10 coisas que aprendi ao fim de um mês no Observador

por Flávio Nunes

Flávio Nunes
Flávio Nunes

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Ao longo da vida, envolvi-me nos mais diversos tipos de projetos. Uns mais ousados do que outros.

Conciliei a licenciatura em Comunicação Social (Jornalismo) com as ideias extracurriculares que fui tentando colocar em prática. Agora, na reta final do curso, comecei um estágio de seis meses num dos jornais portugueses mais trending do momento: o Observador.

Chegou o momento de fazer um balanço das coisas mais importantes que retive ao longo destes trinta dias. Eis a lista das 10 coisas que aprendi ao fim de um mês no Observador.

1 . Menos é mais

De tudo o que aprendi ao longo deste primeiro mês no Observador, o princípio “less is more” é, certamente, das coisas mais importantes.

A verdade tem de ser dita: para quê perder tempo a adicionar aquele pequeno detalhe ao nosso trabalho? Aquele ínfimo pormenor que ninguém repara? Não passará isso de um perfecionismo infundado, cujo único objetivo é aumentar o nosso ego? Keep it simple.

2 . Se podes dizer numa só palavra, para quê usar 30?

Ó p’ra mim, a escrever um texto todo cuidado e cheio de palavras caras.” Fantástico. És espetacular. Mas esquece: ninguém liga a isso.

Quem quer ser lido tem a obrigação de simplificar o conteúdo. Excepto trabalhos escolares, ensaios e outros tipos de literatura académica. Ou caso exista uma intenção clara em contrário. Reformulando a máxima do ponto anterior, keep it short, and simple.

3. Cometes mais erros do que pensas

Toda a gente erra. Mas existem erros que cometemos constantemente, mesmo que não o saibamos.

Ainda que nos pareça a forma mais correta de fazer as coisas, se não houver ninguém para nos corrigir, é provável que continuemos a fazer mal o nosso trabalho. Fui-me apercebendo de alguns desses erros ao longo deste primeiro mês. E tenho a certeza de que cometo ainda mais do que aqueles que identifiquei até agora.

4 . Há sempre alguém melhor do que tu

Detesto ser eu a revelar-te isto, mas há sempre alguém com mais capacidade do que tu, independentemente daquilo que faças. No entanto, isso não te impede de te continuares a esforçar para fazer mais e melhor.

Existem sete mil milhões de pessoas no mundo. Umas são melhores do que as outras. Faz por merecer um bilhete de entrada no Clube do Talento.

5 . Não há ideias parvas. Há é ideias inexequíveis

As melhores ideias do mundo nasceram de pensamentos imbecis. Lembras-te daquela ideia absurda que tiveste enquanto estavas no duche? Alguns ajustes poderão torná-la numa ideia genial, por mais estapafúrdia que possa parecer.

Uma chuva de ideias — não necessariamente no duche — tem quase sempre bons resultados. Não há ideias parvas. O que há são ideias inexequíveis. E até essas podem traduzir-se em resultados excelentes.

6. Escrever também é editar

Já me tinha apercebido disso nas duas vezes em que participei no NaNoWriMo. Primeiro escreve-se um esboço, sem ligar a formatações ou a erros ortográficos. Depois, edita-se o trabalho.

Acreditem: editar é uma das partes mais giras e interessantes de todo o processo de escrita. Podem mesmo partilhar esse esboço com alguém de confiança, para que se debruce sobre ele com um olhar fresco e crítico. É nesta fase que aplico a máxima do ponto dois: cortar e simplificar, para depois publicar.

7 . O comportamento das pessoas na Internet é imprevisível

Que bom! Acabaste de publicar uma fotografia no Facebook e tens a certeza de que vai receber centenas de likes.

Bem, mais uma vez vou ser desmancha-prazeres. É possível que o teu conteúdo tenha o alcance que esperas. Contudo, também existe a possibilidade de cair em esquecimento e tu ficares com aquele sentimento esquisito de que ninguém o viu, porque ele é mau.

Mas também trago boas notícias! Não há nenhuma — repito, nenhuma! — relação entre a quantidade de pessoas que vê o teu trabalho na Internet e a qualidade do mesmo. Na rede, a diversidade é tal, que torna impossível prever o comportamento das massas, sobretudo quando se escondem por detrás de um ecrã.

Solução: faz bem o teu trabalho. Se criares conteúdos de qualidade, mais cedo ou mais tarde vão acabar por ter a visibilidade que tanto esperas. Recomendo este artigo de Nikki Lee:

“O mais significante ensaio que alguma vez publiquei foi lido por 100 pessoas. Nele, falava das minhas experiências pessoais com a depressão. O mais popular foi lido por mais de 80 000 pessoas. Escrevi-o em duas horas, num avião.”
(Nikki Lee)

8. São sempre mais os que gostam do teu trabalho do que os que o detestam

Ok. Nem tudo é perfeito e há trabalhos realmente maus. Mas mesmo esses servem para nos fazer crescer.

No entanto, quando surgem duras críticas a um trabalho visivelmente bem feito e estruturado, é normal que nos pareça que o mundo inteiro se virou contra nós. É ilusão.

Por um lado, na Internet, as pessoas costuma reagir quando não gostam de alguma coisa que viram — e, muitas vezes, de formas pouco saudáveis. Por outro, a grande maioria das pessoas, quando gosta de algo, não reage publicamente. Ainda para mais se estiverem meia dúzia de gatos pingados a dizer mal disso no Twitter.

Face a isto, é natural que nos pareça que há mais gente a odiar do que a gostar do nosso trabalho. Mas é mentira. Haters gonna hate.

9. O ótimo é inimigo do bom

Esta já não é nova. Mas sim, a sério. O “ótimo” e o “bom” odeiam-se profundamente.

Só que o “bom” é significativamente mais fácil de alcançar do que o “ótimo”. Eu prefiro trabalhar para o “bom” e, no fim, perceber que o resultado final foi “ótimo” do que trabalhar para o “ótimo”, perceber que não excedi as expectativas e ficar com um peso na consciência.

Quando escrevo um artigo, escrevo-o para que tenha qualidade aos meus olhos. Isso é bom. Mas se for lido por milhares de pessoas… bem… isso é ótimo!

10. Quando fazes uma lista de 10 coisas, confirma se ela tem mesmo 10

Quando terminei de escrever esta lista— e estava a segundos de a publicar — lembrei-me que seria melhor rever todos os pontos e confirmar se eram mesmo dez, não fosse o diabo tecê-las.

Et voilá. O texto original saltava do ponto cinco para o sete. Por isso, eis a décima e última coisa que aprendi nos últimos 30 dias: as revisões pré-publicação nunca são demais.

Obrigado por leres este artigo!

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Para mais informação acerca do meu trabalho, segue-me no Twitter.

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