O CENÁRIO DA CONVOCAÇÃO OLÍMPICA DOS ESTADOS UNIDOS

Amanda Viana Silva
De Primeira — Futebol Feminino
16 min readJun 9, 2021

A Seleção de Futebol Feminino dos Estados Unidos vai para Tóquio em busca do pentacampeonato olímpico (ganhou em 1996, 2004, 2008 e 2012). Líder do ranking da FIFA, a equipe é a atual Bicampeã Mundial — venceu a Copa do Mundo em 2015, no Canadá, e em 2019, na França (possui 4 títulos no total: 1991, 1999 e os já citados) — e tenta uma dobradinha inédita: ganhar a medalha de ouro na Olimpíada logo em sequência da conquista do Mundial. Desde a inclusão do futebol feminino no programa dos Jogos Olímpicos (Atlanta, EUA, 1996), nunca nenhum país conseguiu alcançar o referido feito.

Jogadoras dos EUA — Sydney Leroux, Lauren Holiday, Alex Morgan, Abby Wambach e Megan Rapinoe — com a medalha de ouro na Olimpíada de Londres 2012. Foto: reprodução/Instagram USWNT.

Antes de partirmos para os cenários de convocação, vejo necessária uma contextualização do período entre a Olimpíada do Rio de Janeiro (2016) e os Jogos de Tóquio (2020 que virou 2021 graças ao adiamento devido à pandemia do coronavírus). A seleção estadunidense (campeã Mundial vigente na época), favorita ao ouro, amargou no Brasil uma atípica eliminação na fase quartas de final. O time, até então dirigido pela inglesa Jill Ellis, acabou eliminado nos pênaltis pela Suécia, treinada na época por Pia Sundhage (hoje técnica do Brasil), terminando em sua pior colocação na história da competição. O fracasso em questão mexeu com os bastidores da equipe e deixou em risco o cargo de Ellis, porém a US Soccer (Federação de Futebol dos Estados Unidos) bancou o emprego da treinadora. A inglesa, que assumiu o comando permanente da seleção em 2014, levou os EUA ao seu segundo título de Copa do Mundo consecutivo em 2019 e optou por deixar sua função em outubro do mesmo ano. Para preencher a vaga disponível, a US Soccer contratou o macedônio-americano Vlatko Andonovski. O técnico iniciou no cargo logo após a saída de Ellis e conduziu a equipe ao título do Torneio Pré-Olímpico, realizado no início 2020, garantindo, assim, a vaga nos Jogos de Tóquio. Vale destacar que os números do comandante com os Estados Unidos são bastante expressivos até o momento, com 17 vitórias e 1 empate em 18 partidas disputadas (considera-se dados entre 28/10/2019 e 09/06/2021), o que os torna favoritíssimos à medalha de ouro.

O conjunto comandado por Andonovski fará parte do grupo ‘G’ no Torneio Olímpico de Futebol Feminino, tendo sido sorteado junto com Suécia, Austrália e Nova Zelândia. Visando a preparação para Tóquio, a seleção estadunidense durante essa Data Fifa de junho jogará a ‘Summer Series’, uma série de 3 amistosos contra Portugal (10/06/21), Jamaica (13/06/21) e Nigéria (16/06/21). Em entrevista pós-convocação, Vlatko afirmou que o objetivo da comissão técnica com esses jogos será buscar replicar algumas condições que serão enfrentadas na competição olímpica, por exemplo a tentativa de simular a fase de grupos com 3 partidas em um curto intervalo de tempo. Além disso, os 3 confrontos acontecerão no estado do Texas, que possui condições climáticas (temperatura e umidade) muito parecidas com as encontradas no Japão nos meses de julho e agosto.

Para analisarmos os cenários da convocação olímpica estadunidense, considero válido compreendermos algumas premissas de jogo da seleção. De forma superficial, a equipe se porta em campo dividida em dois blocos com um elemento de conexão entre eles, isto é, atua, geralmente, em um 4–1–2–3 ou em um 4–1–4–1. Visando facilitar o entendimento, consideramos como bloco 1 as duas laterais e as duas zagueiras, como bloco 2 as duas meio-campistas mais ofensivas e as três atacantes e como elemento de conexão entre eles a meio-campista mais defensiva. O time tem como assinatura a intensidade, marcando por boa parte do jogo a saída de bola do adversário, executando um forte perde-pressiona (é quando se pressiona o oponente logo após perder a posse de bola) e movimentando bastante no setor ofensivo do campo. Logo, vê-se como fundamental que as atletas tenham boa condição física. Além disso, destaca-se que os Estados Unidos possuem uma bola parada fortíssima, tanto em cobranças de escanteios, como de faltas e de pênaltis.

