O primeiro último adeus
Não, não, não. Eu não estava preparado. Os acontecimentos me atropelaram. Eu atropelo. Tu atropelas. Ele foi atropelado. Bêbado. Ele não, o outro sim. Tão impactantes quanto as marcas na máquina foram os símbolos literais de quem buscava apenas saciar a fome — pães de queijo no asfalto.
Caixão fechado, outra cidade. Não, não, não. Eu não estava preparado. Ainda não conhecia de perto o fúnebre e não era a hora de conhecer. Ele foi, eu fiquei.
Ele vivia lá, eu cá. A gente quase não se via. Não se veria mais, era claro. Passados alguns dias, começaria a esquecer. Mas só se esquece quem se lembra. Esquecimento sem contrapartida é nada.
Numa noite escura, longe, nem lá nem cá, com cordilheira ao fundo, eu vi. Da enorme janela frontal. Sim, sim, sim. Vi e não há quem possa questionar. Foi no intervalo de uma piscada e bastou para entender que ele foi, mas ficou.
PARA FICAR MAIS PERTO, PRECISOU IR.