Fake news: a preocupação é grande e merece mesmo atenção

Profissionais de comunicação devem se engajar no combate a notícias falsas

Muriel Felten
Fantástico Mundo RP

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O assunto das fake news vem sendo debatido incessantemente já há algum tempo: há menos de um mês, os 24 principais veículos de comunicação se uniram em campanha para combater as Fake News, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) está investindo em tecnologia para conter a disseminação de informações eleitorais falsas por robôs e por todo lado pipocam reportagens e cursos orientando a população a identificar uma falsa notícia e a não compartilhá-la.

Na semana em que o Facebook retirou do ar 87 páginas e perfis brasileiros por estarem envolvidos em uma suposta rede de desinformação, o assunto tão evidente em todas as esferas de comunicação ganha mais um capítulo e expõe a face mais obscura do compartilhamento de informações falsas: existem, sim, grupos dedicados à produção de notícias que têm por único objetivo denegrir a imagem do oponente/ concorrente.

O desmonte noticiado de uma rede de fake news por parte de uma empresa do porte do Facebook assusta e nos leva a questionar o uso das redes sociais e do papel dos comunicadores neste processo.

Desde os primeiros momentos na faculdade, os relações públicas são imbuídos a acreditar que, a partir do seu trabalho, é possível construir um mundo mais harmonioso e, por consequência, mais justo. Os relações públicas, em uma visão utópica que pode e deve ser levada para a carreira, trabalham para fazer a conexão e promover o entendimento entre diferentes grupos. Por mais de uma vez escrevi sobre isso aqui no blog, exaltando o RP como o grande profissional do futuro pois, a meu ver, só o diálogo transparente pode solucionar os principais problemas da sociedade atual.

Mas, quando formadores de opinião, sejam eles da área da comunicação ou não, se esforçam para confundir as pessoas e promover a desinformação, instala-se um desconforto difícil de digerir, como se a ordem das coisas estivesse sendo invertida. Em situações como esta, os profissionais da comunicação precisam reafirmar seu papel como promotores do entendimento mútuo e da verdade nos processos comunicacionais.

A função do comunicador diante do turbilhão de informações manipuladas se dá em dois momentos. No primeiro, como produtor de conteúdo, deve manter-se fiel à verdade e a transparência, a partir da coleta de dados reais que fornecerão subsídios para a criação de notícias verídicas. É inconcebível que diante de propostas indecorosas um profissional se corrompa para atender a interesses escusos que contrariam a função básica: informar de forma verdadeira.

O segundo estágio se dá no recebimento de informações que suscitem a tentação de compartilhamento imediato. Trata-se de um pecado imperdoável para pessoas acostumadas a manusear jornais, sites, redes sociais e todo tipo de canal/ferramenta/plataforma que lida com comunicação. É indispensável, para evitar equívocos e fomentar a proliferação de conteúdos falsos, checar as fontes e confrontar os dados em outros veículos

Infelizmente, a realidade do nosso mercado de trabalho leva inúmeros profissionais a aderirem a movimentos que trabalham de maneira obsessiva na produção de informações que visam “fazer comunicação” favorável. Ou seja, todos os meios justificam a finalidade de desacreditar pretensos adversários, custe o custar. A verdade é sacrificada em nome de vantagens indevidas que, no final, rendam dividendos, sejam financeiros e, no caso da campanha eleitoral, políticos para conquistar mandatos, cargos e poder.

Os relações públicas, como protagonistas do cenário de comunicação, têm o dever de zelar por relações transparentes e equilibradas.

Você tem feito seu papel?

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