Mercado de ações e fundos listados

Explicando um pouco de como funciona o mercado acionário e de fundos de investimentos no Brasil

Bruno Oliveira
Educação, Finanças & Tecnologia
7 min readApr 18, 2020

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As ações

O mercado de ações é um segmento do Mercado Financeiro que fornece recursos provenientes dos investidores para as empresas financiarem o seu crescimento. O financiamento neste mercado acontece através da venda de ações.

Ações são valores mobiliários que representam pequenas partes de uma empresa. Quando uma companhia abre seu capital, o patrimônio dela é dividido em várias ações que são vendidas para os investidores. O investidor que adquire uma ação se torna sócio da empresa e, como tal, possui direito a participação nos resultados, proporcionalmente ao número de ações que detém.

Para distribuir ações, a empresa deve ser uma sociedade anônima e atender exigências e regras da B3 e CVM, ou seja, ela precisa abrir capital. Após adquirir ações de uma empresa, os investidores tornam-se sócios dela. Posteriormente, as ações podem ser negociadas entre os investidores, no ambiente de negociação da Bolsa, o PUMA.

As ações podem ser ordinárias (São ações que dão direito a voto em assembleia de acionistas e normalmente são detidas em grande quantidade pelos controladores da companhia) ou preferenciais (Conferem aos detentores direito prioritário no recebimento de dividendos, ou seja, na distribuição dos lucros. Normalmente os acionistas preferencialistas recebem 10% a mais que os ordinaristas. Em caso de dissolução da sociedade também possuem prioridade no reembolso de capital).

E como se ganha dinheiro com ações? É possível ganhar a partir de:

(i) dividendos — é a parcela de lucro distribuída ao acionista. O pagamento é proporcional à quantidade de ações em poder do investidor. Grande parte das companhias distribui, no mínimo, 25% de seu lucro líquido, ou seja, após o pagamento de impostos. Algumas empresas optam por também pagar Juros Sobre Capital Próprio (JCP).

(ii) valorização do preço da ação — é quando o investidor vende
as ações por um preço acima daquele que pagou quando adquiriu a ação;

(iii) bônus sobre subscrição — é o direito legal de aquisição de novas ações pelos atuais acionistas que devem ter preferência na subscrição em caso de aumento de capital. Tal direito é proporcional às quantidades já detidas pelos acionistas. Esse evento ocorre em momentos de novas emissões de ações para captação de recursos por empresas que já possuem o capital aberto e listagem em bolsa;

(iv) bonificação — É fruto do aumento de capital de uma empresa de capital aberto e ocorre quanto é feita a incorporação de reservas e lucros. Esse processo gera a emissão de novas ações que são distribuídas gratuitamente
ao acionistas em um número proporcional às já possuídas.

Considerando as diversas estratégias adotadas para se negociar no mercado, é possível identificar alguns perfis notáveis de investidores:

Há alguns outros (exemplo: Scalper), mas talvez esses sejam os principais

Os BDRs

Brazilian Depositary Receipt (BDRs) são certificados que representam valores mobiliários (ex.: ações) de companhias de capital aberto, com sede no exterior e emitidos por instituição depositária no Brasil. Os BDRs foram criados para servirem como instrumentos de negociação indireta de ações estrangeiras na B3. Os detentores desses certificados possuem direitos similares aos de quem investe nas ações da empresa no país de origem. Os bancos e corretoras podem atuar como instituições depositárias.

Os BDRs podem ser patrocinados (quando a empresa emissora contrata a
instituição depositária que será responsável pela emissão dos certificados) ou não-patrocinados (Quando as instituições depositárias emitem programas de certificados sem o envolvimento da empresa emissora). Os BDRs não patrocinados podem ser adquiridos apenas pelos tipos de investidores autorizados pela CVM.

Assim como as ações, o retorno do investimento em um BDR pode ser através da variação cambial, valorização do preço ou recebimento de dividendos repassados pela instituição depositária ao investidor. Os BDRs são utilizados por todos investidores que desejam investir em participações acionárias de empresas de capital aberto sediadas no exterior.

Os Empréstimos de Ativos

O Empréstimo de Ativos é uma prática na qual, em troca de uma taxa de
remuneração previamente acordada, o detentor de determinados ativos (doador do empréstimo) autoriza sua transferência a um terceiro (tomador do empréstimo) que tem o compromisso de devolvê-los ao fim da operação, caso a mesma não seja renovada.

O Serviço de Empréstimo de Ativos permite a transferência de ativos da carteira de um investidor (doador) para satisfazer necessidades temporárias de outro investidor (tomador). O Empréstimo de Ativos torna os mercados mais líquidos, aumentando sua eficiência e flexibilidade, beneficiando investidores com estratégias de curto e longo prazo.