Visualização da equipe dos EUA atuando no 4–1–4–1. Observe os 2 blocos mencionados no texto bem definidos, com o elemento de conexão entre eles. Imagem (adaptada): FS1
Visualização da equipe dos EUA atuando no 4–1–2–3. Observe os 2 blocos mencionados no texto bem definidos, com o elemento de conexão entre eles. Imagem (adaptada): FS1

Na primeira matéria da “Série Olímpica” — “O Torneio Olímpico de Futebol e suas peculiaridades”, detalhei fatores mais específicos da competição que podem influenciar na avaliação e na forma de condução da convocação pelos treinadores. No podcast ‘Fútbol with Grant Wahl’ (episódio 07/06/2021), do jornalista estadunidense Grant Wahl, Vlatko Andonovski revelou que o processo de escolha das jogadoras é bem detalhado. Segundo o treinador, a comissão técnica possui uma espécie de tabela de critérios formada por 15 tipos de parâmetros, alguns deles com maior importância, outros com menor, que serão levados em consideração para a elaboração da lista:

1- Jogadora está saudável ou não

2- Atleta está em forma (física) ou não

3- Performance: o quão boa é a esportista

4- Posição/setor que atua e a competição existente dentro da equipe

5- Versatilidade: *Ao longo da linha de um mesmo setor (exemplo: joga de zagueira e de lateral); *Habilidade de jogar em mais de uma linha/setor (exemplo: joga no meio campo e no ataque)

6- Durabilidade: leva em conta a idade das jogadoras; histórico de lesões (especialmente em grandes torneios)

7- O desempenho atual da atleta

8- O encaixe da jogadora no time: conhecer e entender o modelo de jogo, além de colocá-lo em prática; o quão bem a atleta se porta em duelos contra adversários já conhecidos (no caso, os olímpicos)

9- Experiência

10- Potencial futuro (vê atletas de 26 a 29 anos conjugando, provavelmente, as características 9 e 10)

11- Parceria com outras jogadoras do time

12- Impacto na equipe e nos treinos

13- Influência no ambiente do time

14- Cultura de seleção

15- Uma qualidade especial que a jogadora possui e que possa ser diferencial em momentos da competição

Além disso, o comandante revelou que não possui nada certo ou definido quanto à lista, mas que tem em mente em torno de 12 dos 18 nomes a serem escolhidos e que as decisões serão tomadas pensando no melhor para a equipe.

Passando para a análise dos nomes considerados para a seleção olímpica (são 18 vagas no elenco principal, além de mais 4 vagas de alternate, que é a “lista reserva”, de suplentes) e tentando imaginar o status que eles possuem na avaliação da comissão técnica, levarei em consideração o roster chamado por Andonovski para a ‘Summer Series’ nessa Data Fifa (23 jogadoras — ver imagem abaixo), bem como algumas jogadoras ausentes, mas que foram utilizadas ao longo do ciclo. É válido destacar que o treinador declarou em entrevista coletiva pós-ultima convocação que essas 23 atletas chamadas, somadas às lesionadas Julie Ertz e Tobin Heath, são aquelas que receberão o maior foco no momento, no entanto não descartou a possibilidade de algum nome diferente.

Lista de convocadas da seleção dos Estados Unidos para a disputa da ‘Summer Series’. Divisão de setores: goleiras (‘goalkeepers’), defensoras (‘defenders’), meio-campistas (‘midfielders’), atacantes (‘forwards’). Foto: US Soccer

A- Jogadoras certas na lista para os Jogos Olímpicos — somente um motivo de força maior tira alguma dessas atletas da Olimpíada (no caso, alguma lesão irrecuperável a tempo):

*ALYSSA NAEHER (goleira, 33 anos): é titular absoluta. Bicampeã Mundial, tendo sido titular na conquista de 2019 — ficou marcada por defender um pênalti na reta final da semifinal contra a Inglaterra. Esteve na Olimpíada de 2016.

