Para cada baleia azul, uma rosa
Jogo de valorização à vida surge para neutralizar a brincadeira que estimula o suicídio.
O afamado Jogo da Baleia Azul tem assustado o mundo da internet na última semana. De tudo de ruim que a internet já produziu até hoje — propagação do preconceito e do ódio, notícias falsas e até combinações de brigas entre grupos rivais, para não citar as atividades ilegais — o jogo é o que mais oferece perigo real e imediato, de forma legítima e justamente a um público que está, teoricamente, sob a proteção de toda a sociedade.
Este novo episódio me faz pensar em algo que seguidamente vem à tona nas discussões dos profissionais de Relações Públicas e áreas afins: a grande confusão que existe entre comunicação digital e as redes sociais digitais. A facilidade de interação que as redes proporcionam cria a falsa sensação de que o espaço da ferramenta pode ser considerado a própria comunicação e, ainda, que a atuação do profissional de comunicação é dispensável. Além disso, a falta de orientação sobre o uso do espaço de relacionamento virtual, principalmente para as novas gerações, cria situações como essa, em que a novidade da vez se espalha entre os usuários sem que haja uma análise sobre suas consequências. Como o jogo é perverso, vai aos poucos envolvendo o jogador em um universo de tolerância à dor e incentivo a pensamentos negativos, com o objetivo de levar a um trágico final, o que diminui a chance de haver reflexão entre o grupo.
Em casos como o da Baleia Azul, o mais complicado é identificar o problema e encontrar o responsável para solucioná-lo. Por se tratar de uma brincadeira infantil e sem vínculo com nenhuma marca, o monitoramento de suas consequências passa a ser exclusivamente dos pais e educadores, muitas vezes distantes desta realidade, e não dos profissionais atuantes no universo digital. Com isso, a reação é lenta e a discussão começa a tomar força após os fatos já terem ocorrido.
Felizmente, para cada jogo sem mediação e de consequências desastrosas, surge a reação dos profissionais treinados para gerar comunicação eficaz e positiva. Dois colegas publicitários fizeram um ótimo trabalho de relações públicas e já criaram a página do Jogo da Baleia Rosa que, em contraponto à Azul, cria tarefas diárias para a valorização da vida. Assim como em todas as relações humanas, seguimos acreditando que o bem sempre vence o mal e que uma das grandes missões dos profissionais de comunicação é promover o diálogo, a reflexão e as melhores práticas de relacionamento.
Em última análise, esta é a grande missão do RP : cada vez que surge uma baleia azul no nosso dia-a-dia, disposta a disseminar imagens distorcidas, criamos uma rosa para colocar no lugar, lembrando que a vida e as boas relações são sempre mais importantes :)
