Bong Joon Ho recebe o Oscar de melhor filme internacional por ‘Parasita’ — Foto: Chris Pizzello/AP

O que o Oscar 2020 tem para nos ensinar

Representatividade importa sim!

Rafaela Richter
Fantástico Mundo RP
4 min readFeb 13, 2020

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Não estou aqui para falar dos ganhadores ou dos indicados, até porque isso vocês já sabem e nós deixamos para os críticos do assunto (hehe). Vamos falar sobre as mensagens que as mudanças do evento desse ano trouxeram para nós.

A premiação que aconteceu em Los Angeles, na Califórnia, teve quase 3 horas e o desafio de manter o público entusiasmado até o final, para a entrega do prêmio mais importante da noite — o de melhor filme. Mas o mais interessante começou lá no tapete vermelho, antes mesmo da cerimônia.

As edições anteriores já vinham recebendo críticas, e a maior manifestação delas esse ano veio pela atriz Natalie Portman, que usou uma capa bordada com os nomes de diretoras que não foram indicadas pela Academia, já que nenhuma mulher foi indicada nessa categoria, e, entre os nove título selecionados para melhor filme, apenas um tem uma diretora: Greta Gwerwig, de “Adoráveis mulheres”.

Natalie Portman no tapete vermelho do Oscar 2020 — Foto: Amy Sussman/Getty Images North America/AFP

“Quis reconhecer todas as mulheres que não foram reconhecidas pelos seus trabalhos” — disse a atriz, vencedora do Oscar por “Cisne negro”.

Mas e o que isso tem a ver com RP? Tudo! Faz tempo que já sabemos que representatividade importa e que as marcas e empresas tem percebido os movimentos críticos dos seus públicos, mas se em movimentos desse porte isso ainda não acontece, é necessário voltarmos a falar nesse assunto.

Mesmo recebendo alfinetadas, o evento desse ano já evoluiu. Tivemos o trio conhecido por interpretar heroínas (Gal Gadot, Sigourney Weaver e Brie Larson) apresentando a maestrina Eímear Noone, primeira mulher a reger a orquestra da cerimônia, que apresentou trechos das músicas indicadas na categoria de trilha sonora, e foi super aplaudida pela plateia.

Reprodução TNT

Sem falar na Jane Fonda como responsável pela entrega do prêmio mais importante da noite, trazendo recados de igualdade de gênero, além de sustentabilidade, reciclando o look que usou em Cannes em 2014 e com um casaco a “tiracolo”, peça já conhecida em manifestações que ela participou contra as mudanças climáticas. E ela #lacrou nas redes como ícone que sabe usar a moda a seu favor.

A representatividade também veio pela presença de Zach Gottshagen, ator com síndrome de Down, no palco. Porém, o que era para ser um momento de inclusão do evento, foi uma gafe para o ator Shia LaBeouf, que também subiu ao palco e se mostrou impaciente ao lado dele, não deixando nem ele anunciar quem seria o vencedor da categoria de melhor curta. Esse episódio gerou revolta e a hashtag #ShiaLaBeouf, usada para criticar o ator, virou trending no Twitter. Esse é aquele tipo de crise que a gente não quer gerenciar né?! Isso não podemos aceitar nem mesmo entre 4 paredes, muito menos na mira de todos os holofotes. (Aproveitando: já leu a entrevista que o Conferp fez com a Luísa Camargos, primeira bacharel em Relações Públicas com síndrome de down? É linda! Confere aqui.)

Getty Images

Além disso, tivemos também muitas alfinetadas em diversos discursos dos apresentadores sobre a falta de indicações de pessoas negras nas principais categorias. Em contrapartida, tivemos a premiação do melhor curta de animação para “Hair Love”, que traz uma história com muita representatividade na relação de uma menina negra com os seus cabelos. Já assistiu? Ele é lindinho e tem só 7 minutos ;)

E para fechar com chave de ouro: Parasitas ❤

Confesso que não tinha visto ainda o filme, e fui obrigada a assistir depois. Um filme sul-coreano para desbancar concorrentes muito fortes. O primeiro “Melhor Filme” até hoje que não era falado em língua inglesa, o lugar mais longe que um filme estrangeiro já conseguiu chegar no Oscar.

“É um filme estranho. Acho que é por isso. O filme é imprevisível e acho que o público gostou disso, de como você nunca sabe o que vai acontecer a seguir”, disse o diretor do filme, Bong Joon-ho.

E na verdade ele não é estranho, é uma mistura de gêneros, que quebra aquele padrão tradicional e nos leva a visitar culturas e realidades diferentes, e que nos permitiu ver diversidade no palco.

E a mensagem de hoje era essa, para nunca esquecermos que em pequenas ações ou até mesmo eventos mundiais, devemos ter nossas marcas e nomes cada vez mais representando causas do bem, como igualdade de gênero, de raça, diversidade e inclusão, e não apenas como fachada. O público não perdoa, e as redes sociais estão aí para potencializar o sucesso ou as críticas.

Espero que tenha te trazido pelo menos algum detalhe novo nesse compilado sobre tuuudo que rolou por aí.

Beijos e até a próxima!

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Rafaela Richter
Fantástico Mundo RP

Relações Públicas | MBA em Marketing Estratégico | gaúcha | estudante de Ciências Sociais.