*KELLEY O’HARA (lateral direita, 32 anos): é titular e também pode atuar na lateral esquerda. Muito experiente, esteve presente na conquista do ouro olímpico em 2012 e é Bicampeã Mundial. Problema: é propensa a lesão, tendo ficado boa parte do período pós-Copa de 2019 machucada (tornozelo e joelho), fato que prejudicou bastante sua forma e performance nesse período. Lado positivo: vem tendo uma maior sequência no inicio da liga doméstica estadunidense (NWSL), retomando, aos poucos, sua condição ideal. Lateral equilibrada, muito boa nos cruzamentos.

*ABBY DAHLKEMPER (zagueira, 28 anos): é titular e esteve presente no título do Mundial de 2019. Muito regular pela seleção, dona de uma boa saída de jogo e bate bem na bola.

*BECKY SAUERBRUNN (zagueira, 36 anos): é titular e principal capitã da equipe. Bastante experiente, possui medalha de ouro olímpica (2012) e é Bicampeã Mundial. Não é muito veloz, mas compensa isso com boa leitura de jogo e bom posicionamento.

*CRYSTAL DUNN (lateral esquerda, 28 anos): é titular. Meia atacante de origem, atua improvisada na lateral esquerda (de forma bem competente). Jogadora muito inteligente e completa. É um dos principais expoentes técnicos do time. Esteve no Rio em 2016 e foi Campeã Mundial em 2019.

*JULIE ERTZ (meio campo defensiva, 29 anos): é titular absoluta. Considero a jogadora mais importante da equipe (é o elemento de conexão entre os setores), visto que é o ponto de equilíbrio e não possui uma substituta com as mesmas características à altura no elenco. Problema: está lesionada — machucou no dia 16/05/2021, na partida entre seu time, Chicago Red Stars, e o Portland Thorns. A informação oficial é a de que houve uma torção do ligamento colateral medial (LCM) do seu joelho direito. Espera-se que esteja disponível para os amistosos pré-olímpicos no início de julho e pronta para a Olimpíada. É Bicampeã Mundial e pode jogar como zagueira, posição em que iniciou sua carreira.

*ROSE LAVELLE (meio campo, 26 anos): reveza entre titular e reserva (Lavelle, S. Mewis e Horan disputam 2 vagas no 11 inicial). É Campeã Mundial (2019), tendo recebido a Bola de Bronze na Copa. Jogadora que consegue conjugar, muito bem, velocidade e drible. Geralmente atua pela direita na faixa central do campo (pode fazer a ponta direita também). Problema: é propensa a lesão — teve uma pequena lesão (coxa) durante a Copa de 2019, fato que não a impediu de jogar, mas que fez com que seus minutos fossem controlados. Tem bastante problema para atuar de forma regular por clubes por causa de suas lesões (coxa, tornozelo e joelho são áreas complicadas), mas na seleção se apresenta de forma satisfatória e sólida.

*SAM MEWIS (meio campo, 28 anos): reveza entre titular e reserva (Lavelle, S. Mewis e Horan disputam 2 vagas no 11 inicial). É Campeã Mundial (2019) e foi alternate na Olimpíada de 2016. Pode atuar na faixa central do campo tanto pela direita, quanto pela esquerda. Jogadora muito regular e que possui características defensivas e ofensivas bem equilibradas. É a jogadora mais alta da equipe e tem um jogo aéreo fortíssimo. Pode ser uma das cobradoras de faltas perto da área (cobrança com força). É possível considerar a temporada atual como sendo a melhor de sua carreira, levando em conta clube e seleção juntos.

*LINDSEY HORAN (meio campo, 27 anos): reveza entre titular e reserva (Lavelle, S. Mewis e Horan disputam 2 vagas no 11 inicial). É Campeã Mundial (2019) e esteve nos Jogos de 2016. Geralmente atua pela esquerda na faixa central do campo, podendo jogar mais avançada também. Jogadora muito forte fisicamente, de boa estatura (ameaça na bola aérea) e que vem aprimorando constantemente a parte técnica. Possui uma característica rara: atua de cabeça erguida, enxergando bem o jogo. Boa batedora de faltas na região central, próxima da área.