Os Fundos de Investimentos

Um fundo de investimento é um condomínio que reúne recursos de um conjunto de investidores com o objetivo de rentabilizá-los através da aquisição de uma carteira de investimentos. É um investimento coletivo.

O patrimônio de um fundo é dividido em cotas , e o investidor, ao adquirir essas cotas, torna-se cotista. Quem investe em fundos concorda em pagar uma taxa de administração a terceiros, o administrador e principalmente ao gestor do fundo, que fará a aplicação dos recursos do fundo no mercado.

Os fundos diferem nos ativos em que podem investir, por exemplo: ações, títulos de renda fixa, imóveis, derivativos, entre outros. Portanto, cada fundo oferece uma relação entre risco e retorno. Isso permite aos investidores realizarem aplicações em carteiras diversificadas e com a administração de profissionais, sem a necessidade de dispor de grandes quantias de dinheiro.

Para entender melhor sobre fundos de investimento é importante que você conheça os principais agentes desta indústria:

  • Gestor: decide em quais ativos o fundo vai investir
  • Administrador: responsável pela controladoria e tesouraria do fundo (cálculo do valor da cota)
  • Custodiante: realiza a guarda dos ativos da carteira do fundo

ETFs (Fundos de Índices)

Os Fundos de Índices (ETF — Exchange Traded Funds) são fundos de investimentos (de gestão passiva) que aplicam seus recursos em carteira de ações ou de títulos de renda fixa, espelhadas em índices de referência de mercado. Por exemplo: o ETF que reflete o Ibovespa terá na sua carteira as mesmas ações do índice em proporções similares.

FII (Fundos Imobiliários)

FIIs são fundos de investimentos imobiliários que, como o próprio nome indica, aplicam seus recursos em carteira de ativos imobiliários (prédios comerciais, galpões, shoppings, etc.). As cotas de FII são negociadas na B3 e têm como atrativo a versatilidade e simplicidade operacional, pois com poucos recursos um investidor pode ser cotista de um grande empreendimento imobiliário.

A negociação é realizada no PUMA por qualquer perfil de investidor e
normalmente as cotas são adquiridas com objetivo de investimento de longo prazo. As regras são muito similares às dos outros tipos de fundos listados e das ações, o que não impede de serem adotadas estratégias de curto prazo também para essa modalidade. O mercado costuma categorizar os FIIs de acordo com o mandato do investimento, gestão (ativa ou passiva) e o segmento dos imóveis que investem:

FIDC (Fundos de Recebíveis)

Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC) é um tipo de fundo em que os recursos de sua carteira são destinados, principalmente à compra de recebíveis.

Se essa empresa precisa de dinheiro hoje, ela pode ceder esses créditos em troca de recursos. O FIDC adquire o direito sobre esses créditos mediante um valor menor do que aquele previsto no vencimento do recebível. Sua cota é valorizada à medida que os créditos são liquidados por valores superiores aos adquiridos. Devido à regulamentação da CVM, as cotas de FIDCs podem ser adquiridas apenas por investidores classificados como qualificados.

FIAs (Fundos de Ações)

FIA é um fundo de investimento em ações, que pode ser aberto ou fechado.
FIAs negociados no Pregão da B3 são fechados. Cada cota de FIA negociada na B3 representa uma parcela do patrimônio líquido do fundo de investimentos em Ações.

São fundos que possuem gestão ativa (diferente dos ETFs), ou seja, buscam rentabilidade superior a de um determinado índice de referência. A valorização das cotas na Bolsa deve refletir a valorização dos ativos da carteira, selecionados pelo gestor do fundo.

FIPs (Fundos em Participações)

Os FIPs são Fundos de Investimento em Participações constituídos em forma de condomínio fechado com o objetivo de investir seus recursos na aquisição de ações e outros valores mobiliários.

Na prática os FIPs buscam comprar participações relevantes em empresas
(de capital aberto ou fechado) por meio da compra de suas ações e atuar de
forma ativa na sua gestão participando do conselho de administração e imprimindo diretrizes estratégicas.

Mas o que vale a pena investir: fundos de investimentos ou ações? Bom, a minha opinião pessoal é a de que vale mais a pena investir diretamente em ações. Mas isso varia de acordo com as características e perfil de investimento de cada um.

Fundos de Investimentos valeria a pena?

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Bruno Oliveira
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Auditor, escritor, leitor e flanador. Mestrando em TI, tropecei na bolsa de valores. Acredito nas estrelas, não nos astros. Resenho pessoas e o tempo presente.