Boogie Oogie: mais uma novela das seis que é a melhor em exibição

Trama ágil, história bem contada, personagens carismáticos e ganchos matadores fazem de Boogie Oogie uma novela imperdível

Bruno Viterbo
Ficção brasileira

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Boogie Oogie começou meio sem jeito, desengonçada, escorregando na pista no primeiro capítulo. Mas foi só um susto. Os capítulos seguintes mostraram que a novela da show na pista e é a melhor dançarina — quer dizer, melhor novela — atualmente no ar. (Excluo O Rebu por ser um produto completamente diferente de uma novela, ainda que receba essa denominação).

A novela das seis se beneficia principalmente de seu tempo de arte. Os capítulos de Boogie Oogie tem no máximo 35 minutos, tempo suficiente para se contar (muito) bem uma história. A trama ganha em agilidade e, consequentemente, qualidade. Cabe dizer que as novelas das seis tem o padrão de ter duração menor. Novelas das nove tem, em média, entre 50 a 55 minutos, se arrastando no ar.

Outro acerto de Boogie Oogie é a edição e direção. A agilidade da trama é acompanhada pelas cenas, que são rápidas e precisas o suficiente para contar uma boa história. Mesmo com as “tiradas” constantes referentes aos anos 1970, o roteiro encontrou seu caminho, e Boogie Oogie poderia ser, com um pouco mais de ação ou drama, uma novela das nove — pensando que o horário é o mais nobre da TV. Coisa que, hoje, se torna cada vez mais obsoleta: as tramas das seis são as que tem entregado os melhores produtos nos últimos anos.

A agilidade da história é acompanhada de atuações seguras, convincentes. A Madalena de Betty Faria é um show à parte. Ver Francisco Cuoco, através de Vicente, fazendo referência à novela O Astro foi sensacional: o personagem assistia à novela, que passava na época, e queria saber “quem matou Salomão Hayalla?”. Cuoco era o protagonista Herculano Quintanilha. Foi uma das boas sacadas em Boogie Oogie, que usa e abusa delas, mas que se tornaram mais digeríveis e menos forçadas.

A história não anda em círculos. Em poucos capítulos, a trama principal — troca de bebês — já envolve vários personagens, inclusive as trocadas Sandra (Ísis Valverde) e Vitória (Bianca Bin). A cada capítulo, um novo fato para culminar na revelação às principais interessadas, por volta do 50º. Isso sem voltas, sem barrigas e com algo essencial: os ganchos.

Os ganchos de Boogie Oogie são matadores. E não estão lá somente nos finais dos capítulos. Ou nos finais de cada bloco. Muitas, se não a maioria das cenas, tem ganchos. Isso é um feito para um produto como uma telenovela e, desde o início, o diretor Ricardo Waddington já dizia que o autor Rui Vilhena era “o rei dos ganchos”. Além de uma boa história e boas atuações, esse é um item essencial para prender o telespectador.

Boogie Oogie é a melhor novela no ar. Em nada lembra a contemporânea Pecado Mortal, da Record. As duas fazem parte de um mesmo universo, mas cada uma com suas características. A única coisa em comum, talvez, são os ganchos, que Pecado Mortal usava muito bem. A trama da Globo falha apenas na caracterização por vezes exagerada, na ânsia de mostrar que é realmente dos anos 1970. Um detalhe que é perdoado.

Boogie Oogie dá show e arrasa na pista.

Atualização em 26/09, às 16:35: Boogie Oogie, além de todas as qualidades descritas acima, tem causado algo que fazia tempo que não acontecia em uma novela: raiva dos personagens. Pedro (José Loreto) e Cristina (Fabiula Nascimento) são a pedra no sapato de Sandra (Ísis Valverde), e estão insuportáveis. E isso é sensacional. Ele por sua obsessão doentia pela ex-namorada, e ela por se meter na vida do sobrinho, Rafael (Marco Pigossi), e impedir a todo custo o envolvimento dele com Sandra, preferindo sempre Vitória (Bianca Bin).

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Bruno Viterbo
Ficção brasileira

Redator, às vezes fotógrafo (como na foto ao lado) e às vezes jornalista. Mas sempre encontrando tempo para assistir alguma coisa (boa) na TV.