*TOBIN HEATH (atacante, 33 anos): reveza entre titular e reserva de acordo com a rotação ofensiva, mas geralmente começa jogando. Extremamente experiente, é Bicampeã Olímpica (2008 e 2012) e Mundial (2015 e 2019). Jogadora muito inteligente e competente tanto tática (bom trabalho sem a bola), quanto tecnicamente. É muito importante para o sistema do Vlatko Andonovski pela faixa direita do campo, conseguindo aliar aplicação e intensidade tática com criatividade e capacidade de associação. Problema: vem de um período de alguns meses lesionada — Heath vinha fazendo pelo Manchester United uma das melhores temporadas de sua carreira (considerando os últimos anos), porém teve uma lesão no tornozelo em janeiro desse ano e teve sua recuperação atrasada em abril ao lesionar seu joelho. Segundo informações da US Soccer e de Andonovski, a jogadora já está trabalhando com bola (treinando com o time, mas não totalmente integrada) e o objetivo é, daqui pra frente, aprimorar a parte física para que ela consiga atuar, ao menos, em torno de 65 minutos nos amistosos pré-olímpicos no início de julho e esteja pronta para os Jogos.

*CHRISTEN PRESS (atacante, 32 anos): reveza entre titular e reserva de acordo com a rotação ofensiva. É Bicampeã Mundial (2015 e 2019) e esteve presente em Londres 2012 (como alternate) e no Rio 2016 (elenco principal). Se caracteriza por ser muito veloz e ter uma boa finalização de jogadas. Pode atuar nas duas pontas e centralizada, mas rende mais quando está pelo lado esquerdo do campo. Boa batedora de escanteios e faltas na lateral da área.

*MEGAN RAPINOE (atacante, 35 anos): reveza entre titular e reserva de acordo com a rotação ofensiva, mas geralmente começa jogando. Extremamente experiente, possui um ouro olímpico (2012) e é Bicampeã Mundial (2015 e 2019). Costuma atuar pela ponta esquerda e bate muito bem na bola, tanto com ela rolando, quanto parada (é a principal cobradora de pênaltis do time). Rapinoe costuma lutar contra lesões em seu clube e na seleção. Foi para a Olimpíada de 2016 sem estar 100% fisicamente (fato que gerou críticas à Jill Ellis) e se lesionou durante a Copa de 2019, tendo minutos controlados na competição (ainda assim foi peça-chave para a conquista). A questão física e a intensidade podem ser problemas, mas acaba por compensar na alta capacidade de decisão.

*ALEX MORGAN (atacante, 31 anos): reveza entre titular e reserva de acordo com a rotação ofensiva, mas em torneios grandes é a dona do centro do ataque. Experiente, possui um ouro olímpico (2012) e é Bicampeã Mundial (2015 e 2019). A atleta deu à luz Charlie Elena Carrasco em maio de 2020 e foi beneficiada pelo adiamento dos Jogos. Finalizadora nata e de ótima leitura de jogo, Morgan é referência do ataque da equipe e vem aprimorando mês a mês sua condição física e técnica.

B- Jogadora encaminhada na lista olímpica — só não a coloquei como certeza porque seu nome não tem tanto peso quanto o de suas companheiras “certas”, mas a vejo praticamente confirmada em Tóquio:

*EMILY SONNETT (defensora, 27 anos): é reserva, porém costuma ser a primeira opção de substituição da linha defensiva. Zagueira de origem, mas que joga em ambas as laterais e também pode atuar como primeira volante. Não é um expoente técnico, mas consegue ser uma jogadora versátil “ok”, competente e que encaixa bem no sistema do treinador Andonovski. Esteve na Olimpíada de 2016 como alternate e é Campeã Mundial (2019).

C- Jogadoras que estão mais fortes na briga pelas vagas restantes (considerando minha avaliação acima, restariam apenas 4 vagas em disputa — 1 goleira, 1 defensora, 2 para meio campo/ataque — além das 4 vagas de alternate):

*CARLI LLOYD (atacante, 38 anos): atuou como centroavante titular em vários jogos da ‘Era Vlatko’. Extremamente experiente, é Bicampeã Olímpica (2008 e 2012) e Mundial (2015 e 2019). A carreira de Lloyd dispensa comentários, mas ela se encontra “na bolha” por uma vaga muito pela dúvida se consegue entregar o necessário em jogos grandes considerando a exigência de sua função. Nos confrontos recentes contra seleções do alto escalão, não conseguiu performar o suficiente muito pela imprecisão nas tomadas de decisão e acabamento de jogadas, além de ter dificuldade de entregar a intensidade sem a bola exigida pelo treinador. Outro problema é o fato de encaixar na equipe apenas na “função de camisa 9”, o que é um complicador pensando que o elenco é curto e que o time já tem sua provável titular da posição (Alex Morgan). O que conta a seu favor é justamente sua experiência dentro e fora do campo e o peso de seu nome.

