 1 pessoa parar e pensar sobre o que está fazendo com o seu dinheiro, eu já vou ficar feliz! Eu sei que (muitas vezes) não é um assunto simples de conversar, mas garanto que vale a pena sair um pouquinho da zona de conforto e experimentar.

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