O empirismo é mais orgânico do que parece

Aline Webber
Fantástico Mundo RP
4 min readAug 20, 2020

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*Por Hanna Bastos

O que lhe vem a cabeça ao pensar em objeto de estudo? Na geografia podemos dizer que é o espaço geográfico, para o historiador podem ser escritas, imagens, tudo que remeta ao passado… Mas e para a comunicação? Seguindo a linha de raciocínio que o objeto de estudo está relacionado ao foco em que você deseja tomar para entender melhor o assunto a ser pesquisado, a área da comunicação tem como direcionamento as relações humanas, dito isso, me sinto muito mais confortável em dizer como tenho enxergado a importância das minhas conversas desde que iniciei a minha faculdade de Relações Públicas.

É meio irônico pensar que eu, que era tão tímida quando criança, decidi me especializar justamente na comunicação, nunca fui muito de chegar nas pessoas para fazer amizades, e até fazer uma simples pergunta para um atendente de loja era um pouco complicado… Mas o tempo passa e algumas coisas vão mudando, posso dizer que atualmente perdi grande parte dessa timidez, mas o fato é que uma das minhas indagações enquanto decidia o meu curso era “como vou trabalhar com isso se nem ao menos consigo conversar direito?” o que sim, podemos dizer que é um bom questionamento, mas estava desconsiderando outra característica muito pessoal minha, a de refletir sobre tudo, a todo momento.

Sim, eu sei, todo mundo pensa o tempo todo haha… É que se vamos estudar relações humanas, eu comigo mesma também é uma relação, certo? Então não podemos desconsiderar o fato de que uma pessoa muito reflexiva tem uma certa afinidade em se comunicar, ainda que seja com um outro eu. Ao longo da vida, tive diversos diários com diálogos muitas vezes curiosos de se ler, dezenas de páginas assim como esse texto, que relacionavam as tarefas cotidianas à assuntos quase que filosóficos, e esse costume de pensar demais nunca acabou, ele está sempre aqui, e organizar algo assim tão importante pra mim sem ser prolixa é um tanto quanto complicado, apesar de não parecer grande coisa.

Outro tipo de conversa que tenho valorizado muito mais além das internas, são os diálogos que tenho com meus amigos e minha família, claro que ler livros e teses científicas para entender como os seres humanos interagem entre si é muito importante, mas nada melhor do que enxergar no seu dia a dia as crenças que estão enraizadas, a forma como uma pessoa age sozinha ou dentro de um grupo. Outro dia, fui com a minha vó na casa de uma parente, só para fazer companhia mesmo, fiquei quieta até ir embora, não tinha muito o que eu falar, era só uma visita de amigas para colocar o papo em dia, no final de tudo levei aquilo como um aprendizado, a minha intenção não é levar isso como uma romantização, mas fazer uma visita despretensiosa confesso que foi algo novo para mim, foi bonito.

Conversar no Whatsapp sempre foi um hábito, mas de uns tempos pra cá tenho até deixado coisas de lado para dar mais atenção a este App, ou melhor, para os que estão por trás dele, o fator quarentena contribui um pouco para o aumento desse costume, necessidade de atenção tanto do meu lado quanto dos outros isolados, depois que estudei a Teoria Matemática da Comunicação vejo os meus “kkkk’s” de uma forma muito mais técnica, é até engraçado pensar que eu posso ser um receptor ou um emissor… Todas essas teorias que venho estudando durante esses meses estão me fazendo enxergar as interações de outra forma, o que é corriqueiro parece muito mais especial, o que era hábito está mais técnico, e o que é interno é tão importante quanto o palpável.

Me parece válido entender que um texto escrito para “ninguém” é uma tentativa de comunicação, uma vez que este recebe uma leitura, esse “ninguém” se torna “alguém”, que na realidade nunca deixou de existir, sempre houve um intuito, caso contrário, não teria sido escrito. E é nesse ponto que chegamos, qualquer tipo de relação é importante, enxergar isso é empírico e qualquer tipo de reação ainda que despretensiosa tem um intuito.

Obrigada por ter sido o meu “alguém”, o meu receptor, espero que o meu intuito tenha sido atingido, agora fica a seu critério definir a relevância dessa experiência. Talvez tenha ficado um pouco confuso, mas fico feliz que tenha lido até aqui.

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