*LYNN WILLIAMS (atacante, 28 anos): reveza entre titular e reserva. Apesar de frequentar várias convocações ao longo dos anos, a atleta nunca representou o país em algum evento de grande porte. Possui um preparo físico invejável e é muito inteligente e obediente taticamente (tanto na parte ofensiva, quanto na parte defensiva), características que contribuem para que seja muito bem vista pela comissão técnica. Williams pode jogar nas 3 posições de ataque, mas no esquema de Andonovski costuma render mais na ponta direita. A vejo como uma reserva muito útil para o elenco olímpico e, mesmo não tendo o peso do nome igual outras atletas concorrentes, veria como surpresa uma não convocação, devendo ir ao menos como alternate. O que joga contra ela são seus problemas no acabamento das jogadas. A jogadora gera bastante jogo para o time, porém, na hora de concluir o lance, tem lidado com imprecisões. Além disso, a lesão da Julie Ertz pode causar mudanças no destino das vagas, sendo uma vaga de atacante destinada para uma meia, fato que pode diminuir as chances da Williams assegurar sua posição na lista principal.

*TIERNA DAVIDSON (defensora, 22 anos): é reserva. Apesar de jovem, já é Campeã Mundial (2019). Problema: é propensa a lesão, tendo ficado parte do período pós-Copa (2019 e 2020) lesionada. Pontos positivos: é canhota, zagueira de origem e pode fazer também a lateral esquerda; tem bom passe e vai muito bem cruzando bolas para a área (por exemplo: dona de duas assistências originárias de cobranças de escanteios no Mundial de 2019).

*ALANA COOK (defensora, 24 anos): é reserva. Zagueira de origem, a jogadora também pode quebrar um galho na lateral direita. Forte no jogo aéreo. O que pesa contra ela é a inexperiência com a camisa da seleção, bem como o fato de ter menos habilidade técnica, quando comparada com suas concorrentes para uma vaga de defensora. A vejo com possibilidades mais como alternate do que para o elenco principal.

*MIDGE PURCE (defensora, 25 anos): é reserva. Atacante de origem, foi improvisada por Andonovski na lateral direita. Eu não vejo, no momento, futuro para ela na lateral muito pelo aspecto defensivo do seu jogo, que ainda precisa evoluir com as especificidades da função. É muito rápida e tem um 1 contra 1 em velocidade poderoso. A vejo com possibilidades mais como alternate do que para o elenco principal.

*CATARINA MACARIO (meio campo, 21 anos): é reserva. Nascida no Brasil, a atleta recebeu a cidadania estadunidense no início de 2021, passando a representar a seleção dos Estados Unidos. A concorrência é bastante pesada e a inexperiência profissional (é seu primeiro ano de carreira fora do College) é um peso contra a vaga no elenco principal. Um fator que pode beneficiá-la é sua versatilidade, podendo atuar na faixa central do meio campo e, também, como uma espécie de ‘falso 9’ (jogou mais centralizada no comando de ataque em partidas pelo Lyon). Outro fator que, querendo ou não, pode ajudá-la é o hype criado em torno de sua estreia pela seleção. É mais provável uma vaga entre as alternates do que uma vaga para o elenco principal. Mas não dá para descartar nenhum tipo de cenário.

*KRISTIE MEWIS (meio campo, 30 anos). É reserva. A jogadora mais velha da família Mewis entrou na conversa olímpica muito pelo seu belo ano de 2020. Dona de atuações de destaque pelo Houston Dash, Mewis ganhou seu espaço na equipe nacional e, sempre que entrou, entregou atuações regulares, tendo marcado seus golzinhos e dado bons passes. A jogadora é canhota e pode atuar por toda a região central do campo. Além disso, tem como característica a boa capacidade técnica e batida qualificada na bola. Pode-se dizer que Kristie, quando comparada com as outras meio-campistas da “bolha”, apresenta o rendimento mais estável e sólido no momento. O que joga contra é a inexperiência em grandes eventos. A concorrência é alta e qualquer cenário é possível aqui.

*ANDI SULLIVAN (meio campo, 25 anos). É reserva. Problema: propensa a lesões — teve uma lesão no menisco em 2020, precisando de cirurgia. A volta foi lenta e acabou enfrentando pequenas lesões em treinamentos pela seleção no início de 2021, mas tem conseguido se manter saudável e bem fisicamente nos últimos meses. Eu não a via com possibilidade real na briga pela vaga, mas a lesão da Julie Ertz a colocou no páreo, já que é a jogadora que mais se assemelha ao estilo de jogo. Suas chances no elenco principal dependem muito do status da Ertz. Vejo como bastante provável uma oportunidade entre as alternates, muito pela situação já mencionada da Julie.

