Minha experiência como Relações Públicas coordenando o Comitê de Gênero, Raça e Diversidade da Empresa

Eliara Rothmann
Fantástico Mundo RP
3 min readJun 26, 2018

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*Por Aline Webber

Sou relações públicas há treze anos e há sete trabalho numa empresa de energia elétrica. Na minha empresa, há onze anos, foi criado um Comitê de Gênero, atendendo recomendações governamentais, já que somos uma empresa pública. Este comitê tem o objetivo de contribuir para a implementação de políticas que promovam a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres, no âmbito das relações de trabalho, incentivando concepções e práticas igualitárias de gestão. Minha empresa, que é uma empresa de engenharia, predominantemente, tem seu quadro composto por mais de 80% de homens.

Eu entrei no Comitê há cinco anos para auxiliar nas ações de comunicação e quando a última Coordenadora se aposentou há três anos, ela me convidou para assumir o lugar dela.

No início fiquei com medo, porque não conhecia muito do tema, e sei que ele é muito polêmico e você fica taxada de chata, de ativista, até de “sapatão”. Mas o comitê é formado por aproximadamente quinze pessoas, dos diversos departamentos dentro da empresa, que deram o suporte para que as ações continuassem.

Mas o que faz um Comitê de Gênero?

Fazemos muitas ações para os empregados da empresa, como cursos, palestras, campanhas. É um trabalho de formiguinha, alguns são abertos ao tema, mas uma grande parte ainda tem o discurso de que as mulheres já conquistaram o seu espaço, levantam a bandeira da meritocracia.

O que não entendem é que meritocracia só existe para quem sai do mesmo ponto e tem as mesmas condições.

As mulheres estão no mercado de trabalho há muito menos tempo que os homens. Em uma empresa como a nossa, baseada na mão de obra masculina, é como apostar uma corrida e sair dois quilômetros atrás, é óbvio que o homem vai chegar primeiro.

Tem muito para ser feito dentro das empresas, a ONU Mulheres tem os “Princípios de Empoderamento das Mulheres” que qualquer empresa pode aderir, são eles:

1. Estabelecer liderança corporativa sensível à igualdade de gênero, no mais alto nível.

2. Tratar todas as mulheres e homens de forma justa no trabalho, respeitando e apoiando os direitos humanos e a não-discriminação.

3. Garantir a saúde, segurança e bem-estar de todas as mulheres e homens que trabalham na empresa.

4. Promover educação, capacitação e desenvolvimento profissional para as mulheres.

5. Apoiar empreendedorismo de mulheres e promover políticas de empoderamento das mulheres através das cadeias de suprimentos e marketing.

6. Promover a igualdade de gênero através de iniciativas voltadas à comunidade e ao ativismo social.

7. Medir, documentar e publicar os progressos da empresa na promoção da igualdade de gênero.

No ano passado, minha empresa aderiu também ao movimento HeforShe/ElesporElas da ONU Mulheres. Esse movimento convida os homens a assinarem um compromisso pela igualdade de gênero, como defensores e agentes de mudança. Eles são encorajados a agir contra as desigualdades enfrentadas por mulheres e meninas. Ao conversar com alguns homens, eles me disseram que assinariam porque era politicamente correto, não porque acreditavam que as mulheres sofressem qualquer discriminação ou desigualdade.

Como Relações Públicas temos muito para contribuir, num mundo onde os homens compreendem 60% da força de trabalho empregada e 95% dos CEOs das maiores empresas do mundo e onde, apesar de termos mais escolaridade, ocupamos somente 17% dos cargos de diretoria executiva nas empresas brasileiras, sendo que as brasileiras com 12 anos ou mais de estudo recebem 41% menos que os homens em cargos iguais. No quadro geral, ganham 26,7% abaixo (dados da Corporate Women Directors International (CWDI), um grupo de pesquisa com sede em Washington).

Em qualquer área que atuarmos podemos ter esse olhar voltado à equidade de gênero, assim como a minha empresa, outras também podem constituir Comitês de Gênero, ações assim são muito boas para o clima interno, para a imagem da empresa, para relatórios empresariais e principalmente para um mundo melhor para todos nós.

Aline Webber é Relações Públicas na Assessoria de Relações Institucionais da Presidência e Coordenadora do Comitê de Gênero, Raça e Diversidade. Feminista que sonha com um mundo melhor.

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