E aí RPs, estão preparados para o futuro do trabalho?

As mudanças trazidas pela transformação digital exigem novas competências

Rafaela Richter
Fantástico Mundo RP

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O mundo mudou. E a gente mudou também. Falar que Uber e Airbnb são inovação já é viver o presente com as ferramentas do passado. A transformação digital veio para nos colocar em uma nova era: a era digital. E digital é diferente de digitalizar. Digital é ter foco no usuário, é usar dados e informações disponíveis para buscar compreender o seu usuário e entregar soluções que atendam às necessidades dele, é ser inovador e ao mesmo tempo simples nas soluções, é usar a tecnologia com um instrumento para entregar esta experiência. É fazer com inspiração.

E para nos adaptarmos a tudo isso, não é tão simples assim. Ainda mais quando pensamos pela lógica de uma empresa.

Aqueles longos projetos e planos de comunicação já não são mais aceitos, pois o mundo digital trouxe a necessidade de ações rápidas. Se ficarmos anos planejando, quando formos lançar o produto ou campanha, ele já será velho. As startups trouxeram esse novo conceito, mas essa agilidade também nos permite errar, e os erros servem como ensinamentos.

É uma mudança muito mais cultural do que de recursos e ferramentas, e o papel da comunicação interna e externa nesse momento é fundamental, pois ela se tornou ainda mais ampla, com a missão de aproximar os públicos, e os públicos das marcas, sempre com o foco neles. As comunicações precisam ser cada vez mais criativas, buscando a interação e transparência.

“As novas gerações trabalham por um propósito — elas não se preocupam muito com O QUE as empresas produzem ou oferecem, mas têm interesse em saber POR QUE elas fazem seus produtos e serviços. O desafio atual da comunicação interna é fazer com que a força de trabalho entenda o foco e o propósito da companhia, além de alimentar um cliclo virtuoso e constante de transformação”. Roberto Sanfelice, vice-presidente de Estratégia Digital e Inovação da Telefônica Vivo — revista comunicação empresarial edição 103.

E com todo esse potencial de porta-vozes, precisamos pensar que não só os nossos executivos representam a nossa marca, os empregados também participam, comunicam e as redes sociais dão velocidade para essa disseminação da informação.

Um exemplo disso foi a campanha realizada pela Coca-Cola em 2017, chamada “Essa Coca é Fanta”. Uma ação interna que foi publicada nas redes, viralizou em menos de 2 horas e pegou a equipe de comunicação de surpresa quando foi procurada pelos veículos de comunicação para um posicionamento da empresa.

E esses novos tempos também exigem novos profissionais. A área de comunicação precisa se reinventar para conseguir transmitir com transparência o propósito das empresas. Segundo uma pesquisa realizada pela Aberje no final do ano passado sobre o “Perfil da Liderança em Comunicação no Brasil”, os principais desafios enfrentados pelos líderes são: gerir a volatilidade, a incerteza, a complexidade e a ambiguidade.

O digital muda tudo e exige novas competências para nós: precisamos aprender a aprender. Muitos de nós crescemos com um pensamento “industrial”. Aprendemos de uma forma e hoje tudo é diferente. Tínhamos um conceito de carreira que já não existe mais. Hoje, as empresas querem ser inovadoras, encantar, e isso já não é mais previsível. Precisamos ser cada vez mais conectados e multidisciplinares. Os nossos famosos (e agora antigos) modelos de organogramas perdem a hierarquia e passamos a ser profissionais mais orgânicos e com lideranças circunstanciais.

Se quiser saber mais sobre o futurismo, o Tiago Mattos, cofundador da Aerolito e Perestroika, fala sobre esses novos modelos de negócio e também sobre esse novo momento que estamos passando:

Outra mudança é que não se pode mais tomar decisões por opiniões, precisamos de dados: usar ferramentas desde o WhatsApp e as redes sociais corporativas, que facilitam a comunicação e promovem a disseminação da cultura da empresa, além de unir pessoas fisicamente separadas, até os modernos CRMs e chatsbots que usam inteligência artificial e nos apoiam na captura dos dados. Uma análise correta sobre esses comportamentos pode nos ajudar a direcionar as nossas estratégias e gerar mais integração dentro das organizações, é a chamada TIC: tecnologia da informação e comunicação.

A tecnologia é um meio. O fim são as pessoas. A tecnologia ajuda a massificar, a democratizar e a facilitar o nosso dia a dia, mas o contato humano vai ser valorizado. Marina Peixoto é a diretora de Comunicação da Coca-cola — revista comunicação empresarial edição 103.

E depois de todo esse textão, podemos concluir que o digital vem por cultura, não por estratégia da empresa. E se a cultura “é o que as pessoas fazem sem ninguém pedir”, cabe também a nós, profissionais de comunicação, ajudar a disseminar esses novos conceitos, trazendo o engajamento para o público interno, de modo a proporcionar autonomia e alinhamento para esses profissionais do futuro, e levar informação para o público externo, promovendo o encantamento com o nosso propósito.

Espero que essas reflexões sejam inspirações pra ti, como foram pra mim ❤

Beijos, Rafa.

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Rafaela Richter
Fantástico Mundo RP

Relações Públicas | MBA em Marketing Estratégico | gaúcha | estudante de Ciências Sociais.