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Os desafios de ser Relações Públicas nos tempos atuais

Mary Gabriela
Fantástico Mundo RP
5 min readJun 2, 2020

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Eu não sei você, mas eu tento fazer uma higienização mental me dando ao luxo de me afastar das redes sociais por pelo menos um dia ou um final de semana. Mas é muito mais forte que eu.

O mundo de hoje, que já era meio maluco, parece que está do avesso e não fosse “apenas” vivermos na maior crise sanitária da história recente, vivemos em tempos de Fake News, violência policial, racismo, movimentos extremistas, intensa polarização e governos travando batalhas com grandes companhias e veículos de comunicação:

E nós profissionais de Relações Públicas estamos como?

Empresas, personalidades, governos e entidades estão sendo cada vez mais cobrados por posicionamentos frente a tudo que o mundo vem vivendo.

Pressão da sociedade, de influenciadores e dos protagonistas de cada história de que temos testemunhado nas últimas semanas.

Para adicionar um tempero a mais pra engrossar esse caldo, temos a eminente crise econômica e uma crise financeira já vivida por grandes, médias, pequenas e micro empresas, em decorrência da Covid-19 e as consequências do isolamento social e lockdown em outros países.

Os grupos de whatsapp, telegram e o Twitter dão sinais do tamanho da responsabilidade que nós e todos os profissionais de Comunicação estamos enfrentando. Por isso separo alguns questionamentos e desafios para debatermos aqui:

Posicionamento e o risco da automação na veiculação de anúncios:

Lançada há algumas semanas, a Sleeping Giants expõe as marcas e empresas no Twitter que fazem anúncios em sites que propagam fake news e discurso de ódio. Com apoio de influenciadores como Felipe Neto e o Luciano Huck, o perfil @sleepinggiantsbrasil já possui mais de 300 mil seguidores.

Você sabe onde os anúncios de sua marca estão sendo veiculados?

Empresas como Itaú, Brastemp, Consul, Avon, Jeep, Latam e Facebook já anunciaram uma revisão na sua política de publicidade depois de terem sido expostas por veicularem anúncios em site que publicaria “fake news”.

Talvez a publicidade não seja sua responsabilidade como Relações Públicas, mas certamente será preciso adicionar mais um item no seu mapeamento de risco. ;)

Contexto e uso de símbolos controversos

Mais do que nunca precisamos estar de olho no contexto político social e econômico do planeta! Sim, isso mesmo, Relações Públicas precisa estar de olho no que o mundo está debatendo antes de lançar qualquer campanha.

No início da Pandemia no Brasil, lá em março, muitas empresas tiveram de rever suas campanhas, ações, agenda de eventos e pautas a serem debatidas. Compreender o contexto em que seu público está inserido, suas adversidades e necessidades hoje, mais do que nunca, são fundamentais para não errar. Esse monitoramento precisa ser constante. Nosso mundo vive numa velocidade cada vez mais difícil de acompanhar.

Lembra do caso do Pijama listrado com uma estrela de Xerife da Zara?

Embora a inspiração tenha sido outra, o contexto do lançamento e a simbologia ali retratada trouxe uma interpretação que não havia aparecido entre as equipes de marketing da empresa. Clique aqui para relembrar este caso.

Pautas sensíveis e necessárias

Em junho são celebradas datas muito importantes como por exemplo: Dia da Imprensa, Dia Mundial do Meio Ambiente e o mês do Orgulho LGBTI+. Cada uma delas carrega um contexto histórico e sensível que, se não for pensado com responsabilidade, o trabalho pode destruir toda uma reputação em apenas um único post.

Para o Dia da Imprensa, nós nos manifestamos aqui. Em tempos de fake news e debates que flertam com a censura, é urgente que lutemos pelo direito ao acesso à informação verdadeira.

Para as outras pautas e tantas que a sociedade vem exigindo das empresa, se não é seu espaço de fala, convide posições antagônicas e com credibilidade para ajudar você a construir qualquer posicionamento ou realização de ações de comunicação. Ter humildade é fundamental para mitigar erros graves de interpretação e miopias das nossas pequenas bolhas sociais.

Para o mês do Orgulho LGBTI+ compartilho o Mais Diversidade, que está com ações e debates riquíssimos.

Associar a sua marca à pandemia

Associar a marca à pandemia tem de fazer muito sentido ao propósito da sua empresa e o bom senso precisa ser seu primeiro filtro, antes mesmo de apresentar a proposta para aprovação.

A ética, antes de tudo, tem de pautar toda e qualquer ação que vamos realizar enquanto profissionais de qualquer área, principalmente no relacionamento com diversos públicos. Segundo a pesquisa Trust Barometer da Edelman, Ética é 76% mais relevante do que a própria competência para a construção de confiança com as marcas.

Abaixo temos um exemplo da Osklen que lançou quatro modelos de máscaras diferentes, mas em um preço muito acima do praticado em um item de extrema necessidade de toda a população. Será que era o caso deles, enquanto fábrica de roupas, produzir e doar para entidades e comunidades em situação de vulnerabilidade ao invés de comercializá-las?

A sociedade, mais rápida do que nunca, fez sua avaliação e, devido a isso e outras empresas, o Procon passou a coibir e notificar preços abusivos.

Máscara da Osklen vendida a preços exorbitantes

Também já há debates da necessidade de estampar a marca da sua empresa nas máscaras a serem distribuídas aos empregados. Enquanto um novo EPI adicionado no nosso dia-a-dia das pessoas, será que vale mais o branding ou a proteção de nossos colaboradores?

E você? Que outros desafios tem enfrentado nesse mundo VUCA que vivemos?
Inspira, respira, não Pira! #vaipassar!

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Mary Gabriela
Fantástico Mundo RP

Relações Públicas — Especialista em Comunicação Interna. conteudista do “Fantástico Mundo RP”, conselheira do Conferp e Gerente de CS da “SimplificaCI”.