PROPÓSITO PRA QUEM?

Gabriela Souza
FLAMINGOwtf

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Acredito que todo mundo uma vez na vida já se viu em uma situação em que teve que se perguntar “que raios eu to fazendo aqui” quando se trata de trabalho. Aquele job ou aquela empresa que simplesmente não “fecha”com a gente mas continuamos lá seja por grana ou porque não ter perspectiva de ir pra outro espaço ou oportunidade. A gente se depara com esse tipo de situação desde o estágio no início da facul até o “emprego dos sonhos”. Que acaba não sendo tão dos sonhos assim.

A gente também sabe que existe uma enxurrada de novas empresas e modelos de negócios surgindo por ai que carregam no DNA o oposto dessa bagunça toda. São startups ups e novos empreendimentos que querem oferecer flexibilidade, qualidade de vida e ambiente descontraído e agradáveis para os colaboradores. Já se sabe a muito que esses fatores são decisivos para as novas gerações no mercado de trabalho.

Mas e as empresas que teriam tudo para serem “formais” por não fazerem parte do time visto como “tecnológicos do mercado”? Que não fazem parte do ramo das startups badaladas mega inovadoras ou que apenas apresentam serviços já conhecidos mas com novos modelos de trabalho, de experiência para o cliente?

O que a gente aprendeu nesse um ano de trabalho aqui na FLAMINGOwtf é que sim, dá pra fazer muita diferença em mercados “formais” se tu estiver disposto a cuidar com carinho das coisas simples e pautar teu trabalho com uma palavrinha: propósito. Aqui eu coloquei como “palavrinha” mesmo porque o tal propósito não precisa virar um bicho de sete cabeças. Aliás é na simplificação e no cuidado com os detalhes que essa palavrinha, que hoje em dia parece tão gigante no sentido e inalcançável na prática, se sustenta na realidade. A gente tende a relacionar esse termo a grandes causas e o que estou tentando mostrar aqui é: sim, ele também pode fazer muito sentido nas pequenas coisas do dia a dia como tomar um café por exemplo.

Nosso queridíssimo Café República já virou referência em atendimento entre os bares e cafés da Cidade Baixa. É impossível entrar em qualquer uma das duas unidades na Rua da República e não se encantar com a maneira carinhosa e descontraída com que todos te atendem. Quando tu começa a frequentar mais o Café e a interagir com quem trabalha por ali é fácil perceber que eles estão em um ambiente que é bacana pra eles. A alegria no atendimento e toda vive boa que tu sente vindo dessa galera não tem como ser treinada. Se o ambiente de trabalho não te proporciona essa acolhida fica difícil ser verdadeiro na acolhida do público. Dá uma olhadinha nesse vídeo pra entender o brilho no olho e a satisfação de quem trabalha por lá.

O propósito de que o público tenha uma boa experiência bebendo café se estender do “bom dia” na porta de entrada, passa pela xícara e vai até o “tchau” na saída. E se a galera que trabalha contigo não vive essa boa experiência eles não vão passar isso para o público: you can’t fake happiness.

Quem acompanha os trabalhos da FLAMINGOwtf sabe que desde o início quando ainda nem éramos FLAMINGOwtf sempre tivemos em mente a ideia de proporcionar boas experiências para quem passa por aqui. Como dizemos sempre: a comunicação tem que ser feita de pessoas para pessoas. E o segredinho, nem tão secreto assim, nessa equação toda é manter as coisas simples, eficientes e acolhedoras, e valorizar o que Tim Leberecht chama de “coisas desnecessárias”. Tudo bem que pra gente são essenciais, como aquele bolinho caseiro com. café e paçoca que a gente serve durante os nossos cursos. Ou aquela reunião na grama do pátio com coca-cola e confeito colorido para beliscar. Tim (renomado consultor e autor do livro Business Romantic — Give everything, quantify nothing, and create something greater than yourself. Foi diretor de marketing da NBBJ, multinacional de design e arquitetura, que ajuda organizações como Amazon, Fundação Bill & Melinda Gates, Boeing e Google a criar experiências significativas), chama essas coisas para nós essenciais de “desnecessárias” em seu TED “4 ways to build a human company in the age os machines”. No vídeo ele conta como o simples fato de tirar do orçamento um balão laranja que seria enviado para cada funcionário na comemoração da fusão de duas grandes empresas, acabou ditando o clima rígido e o consequente fracasso da companhia. Era um simples balão, algo como um mimo para que cada funcionário se sentisse parte do que estava acontecendo na nova fase daquela companhia. Mas por questões de orçamento acharam que não faria diferença alguma cortar esse gasto: fez. No vídeo Tim ainda lista outras 3 maneiras de manter sua empresa “humana”e fala sobre a importância de se criar intimidade/cumplicidade entre as pessoas que trabalham juntas. Vale assistir até o fim, porque afinal das contas temos um grande empreendedor, mundialmente conhecido, nos falando sobre coisas simples que fazem diferença e preenchem a lacuna do tão aclamado “propósito”.

No fundo a gente sempre sabe que colocar alma, coração e gentileza naquilo que se faz, seja comunicação, seja design ou café, é o que pauta o tipo de experiência que proporcionamos para quem está por perto. E experiências boas é o que nos leva a conexões mais fortes.

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Gabriela Souza
FLAMINGOwtf

Alguém um dia me disse “palavras, assim escritas, são eternas” e escrever, que já era mágico, ganhou um novo sentido.