*SOPHIA SMITH (atacante, 20 anos): é reserva. Um dos talentos da nova geração e que tem recebido muita expectativa para o pós-Olimpíada. Problema: é propensa a lesão — pouco jogou em 2020, conseguindo emendar minutos em partidas apenas no final do ano. Em 2021 a convivência com as lesões permanece, tendo ficado de fora de alguns jogos pelo clube e pela seleção. Acho improvável sua presença no elenco principal, tanto pela forte concorrência, quanto por não entregar garantias físicas. Acredito que tenha chance como alternate (objetivo de pegar experiência para o próximo ciclo).

*JANE CAMPBELL (goleira, 26 anos): é reserva. Figurinha carimbada nas convocações da ‘Era Vlatko’. É especialista em defesas de pênalti, tendo um histórico muito bom na NWSL, fato que pode contribuir para ganhar a vaga. Fez um bom 2020 e continua regular em 2021. Acredito que vá ao menos como alternate. As opções para o gol se encontram em níveis semelhantes no momento. Pela confiança que o treinador aparenta ter nela, a vejo levemente à frente das concorrentes pelo segundo posto de goleira no elenco titular, porém o lugar está aberto.

*ADRIANNA FRANCH (goleira, 30 anos): é reserva. Foi Campeã Mundial em 2019. Se lesionou em 2020 (joelho) e praticamente não atuou na temporada. Só voltou a ser lembrada por Andonovski nessa última convocação, acredito que muito pela sua performance crucial na final da NWSL Challenge Cup de 2021. Foi chamada no momento decisivo, o que a deixa numa boa posição para ir ao menos como alternate. A experiência pode contar a seu favor.

D- Jogadoras que participaram de convocações no ciclo, mas que por não terem figurado nas últimas chamadas, têm sua chance olímpica classificada como remota:

*ASHLYN HARRIS (goleira, 35 anos): Bicampeã Mundial (2015, 2019), esteve nos Jogos do Rio como alternate. A via como nome certo ao menos como suplente, porém ficou de fora das convocações a partir da SheBelieves Cup 2021. Assim, acho improvável que desbanque Franch e/ou Campbell por alguma das vagas disponíveis (elenco principal ou alternate).

*ALI KRIEGER (defensora, 36 anos): Bicampeã Mundial (2015, 2019), esteve na Olimpíada de 2008 como alternate e de 2016 no elenco principal. Fez carreira, na maioria dos anos, na lateral direita, mas pode atuar também na esquerda e como zagueira, função que tem desempenhado mais recentemente. Acabou ficando para trás na corrida pela vaga e, caso não tenha alguma lesão entre as principais concorrentes, é provável que Krieger fique de fora da lista.

*CASEY KRUEGER (defensora, 30 anos): conhecida até pouco tempo atrás pelo seu antigo sobrenome, Short, pode atuar nas 4 posições da linha de defesa, mas rende mais de lateral. Jogadora regular e de boa qualidade técnica, porém é extremamente improvável que consiga alguma vaga.

*EMILY FOX (defensora, 22 anos): é lateral e um talento para o próximo ciclo. Chances quase nulas.

*JAELIN HOWELL (meio campo, 21 anos): é um talento para o próximo ciclo. Devido à lesão da Ertz até acreditei na possibilidade de figuração na lista dessa Data Fifa, o que não aconteceu. Chances quase nulas.

*MAL PUGH (atacante, 23 anos): é Campeã Mundial (2019) e teve nos Jogos Olímpicos de 2016 sua primeira participação em um evento grande pela seleção principal. Surgiu como uma grande promessa, mas, na minha opinião, não evoluiu de acordo com o que seu teto sugeria. Tem lutado muito com lesões, não conseguindo uma regularidade no clube e na equipe nacional. Chances quase nulas.

Para finalizar, Vlatko Andonovski ainda não tem dia específico para anunciar a convocação olímpica oficial, no entanto é sabido que deve acontecer alguns dias após as partidas da ‘Summer Series’, tendo limite máximo no final do mês de junho. A seleção estadunidense já definida para Tóquio fará, nos dias primeiro e cinco do mês de julho, 2 amistosos (‘Send-Off Series’) contra a seleção do México, fechando, dessa forma, a preparação para os Jogos Olímpicos.

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