O que aprendi com a comunicação na área da saúde?

*Por Aline Aprileo

Engraçado como a vida nos surpreende. Quando eu era criança, eu tinha a plena convicção de que faria medicina e seria uma médica importante. Até brincar e encarnar o espírito de uma doutora eu ousava a fazer. Mas, como na infância ainda não temos certeza de quase nada e não temos tanta maturidade para fazer escolhas, fui crescendo e vendo que medicina não era para mim. Pelo menos não na prática.

Não na prática porque na teoria, como sempre fui curiosa e gostava de escrever, fui me entregando ao jornalismo, área da qual me formei e atuo há mais de 10 anos. Eu só não esperava, porém, que as surpresas da vida encontrariam um jeito de colocar a área da saúde no meu caminho, fazendo hoje parte da minha atuação profissional.

Quando ingressei na área de Comunicação Corporativa, Relacionamento com a Imprensa e Marketing de Conteúdo, 99% dos meus clientes eram médicos ou Centros e Hospitais de referência, trazendo a saúde e a medicina à minha realidade todos os dias.

E o que aprendi com tudo isso? O que a comunicação na área da saúde pode nos ensinar? MUITO!

Nunca tinha ouvido falar em dor do membro fantasma. Aprendi a diferença entre bradicardia e taquicardia. Já assisti a cirurgias reais e pude acompanhar como técnicas avançadas podem mudar completamente a vida de pessoas que, até então, estavam sem qualidade nenhuma.

Estudei bastante a respeito de temas que precisava divulgar ou produzir muitos conteúdos, traduzindo aquela linguagem médica para uma linguagem simples, clara e objetiva, voltada ao leigo, assim como eu. Fui me fascinando e me encantando, cada vez mais.

Mais que isso, aprendi que tudo é comunicação. E saúde está completamente interligada a ela. Por quê? Porque é nosso papel, como formadores de opinião, repassar informações importantes, principalmente quando o assunto é prevenção de doenças que matam e que poderiam ser prevenidas se tivéssemos campanhas mais fortes de conscientização.

Infelizmente, sabemos da realidade da saúde pública do nosso país e muita gente sofre com diversas doenças por falta de informação e conscientização da importância de exames médicos rotineiros e hábitos saudáveis que poderiam preveni-las. E é nosso papel fazer valer e disseminar essas informações tão valiosas.

É muito gratificante o quanto você aprende e, principalmente, por ter a missão de levar informação realmente útil a quem precisa. E isso não seria viável se não fossem os médicos éticos e competentes com os quais já tive e ainda tenho a honra de trabalhar.

Ilustrando essa importância, já tive a oportunidade de acompanhar de perto um procedimento cirúrgico que visa resgatar a qualidade de vida de quem sofre com uma doença degenerativa grave. Dos bastidores, pude ver a expectativa de quem espera ver sua saúde resgatada e, claro, dos familiares que zelam pelo bem-estar de quem sofre anos e anos com uma enfermidade que também interferiu em sua vida profissional e social. E, do outro lado, não como paciente ou familiar, mas como um ser humano que se encanta e se surpreende todos os dias com as belezas e perrengues da vida, pude olhar com outros olhos a linda profissão que é a de um médico. E vou falar: é lindo de ver! E mais lindo ainda é ver que seu papel foi cumprido, já que essa mesma pessoa pôde ter sua qualidade de vida resgatada após ser impactada com informações divulgadas por você, comunicador. E de todos os ensinamentos, esse é o que eu não consigo mensurar.

*Aline Aprileo é jornalista, com pós-graduação em Comunicação Organizacional e Relações Públicas pela USP, MBA em Marketing Estratégico pela ESPM e cursa um Máster em Comunicação Empresarial na Escola de Negócios Europeia de Barcelona.

Com mais de 10 anos de experiência, já tendo passado por redação e agências de comunicação no Brasil, atualmente a paulista vive na cidade de Santiago, no Chile, atuando em sua área e aprendendo mais sobre a maneira latina de fazer comunicação e RP.