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3 coisas que aprendi sobre comunicação com o isolamento social estando completamente sozinha

Fantástico Mundo RP
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4 min readNov 23, 2020

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Texto por Bruna Benini

Meu sonho sempre foi morar completamente sozinha para ter o devido sossego e fazer o que eu quisesse fazer dentro de casa, andar como eu quisesse, fazer as coisas o horário que eu quisesse. Com o isolamento social em vigor, pensei que finalmente teria um tempo de descanso só para mim e no início foi exatamente isso que eu tive. E quando falo no início, me refiro à primeira semana.

Após certo tempo você percebe que precisa da companhia de outras pessoas para se sentir bem e se comunicar, e depois de perceber isso é que passamos a dar valor aos momentos já vividos. Se eu soubesse que seria assim teria aproveitado mais o carnaval, é aquele epitáfio da música dos Titãs.

Abaixo listarei 3 coisas que aprendi sobre comunicação com o isolamento social nesta pandemia estando mais de 100 dias completamente sozinha (salvo alguns poucos dias que minhas roommates passaram aqui em casa).

1.Você está completamente sozinho e sem ninguém para conversar, então converse consigo mesmo

Segundo a definição do dicionário, comunicação intrapessoal “refere-se à relação de uma pessoa consigo mesma, do que se efetiva ou se realiza intimamente”, ou seja, é a comunicação que temos com nós mesmos. A comunicação intrapessoal é de suma importância para conhecer a nós mesmos e nos compreendermos pois, segundo o psicólogo francês Pierre Janet: “a própria reflexão é uma discussão interior”. Quando estamos completamente sozinhos sem nenhuma interação social, passamos a perceber que às vezes tudo o que é necessário é a própria companhia por um tempo.

Então converse consigo mesmo! Converse em voz alta ou em silêncio, por meio da reflexão de algum livro, medite, entre em contato com si próprio para conectar-se e compreender além do corrido dia a dia que vivemos.

Você está completamente sozinho, aproveite sua própria companhia.

2. Após algum tempo, o estar sozinho deixa de ser divertido

Aproveitou sua companhia? Perfeito, agora vem uma parte complicada. Apesar de amar estar sozinha, após seis meses em casa a falta por um contato só aumenta. Estamos conectados 24h por dia e mesmo assim ainda estamos sozinhos, não há ninguém para brigar que a louça está suja e precisa ser lavada, a não ser a si próprio.

É muito divertido estar sozinho e deixar a louça do almoço suja para lavar no meio da tarde se assim preferir, ou tomar um banho com a porta aberta, cada um tem seus desejos e vontades. No entanto, após certo tempo o divertido passa a ser solitário e nos deparamos com o pensamento de: “ah como eu queria que alguém estivesse aqui para brigar comigo por deixar a louça suja…”. Como eu queria me comunicar com alguém que não fosse o meu smartphone ou meu notebook. As conversas e interações via WhatsApp ou demais redes sociais começam a ser insuficientes ao passo que os dias vão passando. Pois é, após algum tempo o estar sozinho deixa de ser divertido.

Contudo, há mais um aprendizado que obtive nesse caos de isolamento sobre comunicação.

3. Valorizar as conversas do dia a dia é essencial

Estamos sempre na correria, trabalhando, estudando, andando rápido para não perder o transporte público mesmo sabendo que o metrô passa a cada dois minutos — esses minutos fazem diferença. Mal temos tempo de responder uma mensagem no WhatsApp da maneira que deveria, às vezes nem sequer respondemos ou damos a devida atenção àquela pessoa que está compartilhando um problema, em razão de estarmos conectados demais.

Desaprendemos a valorizar uma boa conversa no dia a dia porque estamos absortos no mundo corrido em que vivemos. Durante a quarentena essa aceleração diminuiu, o tempo para um diálogo aumentou e a saudade de estar sentada em frente à uma pessoa para bater um papo segue aumentando. A gente percebe que as conversas do dia a dia têm mais valor do que realmente damos e isso nos afeta. A maioria das pessoas se contenta com apenas uma breve mensagem, talvez relatando como foi o dia ou perguntando que está tudo bem, mas ainda há uma grande porcentagem que preza pela conversa tête-à-tête.

Não vejo a hora de poder encontrar-me com quem não tenho contato há seis meses, sentar-me num café e conversar pelo maior tempo possível sem nem tocar em meu celular. Talvez eu não precisasse da quarentena para perceber tudo isto, todavia ela veio e esse foi um dos ensinamentos dentre tantos outros que me trouxe.

A comunicação sempre será necessária em todos os pontos da nossa vida, estando sozinhos ou não, é ela quem vai nos tirar da inércia para agirmos; essa comunicação comigo mesma me fez perceber que nem sempre o que desejo é melhor para mim, ou que apenas simples conversas pelo WhatsApp matam a saudade e nos reconfortam. É preciso contato, é preciso conversa, é preciso comunicar.

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