Diversidade e a comunicação inclusiva

Dicas para uma comunicação mais neutra e inclusiva

Rafaela Richter
Fantástico Mundo RP

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Já falamos sobre diversidade e inclusão diversas vezes por aqui. É um tema que cada dia mais ganha relevância e está presente no dia a dia da comunicação, seja em conteúdos internos, com a função importante de disseminar a mensagem e ajudar na implementação dessa nova cultura, ou em campanhas externas.

Junho, mês do orgulho LGBTQIA+, se tornou um símbolo da diversidade, e é a época do ano em que muitas empresas optam por falar sobre o tema. A data surgiu após a Rebelião de Stonewall, em junho de 1969, quando homossexuais em bares locais, após sofrerem constantemente com a violência e a opressão policial, decidiram enfrentar a polícia de Nova Iorque (EUA). A partir daí, as paradas anuais em todo o mundo comemoram o aniversário da Rebelião, que trouxe o sentido de orgulho para a comunidade.

É claro que é necessário falarmos e nos posicionarmos cada vez mais, mas para que isso aconteça, é importante termos conhecimento do tema e de alguns termos. Pensando nisso, como uma forma de colaborar para com o entendimento dos termos, decidimos trazer alguns pontos que achamos importantes termos no radar na hora de produzir conteúdos mais inclusivos.

Para começar, precisamos falar sobre identidade e expressão de gênero. Você sabe a diferença entre cada um dos termos?

Fonte: Manual de Comunicação LGBTI+

· Identidade de gênero: é a forma como cada pessoa sente que ela é em relação ao gênero masculino e feminino, relembrando que nem todas as pessoas se enquadram, e nem desejam se enquadrar, na noção binária de homem/mulher, como no caso de pessoas agênero e queer, por exemplo.

· Expressão de gênero: é como a pessoa manifesta publicamente a sua identidade de gênero, por meio do seu nome, da vestimenta, do corte de cabelo, dos comportamentos, da voz e/ou características corporais e da forma como interage com as demais pessoas.

· Orientação sexual (lembre-se: não é uma opção, e sim uma orientação!): é a inclinação involuntária de cada pessoa em sentir atração sexual, afetiva e emocional por indivíduos de gênero diferente, de mais de um gênero ou do mesmo gênero (as três orientações sexuais preponderantes mencionadas não são as únicas. Existe uma gama de possibilidades).

· Sexo biológico: É o que existe objetivamente – órgãos, hormônios e cromossomos.

Outro desafio bem conhecido é a linguagem neutra de gênero:

Com o objetivo de nos livrarmos do binarismo masculino e feminino, é importante termos uma linguagem neutra nas comunicações.

Isso não significa que todo o texto precisa estar escrito sem o uso de gênero, mas sim que seu foco deve estar em gerar inclusão para qualquer pessoa que o leia.

Pegamos algumas dicas de um artigo da Rock Content para vocês:

· Evite artigos e pronomes de gênero para substantivos uniformes: Muitas vezes usamos “a”, “o” e suas variações sem necessidade. Sem perceber, acabamos já definindo o gênero sobre o qual estamos nos referindo.

· Use artigo ou pronome indefinidos quando possível: Nos casos em que você julgar necessário usar artigos ou pronomes, que tal optar pelos neutros? Assim, em casos possíveis, você continua adotando uma linguagem neutra de gênero.

· Substitua adjetivos por alternativas neutras: Muitas vezes usamos elementos em nosso texto tão naturalizados que nem reparamos que eles são substituíveis.

· Substitua sujeitos por “pessoas que”: Algumas substituições são especialmente úteis e essa é uma das principais: você pode substituir o sujeito por “pessoas que fazem algo”;

· Use o nome do agrupamento em vez de sujeitos no plural: Essa é uma dica para contornar o mesmo problema do tópico anterior: a generalização que tende ao masculino. Um exemplo é trocar “os alunos” por “o corpo discente”.

E para finalizar: Vamos substituir termos preconceituosos por informações corretas?

· Hermafrodita por intersexual: Intersexual é o termo geral adotado para se referir a uma variedade de condições (genéticas e/ou somáticas) com que uma pessoa nasce, apresentando uma anatomia reprodutiva e sexual que não se ajusta às definições típicas do feminino ou do masculino;

· Homossexualismo por homossexualidade: Termo incorreto e preconceituoso devido ao sufixo “ismo”, que denota doença e anormalidade. O termo substitutivo é homossexualidade, que se refere da forma correta à orientação sexual do indivíduo, indicando “modo de ser e sentir”

· Orientação sexual: Opção sexual é uma expressão incorreta. A explicação provém do fato de que ninguém “opta”, conscientemente, por sua orientação sexual. Assim como a pessoa heterossexual não escolheu essa forma de desejo, a pessoa homossexual ou bissexual (tanto feminina quanto masculina) também não.

· “O” travesti por “A” travesti: Utiliza-se o artigo definido feminino “A” para falar da travesti (aquela que possui seios, corpo, vestimentas, cabelos e formas femininas).

· Parceiro homossexual e casal homossexual por casal homoafetivo: A palavra homoafetiva é sinônimo de homossexual, mas ressalta a conotação emocional e afetiva envolvida na relação amorosa entre pessoas do mesmo sexo/gênero (ABGLT, 2010);

· Mudança de sexo por readequação de sexo e gênero: A readequação de sexo e gênero pode ser definida como um conjunto de estratégias assistenciais para transexuais que pretendem realizar modificações corporais do sexo, em função de um sentimento de desacordo entre seu sexo biológico e seu gênero — em atendimento às legislações e pareceres médicos. Por essa razão, a readequação de sexo e gênero é muito mais ampla do que deixa entender o termo “mudança de sexo”, que pode reduzir a questão como apenas uma vontade de trocar de sexo.

Já deu pra ver como uma linguagem pode trazer preconceito né?! Adaptarmos a linguagem é uma forma de respeitar a pluralidade das pessoas ❤

E se você quiser saber mais sobre o tema, confere lá no Manual de Comunicação LGBTI+, que foi realizado pela Aliança Nacional LGBTI e pela GayLatino.

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Rafaela Richter
Fantástico Mundo RP

Relações Públicas | MBA em Marketing Estratégico | gaúcha | estudante de Ciências Sociais.