Emergências e a próxima volta da espiral

Lala Deheinzelin
Fluxonomia 4D
Published in
3 min readDec 14, 2015

Com discurso plural, fantástico, diverso e aberto, o Emergências foi um ‪‎encontro do futuro no presente. Lá, recebi uma chave, de um líder com muita clareza: “há ações urgentes e emergentes. As urgentes reagem ao presente, para que ele não seja retrocesso”.

Importante: o evento recebeu o nome de Emergências para revelar o emergente, a próxima volta da espiral.

Nos temas de vanguarda, o emergente, criativo e colaborativo é protagonista. Na política, ainda presos ao urgente, reativo. Por isso me surpreende, como futurista, quão pouco se fala em mudança de modelo político.

Passamos de monarquia à democracia representativa. E, simultaneamente, deixamos para trás a economia baseada em trabalho escravo. Agora, vivemos um momento como esse do abolicionismo, de mudança de modelo político e econômico. Do representativo para o distribuído, em rede. Da economia do Consumo para a economia do Cuidar. Mas ainda são poucos os “abolicionistas”. Os que cuidam daquilo que está por emergir. Quem propõe e estrutura a próxima fase.

Emergências foi um viveiro de ideias para revelar o urgente. Talvez até revelar quão obsoleto é o comportamento reativo, quando o rancor nubla a visão de tudo que seria possível e desejável, agora.

Tenho certeza que lá se revelaram e articularam ainda mais as pessoas dedicadas a desenhar o modelo político + economia para o bem comum e gerido pelo coletivo. Modelo que aprenda com o partidário e representativo para poder ir uma oitava acima. Provavelmente uma democracia digital direta e distribuída?

Num mundo em rede e exponencial só o coletivo é capaz de gerir o coletivo. Nem o mais hábil e eficiente governo centralizado e com esta forma de representatividade seria capaz de solucionar as questões de um mundo exponencial.

Medita. Que bom que já existem conhecimentos, ferramentas, tecnologias, pessoas, recursos para que a gente possa dar esse salto e assumir os “co”: cocriar, compartilhar, colaborar, congestionar. E, como a mudança de modelo político e econômico é inevitável, é apenas uma questão de tempo, tomara que sejamos cada vez mais os que nos dedicamos à próxima volta da espiral. A ir uma oitava acima em modelo político e econômico. Para um Desejável Mundo, Agora, que pode ser improvável, mas é perfeitamente possível.

Meditação realizada durante a assembléia geral dos “emergentes”, canalizando as energias do coletivo para um Desejável Mundo Agora!

Honro e agradeço a todos que FIZERAM este Emergências. Um termômetro e um retrato incrível, que revelou tanto o obsoleto quanto o oportuno. Para que possamos perceber e, então, melhor escolher. Sair do obsoleto comportamento reativo, dividido entre nós e eles, comportamento que mantém as coisas como estão. Afinal, a natureza humana é proativa, criativa. Gosta de ir além. Vamos além? De vítimas reativas a coautores proativos? Do rancor reativo ao afeto criativo?

HUMANIDADE. Unidade na diversidade. Não mais nós e eles. Chega, né? Isso já não tem funcionado há alguns milênios…

Que bom que agora poderemos viver o Nós. O Bem Comum. O coletivo. Que bom que agora podemos tirar de nosso vocabulário as obsoletas palavras de guerra e competição e criar um outro léxico que acolha a colaboração. Que bom que temos linguagem, ética e estética para nos juntarmos no belo, na celebração, na reciprocidade, na acolhida, na alegria. Que bom que temos visão suficiente para não falar do que nos falta, mas sim do que temos. Para não mais sofrer pela metade vazia do copo e sim otimizar pelo compartilhamento da metade cheia. Que bom que nossos filhos e netos terão uma experiência de participação política diferente da nossa. Unidos na alegria do fazer.

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