DEMOCRACIA (do grego, ‘demos’, povo, e ‘kratos’, autoridade). Governo em que o povo exerce a soberania.

Democracia representativa não serve mais… E AGORA???

Rafael Pires
FLUXOCRACIA

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Enquanto todos os especialistas buscam argumentos para explicar o populismo que tomou de assalto a democracia no mundo, explicar a democracia Russa e Puttin, as últimas eleições americanas e o caricato Trump e principalmente a eleição de Doria na prefeitura de São Paulo, sendo eleito no primeiro turno com menos votos do que somados as abstenções, brancos e nulos, e outros tantos especialistas propõem reformas na democracia representativa alegando que é o tipo de sociedade menos ruim que temos, que só precisamos melhorá-la sempre.

Nossos sentimentos são neste momento mais claro do que a lógica. O sentimento oculto mas presente em todos onde sabemos que:

A democracia representativa já não nos serve mais. PRECISAMOS DE ALGO NOVO.

Descontente e descrente da política anos atrás, onde nossos sentidos soaram como um alarme, lá no Mensalão. Comecei a estudar por conta tudo o que podia a respeito das tais democracias ao mesmo tempo em que me viciava em TEORIA DE REDES, e algo começou a se encaixar na minha razão.

Primeiro ficou muito claro que o sistema representativo hierárquico rígido de turnos não fazia mais sentido nesse nosso mundo conectado e colaborativo por que a tecnologia e conectividade está nos Empoderando* diminuindo cada vez menos nosso engajamento em coisas macros que impactam menos o nosso dia a dia e normalmente demoram anos, e começamos a dar atenção e ação para as coisas micros que estão ao nosso alcance de resolução e impactam diretamente nosso dia a dia e a curto prazo.

A hierarquia representativa é um pé de cabra sabotando as engrenagens da sociedade pois burocratiza até as mais simples das coisas como por exemplo uma poda de árvore publica que esteja encobrindo uma placa de trânsito.

Temos que informar a sub-prefeitura, que por sua vez passa para um setor específico, que pergunta a outro o que fazer, a outro como fazer, aí faz uma licitação para contratar quem vai fazer, depois procurar o endereço que se perdeu com o tempo e processo tortuoso e que resulta na extração da árvore por que alguém escreveu em algum lugar “cortar” ao invés de “podar”. Sendo que bastaria uma pessoa com uma tesoura de jardinagem, uma escada, 10 minutos e bom senso. Mas se formos pegos fazendo essa poda simplesmente seremos multados pois não termos permissão para tal.

Eu não tenho uma tesoura de jardinagem, mas consigo uma emprestada no “tem açúcar” rapidinho, pelo whatsapp peço pro meu vizinho a escada “leader pro” que ele comprou usada no mercado livre, e no intervalo entre um passeio e outro com meu cachorro eu podo facilmente a árvore. Simples assim.

Segundo detalhe que percebi, e o mais importante, é que, na teoria de redes aprendemos que a configuração da rede, ou seja, a quantidade de nodos, de conexões, a frequência, as forças das conexões, o tamanho da rede, etc… INFLUENCIAM NO COMPORTAMENTO DO INDIVIDUO inserido na rede (há inúmeros experimentos que comprovaram esse fato).

Ao entender isso percebi que toda democracia representativa tem basicamente a mesma estrutura e características. A maioria tem 3 poderes, os mandatos são de 4 anos, a estrutura hierárquica é verticalizada e etc… foi então que me questionei:

Se a rede é igual pouco importa trocar os indivíduos já que eles sofrem influência da rede, tão pouco é eficaz fazer reformas sem alterar a estrutura da rede, ou seja, reformar mantendo a hierarquia, as conexões, frequência e fluxo.

A rede só altera sua configuração quando algo próximo de 10% dos nodos agem de forma similar e coordenada. O que temos hoje são mais de 50% de nodos agindo (ou sentindo) de forma diferente mas não de forma coordenada.

Importante dizer aqui que não existe uma forma de conduzirmos os nodos, esse processo é errático e caótico de forma natural, qualquer tentativa de condução influência na estrutura da rede que por sua vez influência no comportamento dos nodos. Por tanto não há como construir ou planejar a nova rede, a nova estrutura, ela virá naturalmente no fluxo das redes que interagimos.

Por um momento regressei ao ANARQUISMO, achando que a solução seria eliminar o controle, as regras, e que desta forma nós nos entenderíamos e nos resolveriamos como sociedade, mas anarquia nos remete a cada um fazer o que bem quiser (embora o movimento anarquista seja somente uma rejeição ao estado), o que também não funciona em rede pois mais cedo ou mais tarde nos agrupamos em Clusters que tendem a agir da mesma forma, que possuem os mesmos valores e propósitos.

Então como ficamos?

Entendo agora que o problema está em ignorarmos o Fluxo, a dinâmica e movimento individual de cada indivíduo, de Clusters (grupos) e das próprias redes (sociedades) como um todo.

A democracia representativa, assim como os antigos reinados, feudos e ditaduras ignoram o fluxo ao impor por força ou hierarquia um comportamento padrão a todos.

A anarquia ignora o fluxo também ao negar um comportamento comum a grupos ou parte das sociedades.

Então cheguei à conclusão que não devemos propor um novo modelo, mas sim construirmos ferramentas e processos que nos permita destravar o fluxo, facilitar que ele flua.

E a regra fundamental para o fluxo é o bom senso. É o exercício diário de exercer nossa individualidade ao mesmo tempo que exercitamos a empatia. Não julgando que todos querem o mesmo que eu e me permitindo querer algo único sem pressão a um padrão ou regras rígidas que visam a padronização.

Essa nova abordagem eu chamo de FLUXOCRACIA

A fluxocracia já começou, ou sempre existiu no underground, com ferramentas que destravam o fluxo que reflete como problemas no nosso dia a dia como Uber, Airbnb, whatsapp, bitcoin, e etc…

Como agenda fluxocrática proponho a inclusão da transparência total ao livre comércio.

Transparência financeira, recursos, processos e até mesmo intenções unidas ao livre comércio nos permitirá enxergar melhor os fluxos e seus gargalos.

Estudando a teoria da Economia da Abundância, percebemos que o fator inflacionário e provocador do abismo social entre ricos e pobres, é o pré conceito que temos de que não haverá recursos no futuro então temos que GUARDAR nossos recursos para dias chuvosos.

Esse pensamento ninguém nega, mas o que não se percebe é que ao guardar recursos interrompemos o fluxo, criamos uma represa, e então nos jogamos no ciclo vicioso onde a profecia se transforma em realidade por se acreditar na profecia.

Tenho que guardar recursos pois amanhã posso não ter. Meu vizinho não tem agora pois eu guardei o recurso que ele utilizaria. Logo ele vai guardar mais e eu terei que guardar mais pois sempre teremos menos.

Com transparência através da tecnologia poderemos derrubar esses diques que represam os recursos, enxurrando a sociedade de abundância, lançando a sociedade num vórtice de inovação colaborativa, distributiva e abundante.

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