Como pode jogar Darlene no Flamengo

Thiago Ferreira
De Primeira — Futebol Feminino
4 min readMay 19, 2021

Em sua vitoriosa carreira, além de Seleção Brasileira, Darlene Regueira já atuou por SV Neulengbach (AUS), Dazhong (CHN) Centro Olímpico, Rio Preto (onde teve várias passagens) e, mais recentemente, o SL Benfica de Portugal, onde se tornou a principal artilheira do clube.

Como joga Darlene?

Darlene em sua carreira já foi centroavante de mobilidade (9 móvel), ponta direita e esquerda e meia atacante. Suas qualidades técnicas sempre foram notáveis, como um ótimo controle da bola, protegendo-a, driblando, finalizando e passando. Mas algumas de suas características mudaram com o tempo.

SL Benfica no 4–3–1–2

Quando surgiu, era uma jogadora agressiva, que acelerava muito o jogo por meio de tabelas, dribles e arrancadas visando chegar ao gol adversário rapidamente. Desde a temporada passada, se tornou uma jogadora que gosta de receber a bola na entrelinha, de resolver situações com poucos toques, de pisar na área sem a bola e de efetuar passes mais diagonais, sendo assim, jogando posicionada atrás de uma dupla de ataque (imagem a esquerda).

Após sua última lesão, Darlene perdeu espaço na equipe portuguesa e este foi um dos prováveis fatores que encerraram seu ciclo nas Encarnadas.

Como joga o Flamengo?

As rubro-negras de Celso Silva atuam no 4–3–3 (4–1–4–1), o time apresenta algumas variações quando tem a posse da bola e isso pode ser um fator determinante para o encaixe de Darlene. A equipe conta com muitas jogadoras fortes e abusa dos embates físicos em campo, tanto ofensivamente quando defensivamente.

4–3–3 do Flamengo em 2021

A primeira variação na saída de bola que o Flamengo apresentou em 2021, já foi utilizada em 2020. Kaylane, a 1ª volante, baixa entre as zagueiras e o Fla realiza sua saída de 3. Assim, as meias (Ana Karla e Dedê) se apresentam como primeira opção de passe para as zagueiras. As laterais (Raquel e Débora) alargam o campo, Flávia — centroavante — fixa a defesa adversária na profundidade e, Rafa Soares e Dani, efetuam movimentos de ruptura para mexer com a última linha adversária.

Na outra variação, a equipe realiza uma saída mais sustentada, as laterais alternam quem sobe e quem fica, dependendo da altura e do lado de onde se encontra a bola. Kaylane é quem mais se aproxima da primeira linha para auxiliar na saída de bola, já Ana Karla e Dedê, pelo centro, fazem movimentos onde se colocam em linhas de passe mais profundas. Rafa Barros e Dani ficam em amplitude e em profundidade máxima, cabendo a Flávia, fixar as zagueiras rivais.

Em ambos os casos, o padrão defensivo não muda, Flamengo tenta recuperar a bola numa pressão média ou alta, mas se não consegue, recua em 2 linhas de 4 com Flávia e Rafa Soares mais avançadas, como opções para uma ligação mais longa.

Como Darlene se encaixaria?

Imaginando dentro do 4–3–3 atual do Flamengo, Darlene se for encaixada na vaga de Flávia, ou seja, de centroavante, mudaria o padrão ofensivo, já que Flávia é quem fixa a defesa adversária e alarga o campo para que as companheiras possam trabalhar pelo centro do campo.

Por ser, atualmente, uma jogadora que recebe mais a bola na entrelinha, Darlene naturalmente sairia do posicionamento próximo das zagueiras rivais, obrigando que outra jogadora gere profundidade, como Rafa Barros e/ou Dani Ortolan, que se posicionariam dentro do momento ofensivo, em amplitude e profundidade máxima.

Esta situação tornaria Darlene uma Falsa 9, uma jogadora mais atuante na criação das jogadas de ataque, mas também faria de Dani e Rafa jogadoras mais posicionais, focadas mais em se posicionar para que as Meias + Darlene tenham maior liberdade de movimentação.

Outra opção seria o reajuste da última linha para uma Dupla de Ataque com Rafa Barros + Flávia ou Dani Ortolan. O que faria com que Darlene entrasse no sistema da equipe como uma Meia Armadora, atrás desta dupla, assim como jogou recentemente no SL Benfica.

Esboço do Flamengo com Darlene no 4–3–1–2

E por fim, Darlene entrando na vaga de ponta esquerda (lado do campo favorito para onde costuma se deslocar), com uma centroavante à frente e Rafa Barros posicionada na ponta oposta. A falta de velocidade e de engajamento para a recomposição defensiva poderia deixar o lado de Darlene exposto à ataques rivais, mas também potencializaria este lado ofensivamente, principalmente em momentos de aproximação do trio Darlene-Ana Karla-Sorriso por aquele lado.

Darlene com toda certeza elevará o nível do Flamengo dentro do Campeonato Brasileiro independente da sua posição no ataque, mas será muito interessante ver como Celso tentará extrair o máximo da atleta dentro da sua proposta de jogo.

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Thiago Ferreira
De Primeira — Futebol Feminino

Idealizador do @ffDePrimeira, Cinegrafista e Editor na CSE Sports e Colaborador do @PFF_oficial.