Product Manager aos 21 anos: como mudar meu mindset me ajudou a chegar aqui

Fernanda Formicola
Fernanda Formicola
Published in
6 min readJan 29, 2020

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Se você me perguntasse “Fê, o que você quer ser quando crescer?” há 15 anos, eu não fazia ideia do que responder. E eu só descobri essa resposta ano passado.

Daqui algumas horas eu completo 22 anos e, se tem uma coisa que não sai da minha cabeça, é “cacete, como eu cheguei tão longe em apenas 1 ano?”.

Nesse último ano, algumas coisas muito marcantes aconteceram: eu desisti de algo que eu achava que era o sonho da minha vida, fiz 3 anos e meio de uma faculdade e desisti dela; trabalhei quase 12 horas por dia todos os dias; descobri com o que eu gosto de trabalhar; entrei em um mercado que jamais na vida eu teria imaginado (saí da nutrição eu fui pro mercado financeiro); eu redefini meus conceitos de “sonho”, “sucesso” e “felicidade”; eu mudei meu mindset e, pela primeira vez na vida, consegui desenvolver uma visão de longo prazo; criei mais de 10 novos hábitos para a minha vida; investi mais de 80% do que eu recebi… E esse é só o começo. Enquanto isso, 99% das pessoas que conviveram comigo falaram “é melhor não” pra todas as decisões que eu tomei. O 1% das pessoas que me apoiaram são as que fazem toda a diferença hoje.

Eu queria escrever um textão sobre como tudo isso aconteceu e como eu me sinto (frequentemente) um peixinho fora d’água, mas aí talvez eu não atingiria muitas pessoas. Então vou tentar ser muito sucinta e levantar alguns pontos que me ajudaram a crescer muito nesse último ano (e me levaram de estagiária de nutrição à Experience Manager*), e que talvez possam te ajudar a repensar alguns aspectos da vida.

  • A primeira delas é: o copo meio cheio x o copo meio vazio

A partir de um determinado momento, eu percebi que a vida é feita de algumas coisas, que ela pode ser olhada por algumas lentes, e que cada um escolhe as coisas que vão ser relevantes para suas tomadas de decisão e as lentes pelas quais elas olharão o mundo. É a famosa história do “copo meio cheio x o copo meio vazio: qual é o seu ponto de vista? Tendo isso claro, vamos para a prática de como as minhas lentes me ajudaram:

  • Entendi que a vida é feita de escolhas

Você já parou pra pensar que, quando precisa tomar uma decisão, é como se estivesse em uma bifurcação de olhos fechados? Você sente o clima, você sente os cheiros, você andou em uma estrada para chegar até ela, e você simplesmente não sabe o que tem para um lado ou para o outro. Se você for para o lado direito, pode encontrar um cenário X; se for para o lado esquerdo, o cenário pode ser bem diferente. Nesse caso, como você escolheria para qual lado ir?

Na prática: trabalhe com o que você tem em mãos hoje. O que isso quer dizer? Reuna todas as informações que você tem sobre a bifurcação. O que as pessoas que já estiveram aí dizem sobre ela? Para qual lado elas foram? Elas voltaram ou elas continuaram? E se fosse você na situação delas, o que você faria? Como é o clima de um lado? Como é o clima do outro? O que você perde se for para um lado? O que você ganha se for para o outro? Enfim, várias perguntas que te ajudem a entender o seu cenário atual.

Essa técnica se chama “Diagrama de Perdas e Ganhos” e, acredite, ela ajuda a tomar decisões 10000x mais assertivas, e você visualiza qual pode ser o real impacto de cada escolha que você faz (eu usei ela para desistir da faculdade, trocar de emprego, escolher em qual investimento eu ia colocar meu dinheiro, qual curso eu ia fazer…).

  • Dar o melhor de mim em tudo que eu faço (em outras palavras: surpreender as pessoas)

Eu gosto de lembrar que, até os 13 anos, eu era uma aluna normal. Eu tirava notas normais, eu falava coisas normais, fazia coisas normais e entregava trabalhos normais. Eu nunca tinha surpreendido alguém. Até que eu peguei 5 recuperações. No início, foi um susto. Mas aí eu fui lá, estudei, e passei. Normal. No semestre seguinte, minha mãe (sempre muito delicada (estou sendo irônica)) marcou uma viagem para a semana das provas de recuperação. Ou seja, se eu pegasse recuperação de novo, eu não ia viajar. E foi aí que eu pensei “ok, talvez esteja na hora de me esforçar”.

E aí eu comecei a me esforçar e me apaixonei por isso. Eu comecei a tirar notas muito boas, participar das aulas, realmente entender o que eu estava aprendendo, eu ensinava as matérias para minhas amigas, e eu fui uma das melhores alunas da turma. Isso foi completamente transformador pra mim, foi onde eu entendi que, a partir do momento que eu visse propósito no que eu estava fazendo (no caso evitando perder a viagem no final do ano), eu me dedicava muito mais. Me dedicando muito mais, eu perfomava muito mais, com isso eu impressionava as pessoas, e com isso eu me interessava cada vez mais em me esforçar mais e encontrar propósitos para qualquer coisa que eu fazia. Foi aí que eu, literalmente (mas um pouco inconsciente ainda), comecei a fazer as coisas porque eu queria e, mais importante, porque eu queria ser muito boa naquilo.

Ter desenvolvido essa habilidade me permitiu algumas conquistas: passei a ter muito mais foco; desenvolvi minhas próprias formas de fazer o que eu queria (os jeitos convencionais eram muito chatos); me tornei muito mais regrada; comecei a fazer listas (to dos) pra absolutamente tudo; e ensinei meu cérebro a entender que, quando é por um bem maior (me desafiar e surpreender as pessoas), o esforço vale a pena, e eu amo me esforçar.

Olhando para esses pontos juntos, eles me levaram a uma terceira e última coisa:

  • Saber o que é importante para mim (isso é uma coisa que ninguém, além de mim mesma, pode me dizer)

Escolher e executar bem a escolha é uma coisa. Saber o que vai impactar minha vida, vai exigir esforço e vai ser positivo no resultado final é outra bem diferente. Para atingir esse patamar, eu precisei descobrir o que é realmente importante para mim. Acho que essa é a parte mais difícil, e a mais transformadora.

Quando você é uma pessoa que gosta de fugir do senso comum, você naturalmente vai virar um alvo. As pessoas vão te falar “não faça isso”, “você vai se arrepender” ,“não conheço ninguém que tenha feito isso e dado certo”, “mas você? será que vai aguentar o trampo?”, e por aí vai. Mas quando você sabe seus princípios, seus objetivos, suas fraquezas e suas fortalezas, você passa por cima de tudo isso muito fácil. Porque faz sentido pra você, pura e simplesmente.

Então, a mesagem que eu quero passar aqui é: antes de fazer qualquer coisa, saiba onde você quer chegar. Saiba o que as pessoas que estão lá fizeram, como você pode se comportar, quais serão os obstáculos, o que pode te impedir, o que pode te ajudar, quais são as pessoas que estarão com você nessa caminhada…. e, a cima de tudo, POR QUÊ? Realmente é importante pra você? Vai mudar a sua vida? Do que você vai precisar abrir mão? Qual é o seu sonho?

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*Experience Manager é como nós chamamos os PMs da área de Experiência.

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