Paulinho do gigante coração

(o terceiro de uma pequena temporada de histórias)

Juliana Matavelli
firstparagraphproject
2 min readMar 19, 2018

--

Às sete da manhã desperta, pra voltar só depois da meia noite. Há duas décadas percorre a cidade, entre uma casa e outra, cheio de eletricidade.

Não deve ser só coincidência que cuida de um prédio com todo o seu vigor, acompanhando o ir e vir de pessoas, de suas histórias e o futuro promissor. Chegou de Serra Talhada (PE) em 1991, para nunca mais voltar. Talvez um parágrafo que ainda precise de ponto final.

José Paulo Pereira Nunes. Seu Paulo, ou Paulinho como o chamo, sempre me contou sobre a nossa história. Diz a memória que nos conhecemos quando eu ainda era menina de colo. Na época, há quase 23 anos, chegamos tarde para a visita ao apartamento. Meus pais e o corretor insistiram pela entrada, caso contrário não ficariam com o imóvel. Paulo, sério, olhou para todos e me encontrou. Pensou um tanto entre suas coragens e decidiu arriscar: ‘Podem entrar, mas só porque a menina está junto’. Convite aceito: mudamos e assim ficamos até hoje. Desde então, foi um bom divertimento: medíamos o passar do tempo com o raio que crescia entre a minha altura e a dele.

Paulinho, grande amigo de vida. Foto: Ju Matavelli

Entre muitas portas, algumas se fecham para sempre. Paulo lembra que perdeu muita coisa em sua terra natal, em especial, seu pai. Conta que sofreu, que doeu demais. Mas conta também o que aprendeu, o quanto sempre lutou e construiu tudo de novo. Hoje, sustenta sua família e o sorriso que carrego quando ele abre minha porta para o dia. A honestidade é uma distância que nos aproxima da felicidade. Deve ser por isso que seja simples reconhece-la em seu jeito. Deve ser assim, Paulo, que, como dizem, em tudo a gente aprende a ser melhor. Que seja num simples cumprimento.

03.09.2017

--

--