Co-criação de valor

Fernanda Hack
Fantástico Mundo RP
3 min readOct 22, 2021

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Como a construção conjunta pode transformar a competição no futuro próximo

Com a ampliação do acesso à informação os consumidores estão sempre mais atentos. A quantidade de opções de produtos disponíveis é inversamente proporcional à satisfação que trazem para os consumidores. Diante dessas mudanças já inevitáveis, é preciso mudar a perspectiva sobre a criação de valor. Assim, chegamos ao fator central deste texto: a co-criação de valor, ou seja, a construção conjunta entre consumidores e empresas.

O papel que o consumidor passa a assumir é de muito mais protagonismo, não são mais meros expectadores. Utilizando-se de uma analogia cotidiana, podemos dizer que pacientes que vão ao médio não aceitam mais qualquer medicamento que lhes é prescrito, passam assim a ser mais questionadores e querem fazer parte da solução.

Esse novo posicionamento se dá em função de diversos aspecto, tais como: acesso à informação; visão global; rede de contatos; experimentação e ativismo. Ou seja, antes de ir à consulta eu, como paciente, já pesquisei sobre os sintomas, já conversei com pessoas da minha rede, já acessei site e blogs informativos. Isso não significa que eu tenho a resposta certa para diagnosticar os sintomas ou que eu possa me automedicar, mas significa que eu já levo uma bagagem comigo e no momento que entro no consultório quero ajudar a construir a solução para o meu problema.

Nesse sentido, a dinâmica muda e as empresas e todo o mercado que envolve produtos e serviços (até mesmo de saúde, como exemplificamos acima) passam a não mais desenvolver produtos e processos sozinhos, buscando utilizar a interação como base da co-criação, proporcionando mais satisfação aos consumidores, conquistando a sua confiança e estabelecendo diferenciais.

Mas com toda a concorrência e novos formatos de trabalho, como alcançar vantagens competitivas? Entendemos aqui que o que precisa mudar são as bases da construção de valor, colocando a experiência do usuário ou consumidor como fator central, e, mais que isso, inserindo-os nas discussões, fazendo com que se sintam parte.

Se pensarmos assim, a própria concepção de B2B, por exemplo, poderia ser revista, de modo que o negócio não necessariamente fosse o ponto de partida das estratégias, mas sim seus usuários. Outro desafio latente é a oferta e demanda, que sempre ditaram as relações comerciais e agora passam a ter outro peso.

Vale trazermos a ressalva que consideramos importante sobre o que não é a co-criação, já que terceirização ou transferência de atividades e personalização marginal de produtos são confusões frequentes envolvendo este conceito.

Para nós, RPs a co-criação de valor sempre foi algo que esteve no radar, talvez sem esse nome específico, mas a partir do momento que buscamos ouvir atentamente os nossos consumidores e demais stakeholders colocando suas percepções como fatores importantes e por que não, decisivos, nos processos e produtos, estamos, de alguma forma co-criando e da mesma forma podemos trabalhar com nossos fornecedores e por que não, concorrentes. Teríamos assim um futuro de menos competição e mais co-criação ou essa visão está um pouco além do que pode ser vislumbrado para os próximos anos no mundo dos negócios?

Essas reflexões que fizemos aqui derivam de um livro chamado “O Futuro da Competição”, dos autores C. K. Prahalad e V. Ramaswamy. Se te interessou, vale a pena buscar o texto completo ;)

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