Greve dos Caminhoneiros e o Bitcoin, a revolução silenciosa.

Rafael Pires
FLUXOCRACIA
Published in
4 min readMay 25, 2018

Ontem, dia 24 de maio de 2018, o Governo Brasileiro “abriu as pernas” e aceitou os 12 itens reivindicados pelos ‘ditos’ representantes da categoria, que paralisou o país em apenas uma greve de 3 dias.

Hoje, dia 25 de maio de 2018, a greve continua à revelia do acordo firmado e assinado por ambas as partes, exceto 2 entidades representantes dos caminhoneiros.

Abordados por jornalistas, os caminhoneiros alegam não confiar no acordo e que não acompanham, ou obedecem qualquer tipo de organização da categoria. Dizem simplesmente acompanhar o consenso da rede de caminhoneiros no whatsapp.

Em paralelo, ainda ecoa as intervenções, acordos e regulações de diversos governos em relação às criptomoedas.

Países como Japão e Suíça abraçaram a inovação e se posicionaram de forma incentivadora da tecbologia, por outro lado, outros países como Russia, China e Coréia do Sul, tiveram iniciativas restritivas que não surtiram efeito real, e a maioria dos países ainda estão indecisos de como agir ou regular essas nova tecnologia revolucionária.

Mas o que é que tem uma coisa a ver com a outra?

Tudo!

Há uma revolução silenciosa que está acontecendo à revelia da vontade ou controle de que qualquer governo ou organização social ou empresarial.

É a revolução da rede distribuída.

A rede distribuída de comunicação construída por smartphones e ídias sociais como Facebook, Instagram e Whatsapp, está permitindo pela primeira vez na história da humanidade que SENTIMENTOS EMERJAM sem a necessidade de uma representação ou elaboração argumentativa.

Explico.

O que está acontecendo é que, pessoas estão se conectando com pessoas que tenham as mesmas necessidades, vontades ou valores, e a velocidade da comunicação é tamanha que não dá tempo do sentimento expressado nas curtas mensagens sejam analisadas, julgadas e compiladas em argumentações genéricas e compreensíveis.

Antes que isso ocorra, explode uma bolha de ações sociais que pegam todos desprevenidos.

O Bitcoin, a 1º criptomoeda, foi a primeira a pegar todos de surpresa, ninguém esperava que uma tecnologia descentralizada e totalmente distribuída, e por consequência, sem nenhuma representação ou dono, viesse a ser a moeda mais valorada do mundo.

Hoje o Bitcoin e as criptomoedas são uma HYPE que agita o mercado, universidades, economistas e governos.

Mas o que ninguém percebe é que as criptomoedas são uma solução para um sentimento negativo que sempre tivemos em relação aos bancos e governos, e á complexidade de entender uma coisa que somos obrigados a usar e que não entendemos como funciona. O dinheiro.

O sentimento emergiu numa solução descentralizada e distribuida.

Os caminhoneiros se mobilizaram não por uma pensamento racional mobilizado por sindicatos ou representantes de classe.

Eles se mobilizaram pela simplicidade da expressão do sentimento de que tem algo de muito errado no preço do combustível, que se espalhou viralmente por grupos de whatsapp.

Embora essa mobilização possa até ter sida iniciada por alguma organização centralizada, essa não tem controle sobre uma rede distribuída.

Ninguém tem.

E é assim que essa revolução silenciosa está transformando o mundo.

As redes distribuídas não podem ser controladas ou dirigidas, elas são FLUXOS livres que expressam as vontades, os sentimentos e até os valores das pessoas sem a influência de um centro decisor.

Nas redes distribuídas o que funciona é o consenso.

Mas como o consenso funciona na prática?

Consenso não significa que todos concordam com a mesma coisa, consenso não tem a ver com negociar o que eu ganho e o que eu perco.

O ganha a ganha que acreditamos ser o natural em um mercado ou política, e que erradamente determinamos como “chegar a um consenso”, parte do pressuposto que a visão, sentimento ou valor de alguém, prevalece sobre os outros para o BEM de todos.

O consenso distribuído é mais simples e oposto a unificação para todos.

O consenso é na verdade a quando uma pequena parcela da rede que age de forma ativa, pensando, questionando, produzindo e organizando é aceito pela maioria da rede que entende e usa o valor da rede.

É uma dinâmica nova, onde uma minoria não decide pela maioria como governos e organizações de classe através de negociações e reuniões.

É uma dinâmica viva onde quem tem interesse e necessidade se envolve e apresenta para a rede de interessados e necessitados da rede suas COLABORAÇÕES que são aceitas ou não sem eleição, voto ou reuniões.

Nas criptomoedas, esse consenso é matemático e está demonstrando a resiliência no caso do Bitcoin e outras tantas que estão sobrevivendo a ataques de governos, empresas e especuladores, e “matando” outras tantas que não conseguiram criar uma rede distribuída com valor percebido pela rede.

Os caminhoneiros estão esperando esse consenso distribuído na rede em contraponto à um acordo firmado de forma centralizada.

A revolução silenciosa está matando os centros decisórios.

É um caminho sem volta.

A humanidade conectada e distribuída está determinando o fim das entidades de classe, dos governos e qualquer outro tipo de organização social centralizada controladora.

A humanidade conectada e distribuída está iniciando novas relações sociais baseadas na criação de valor fluído para toda a rede e liberdade indeterminada por regras decididas pela minoria, adotando as regras aceitas pela maioria.

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