Qual o perfil de quem investe em bolsa de valores no Brasil em 2023?

Alguns levantamentos da B3 sobre o perfil de seus investidores pessoa física de seus mercados organizados

Bruno Oliveira
Educação, Finanças & Tecnologia
4 min readMar 21, 2023

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A demografia destes investidores

De acordos com dados da B3 [1], o investidor brasileiro na bolsa de valores é homem (77%), entre 16 e 35 anos (63%) — idade média de 32 anos, sudestino (57%), não possuem filhos (60%) e trabalham em tempo integral (62%). Ressaltando ainda que, apesar da maioria dos investidores possuírem renda média de até R$ 5000,00 (56%) por mês, o volume financeiro está concentrado nos homens com idade superior a 56 anos (55%) e paulista (47%).

De acordos com dados da ANBIMA [5], que contempla investidores que também atuam fora da bolsa de valores, o investidor brasileiro geral é um pouco mais velho (idade média de 42 anos), que tem maior participação feminina (mulheres 53% vs 47% homens), 79% só possui até o ensino médio como formação e a renda familiar média é de R$ 3.773 e ainda é sudestino, mas a proporção é menor (44%).

Ou seja, a imagem do investidor é aquele velha imagem do homem branco, hétero e rico que domina em quantidade de pessoas e de dinheiro. Importante ver que a B3 consegue atrair investidores mais jovens, homens e mais capacitados, enquanto que outros investimentos conseguem ser mais acessíveis, menos discriminatórios e aberto para população mais pobre — ainda que as classes A e B sejam dominantes nos investimentos.

Perfil de investimento

Os principais perfis identificados [2] foram os ousados (39%) — que buscam a independência financeira; os realizadores (39%) — que buscam liquidez e juntar dinheiro para realizar um sonho; e os avessos aos riscos (18%) — que investe sempre com muita precaução. Deste último grupo, 53% responderam que pretendiam diversificar seus investimentos, o que
demonstrava a disposição à tomada de risco a médio e longo prazo.

Quanto mais avesso, menor conhecimento. Quanto maior conhecimento, menos avesso. [2]

As pesquisas [2] indicam que o investidor médio brasileiro pensa em investir com foco no médio e longo prazo, nos últimos anos passaram a reservar parte do seu patrimônio para este fim, entendem que se quiserem ganhar mais vão precisar se expor mais a riscos e na maior parte do tempo buscam informações na Internet e tomam decisões sozinhos, sem ajuda de assessores ou planejadores financeiros. A principal fonte de informação destes investidores continua sendo influenciadores de canais do YouTube (73%), ou também em plataformas online (45%) e amigos próximos (31%).

Alguns dos principais influenciadores — B3 [3]

A mediana do valor médio investido [2] por cada investidor já foi de R$ 3974 em 2015, e hoje está por volta de R$ 609. O investidor já consegue investir com menos grana e já há mais produtos com preço acessível do que antigamente. Os principais ativos investidos são os de renda fixa (66%), ações (11%) e tesouro direto (5%). O principal sentimento que investidor sente quando investe é entusiasmo (34%), segurança (24%) e conforto (19%). O principal motivo que faz o investidor resgatar o investimento é a necessidade imediata do dinheiro (64%). Cerca de 1,3 milhões de investidores (21% do total cadastrado) investem frequentemente na B3 (ao menos um investimento por mês) [4].

Fora da bolsa, a poupança é o produto financeiro de maior preferência do s brasileiros. Destaca se, ainda, que a grande maioria dos investidores concentram a totalidade de seus investimentos nesta modalidade, caracterizando os com o perfil de risco conservador. Destaca-se uma preponderância do conservadorismo do investidor na proporção de 70% dos investidores ativos [5].

De acordo com a B3 [3], os principais setores investidos em bolsa são o agronegócio e setor imobiliário. Investimentos no setor de agro (FIAGRO, CRA e LCA), no último ano, houve um aumento de investidores de 95% e de 79% de posições nestes ativos. Apesar de 73% dos investidores desse setor investirem apenas em LCAs, nota-se um crescimento em investimento em FIAGROs (+100 mil investidores). Investimentos no setor imobiliário (FII, ETF de FII, CRI e LCI), no último ano, houve um aumento de investidores de 37% e de 46% de posições nestes ativos. 51% dos investidores desse setor investem apenas em FIIs. Ainda, nota-se um crescimento em investimento em LCI (+377 mil investidores). Investimentos em criptoativos negociados em bolsa de valores (ETF de criptoativos) [3] vem crescendo também: aumento de 23% no número de investidores.

Evolução da posição de pessoas físicas. Cabe distinguir aqui a diferença entre contas e CPF [4]

Referências:

[1] B3. Perfil pessoas físicas. Market Data e Índices. 2023. Disponível em https://www.b3.com.br/pt_br/market-data-e-indices/servicos-de-dados/market-data/consultas/mercado-a-vista/perfil-pessoas-fisicas/perfil-pessoa-fisica/

[2] B3. A descoberta da bolsa pelo investidor brasileiro. Pesquisa de Pessoa Física. 2022. Disponível em https://www.b3.com.br/data/files/69/75/42/A0/36ECA71068C61CA7AC094EA8/Pesquisa%20PF_vf%20_dez.20_.pdf

[3] B3. Uma análise da evolução dos investidores na B3. Pesquisa de Pessoa Física. 2022. Disponível em https://www.b3.com.br/data/files/60/F5/18/AD/155E6810FAAA1D68AC094EA8/Book%20PF%20-%204TRI%202022.pdf

[4] B3. Uma análise da evolução dos investidores pessoas físicas na B3. Pessoa Física. 2020. Disponível em https://www.b3.com.br/data/files/E6/75/BC/90/36ECA71068C61CA7AC094EA8/Estudo_PF-final%20_mai.20_.pdf

[5] Zanotelli, Márcia Virginia de Almeida. Uma análise do perfil conservador do investidor brasileiro pessoa física. Dissertação. 2021. Disponível em https://repositorio.ufc.br/handle/riufc/59314

[6] ANBIMA. Raio-X do investidor brasileiro — 5° edição. 2020. Disponível em https://www.anbima.com.br/data/files/D2/53/F2/3D/A5AB0810B5890B086B2BA2A8/Relatorio_5_edicao_do_Raio_X_do_Investidor_Brasileiro.pdf

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Bruno Oliveira
Educação, Finanças & Tecnologia

Auditor, escritor, leitor e flanador. Mestrando em TI, tropecei na bolsa de valores. Acredito nas estrelas, não nos astros. Resenho pessoas e o tempo presente.