Curadoria: a palavra da vez

@tutinicola
Fantástico Mundo RP
4 min readOct 20, 2020

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Vamos ser sinceros? Estamos exaustos de tanto conteúdo. Mas, conscientes ou não, continuamos no incessante looping infinito de rolar timelines, seja qual for a plataforma. E nessa rotina, passa de tudo pelos nossos olhos (ou ouvidos, se você está escutando podcasts ou vídeos).

Na pandemia surgiu até um novo termo, criado por um colunista de tecnologia do jornal The New York Times, sobre essa tendência de comportamento em continuar navegando e percorrendo feeds em busca até de más notícias…mesmo que elas te entristeçam, desanimem ou deprimam: o Downscrolling ou Doomsurfing.

A gente está cansado, mas é quase impossível não consumir conteúdo hoje.

Uma alternativa pra isso? Fazer um detox! (O que ninguém disse que é fácil). Para Wagner Brener do Update or Die, precisamos de um nutricionista de conteúdo: "O conceito de nutrição, valendo não apenas pelo o que entra pela boca, mas sim por todos os sentidos". Filtrar aquilo que consumimos, cuidar do que colocamos “pra dentro”, parar de seguir quem nos faz mal.

E pra quem é o ou a produtora de conteúdo? Como fica? você pode estar se perguntando. Bem, o marketing é impaciente por natureza e deixa todo mundo que posta ansioso, seja por uma resposta (um like, um comentário, uma nova notificação) como também pela exigência de mais e mais conteúdos criados para continuar nessa maratona que não tem um vencedor.

Em contrapartida a isso surgiu um movimento chamado de Slow Content que preza mais pela qualidade do que pela quantidade (e errado não tá, né?). Um convite a todos criadores de conteúdo, seja pessoa ou marca, a repensar, dar um reset. A abordagem tem objetivo de menos frequência, aprofundar o conteúdo e dar foco para aquilo que realmente importa, que é relevante. Já que devemos fazer, façamos bem feito.

Ele é ainda, uma exceção e talvez até uma utopia em tempos em que o digital é o principal ponto de contato, de dependência de métricas e enxurrada de informação.

Tá, mas onde entra a curadoria nessa história, então?

Na necessidade de termos uma fonte confiável e de valor sobre determinados assuntos que nos interessam. E essa é a segunda saída que trago aqui pra não pirarmos em meio a tanta informação…

Tempos como esse, exigem uma curadoria cuidadosa, relevante, filtrada, compartilhada, customizada por aqueles poucos em que confiamos entregar algo de muito valor: a nossa atenção.

Dias atrás perguntei em uma enquete nos meus Stories do Instagram: “você assina Newsletters? E me surpreendi quando 71% responderam que sim. Uma prova do quanto isso está sendo pertinente no momento: conteúdos selecionados, personalizados de acordo com gostos e necessidades de uma forma fácil e prática de acesso. E claro, sem perder muito tempo. Pois ao invés de você buscar notícias ou novidades em vários canais diferentes, você consome ali, um resumo de tudo, com link para informações mais completas, caso deseje se aprofundar.

Alguns exemplos pontuais sobre curadorias que eu acompanho e me informo:

O Podcast Café da Manhã da Folha denominado como o “o podcast mais importante do seu dia” me informa em episódios de uma média de 25 minutos sobre o que está acontecendo no país, contando com a visão dos jornalistas e também traz um resumo no final: “o que mais você precisa saber hoje".

As Newsletters, Nowall, Eyxo News, Manda Refs, Bits to Brands, entre outras, me atualizam sobre o mercado da comunicação, das marcas, do marketing e das mídias sociais, trazendo links de tendências, artigos, indicações de livros e conteúdos, tudo através de um clique na minha caixa de entrada.

(Coincidência ou não, esse texto da semana sobre Curadoria acabou sendo também, uma curadoria).

E claro, tem também aqueles perfis que a gente segue no Twitter, Stories ou feed do Instagram que a gente sabe que ali vai aprender algo novo, ficar por dentro de algum assunto ou consumir algo que realmente "vale" a pena.

A curadoria de conteúdo nada mais é do que um processo de pesquisar, escolher, revisar, selecionar, empacotar e compartilhar de forma genuína com a sua comunidade, conteúdos já existentes, que o seu público se importe, se interesse e engaje. E ela está em alta como diz esse artigo:

"Esqueça os influenciadores. O futuro é dos curadores — e a diferença está na autenticidade".

Outra diferença entre criadores de conteúdo curadores e os influenciadores, segundo Mike Raab descreve no artigo, é que eles compartilham seus temas favoritos, histórias, percepções sem necessariamente estarem sendo pagos para isso, mas por serem pessoalmente interessadas no assunto…

"Antes da internet, os curadores que conhecíamos pessoalmente eram nossos amigos e familiares. Nesse sentido, os curadores podem ser nossos amigos próximos ou completos estranhos — qualquer pessoa que compartilhe regularmente seu conteúdo ou produtos genuinamente favoritos de forma online".

A curadoria…

  • Não é um amontoado de links qualquer de notícias da internet. Ela precisa ser cuidadosamente produzida e os temas abordados de forma genuína, verdadeira.
  • Ela pode conter uma contextualização sobre o assunto e o interesse ou ponto de vista do curador.
  • Ela demanda tempo, dedicação, organização, além de um toque pessoal;
  • Ela é independente de plataforma, como mostrei nos meus exemplos e se aplica a todos formatos, incluindo o visual;
  • NÃO é a cópia de um conteúdo do coleguinha na íntegra e ela obrigatoriamente deve creditar as fontes;
  • Não é sobre você, é sobre o que interessa e pode ajudar ao outro.
  • O valor da curadoria está no valor que o seu público dá para aquele determinado conteúdo.

Agora me conta: Você pratica o exercício da curadoria para sua produção de conteúdo? Ou utiliza das vantagens dela para consumir conteúdo no dia a dia?

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@tutinicola
Fantástico Mundo RP

Relações Públicas de formação, marketeira e Copywriter. Vivo da minha arte (de escrever) na praia.