Co-criação de valor
Como a construção conjunta pode transformar a competição no futuro próximo
Com a ampliação do acesso à informação os consumidores estão sempre mais atentos. A quantidade de opções de produtos disponíveis é inversamente proporcional à satisfação que trazem para os consumidores. Diante dessas mudanças já inevitáveis, é preciso mudar a perspectiva sobre a criação de valor. Assim, chegamos ao fator central deste texto: a co-criação de valor, ou seja, a construção conjunta entre consumidores e empresas.
O papel que o consumidor passa a assumir é de muito mais protagonismo, não são mais meros expectadores. Utilizando-se de uma analogia cotidiana, podemos dizer que pacientes que vão ao médio não aceitam mais qualquer medicamento que lhes é prescrito, passam assim a ser mais questionadores e querem fazer parte da solução.
Esse novo posicionamento se dá em função de diversos aspecto, tais como: acesso à informação; visão global; rede de contatos; experimentação e ativismo. Ou seja, antes de ir à consulta eu, como paciente, já pesquisei sobre os sintomas, já conversei com pessoas da minha rede, já acessei site e blogs informativos. Isso não significa que eu tenho a resposta certa para diagnosticar os sintomas ou que eu possa me automedicar, mas significa que eu já levo uma bagagem comigo e no momento que entro no consultório quero ajudar a construir a solução para o meu problema.
Nesse sentido, a dinâmica muda e as empresas e todo o mercado que envolve produtos e serviços (até mesmo de saúde, como exemplificamos acima) passam a não mais desenvolver produtos e processos sozinhos, buscando utilizar a interação como base da co-criação, proporcionando mais satisfação aos consumidores, conquistando a sua confiança e estabelecendo diferenciais.
Mas com toda a concorrência e novos formatos de trabalho, como alcançar vantagens competitivas? Entendemos aqui que o que precisa mudar são as bases da construção de valor, colocando a experiência do usuário ou consumidor como fator central, e, mais que isso, inserindo-os nas discussões, fazendo com que se sintam parte.
Se pensarmos assim, a própria concepção de B2B, por exemplo, poderia ser revista, de modo que o negócio não necessariamente fosse o ponto de partida das estratégias, mas sim seus usuários. Outro desafio latente é a oferta e demanda, que sempre ditaram as relações comerciais e agora passam a ter outro peso.
Vale trazermos a ressalva que consideramos importante sobre o que não é a co-criação, já que terceirização ou transferência de atividades e personalização marginal de produtos são confusões frequentes envolvendo este conceito.
Para nós, RPs a co-criação de valor sempre foi algo que esteve no radar, talvez sem esse nome específico, mas a partir do momento que buscamos ouvir atentamente os nossos consumidores e demais stakeholders colocando suas percepções como fatores importantes e por que não, decisivos, nos processos e produtos, estamos, de alguma forma co-criando e da mesma forma podemos trabalhar com nossos fornecedores e por que não, concorrentes. Teríamos assim um futuro de menos competição e mais co-criação ou essa visão está um pouco além do que pode ser vislumbrado para os próximos anos no mundo dos negócios?