Relações institucionais e governamentais em tempos de pandemia

A importância de se aproximar, dialogar e definir estratégias conjuntas para o mundo pós pandemia

Fernanda Hack
Fantástico Mundo RP

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Não sei pra vocês, mas pra mim, nunca fez tanto sentido o conceito da nossa atividade sobre o qual, desde as primeiras aulas do curso de RP costumamos ouvir: profissionais de relações públicas são os responsáveis pela intermediação de interesses entre os diferentes públicos de uma organização. Em geral, contamos com colegas jornalistas, publicitários, administradores, advogados e tantos outros para conseguir de fato, atingir todos esses públicos. Até porque, vocês já pararam pra pensar na complexidade que cada pequena mensagem tem perante os receptores em um momento como esse? Nem os profissionais acostumados a lidar com grandes crises estão preparados para o novo normal que tanto já falamos por aqui nos últimos meses.

Hoje, vamos voltar nossa atenção para um público complexo, para o qual precisamos ter uma atenção especial e que nesse momento parece ainda mais urgir, já que, juntos a eles podermos construir soluções para sair dessa crise; estou me referindo aqui aos governos, instituições e entidades representativas de classe. O tema exige um nível de especialidade que eu confesso pra vocês que ainda não tenho, mas achei importante chamar atenção para o assunto, pois além deste ser um dos nossos papeis como movimento, tenho aprendido nesses dias de turbulência que — como ninguém da nossa geração passou por uma crise dessas proporções — tendo a pensar que o melhor que podemos fazer é compartilhar o que aprendemos, testar, reaprender. Então, lá vai o que eu aprendi sobre o tema em uma palestra online realizada pela Amcham:

Grandes empresas, grandes impactos

As grandes empresas brasileiras têm uma enorme responsabilidade na mão. Elas precisam pensar nos seus inúmeros colaboradores diretos, nas milhares de famílias que dependem deles, nos empregos indiretos que geram, na sua cadeia de fornecedores e em tantas outras pessoas que fazem parte desse ciclo. Por isso, mesmo com mais capital, se essas empresas perderem, muita gente perde. Por outro lado, essas empresas têm grande poder de negociação com governos e entidades, e tudo isso, se alinhado da forma correta, está sendo de muita importância para a estabilidade dos negócios e empregos. Em momento de pandemia, encontrar o equilíbrio é o mais complexo, mas o mais importante a se fazer.

Abrir mão das vitórias individuais pelo ganho coletivo

Nunca se ouviu falar tanto em cooperar, e essa cooperação precisa começar pelos governos, empresas e entidades. Nesse sentido, nosso papel enquanto profissionais de comunicação é mediar. E a gente sempre aprendeu que: o lucro nem sempre é o mais importante quando outros aspectos podem trazer impactos na nossa reputação. Se antes as agendas das empresas e governos (em todas as esferas) eram quase sempre defensivas com temas tributários e trabalhistas, agora existe algo maior a ser analisado, e as conversas precisam ser mais propositivas. Até que ponto interesses anteriores devem se sobressair às discussões de um problema de impacto global?

Momento de pandemia é momento de ampliar o olhar

O “colchão reputacional” é uma construção; estamos cansados de saber que reputação tem a ver com uma ampla construção de imagem positiva baseada em inúmeras ações ao longo do tempo. E como será depois? Como as entidades e os governos, além é claro do público em geral, vão ver a sua empresa daqui há cinco ou dez anos? Podemos citar diversas empresas que não tem suas atividades diretamente centradas na área da saúde mas esse é um momento atípico, o debate sobre saúde pertence a todos, é responsabilidade de todos e especialmente das grandes empresas, serem protagonistas e começarem debates sobre isso frente aos governos e instituições. Esse é o momento do “descruzar de braços”.

Direcionar os esforços para preparar a sociedade

Já estamos vivendo no mundo pós pandemia se pensarmos sobre a ótica de que empresas, governos e indivíduos já mudaram desde o início de tudo isso. Cada um tem um papel e todos são necessários pra fazer a roda girar. Nesse sentido, as instituições podem assumir um papel conjunto com governos e entidades em movimentos voltados a educação. Ainda não sabemos quando e como sairemos dessa pandemia, mas o que sabemos é que a probabilidade de enfrentarmos outras grandes crises de saúde, a exemplo desta, é enorme. É muito difícil prever o que será preciso para superá-las, mas a educação é sempre necessária e importante para a preparação de sociedades mais conscientes. A união de esforços em torno disso é certamente importante.

Bom, de tudo isso, o que mais importa é que precisamos sempre caminhar todos na mesma direção, assim se chega a soluções mais aderentes e eficazes. Governos, instituições, entidades e empresas juntos, tem mais força. Empresas engajadas nesses debates e atuando como protagonistas são as que eu vou lembrar daqui há alguns anos, e vocês de que empresas vão lembrar?

Fiquem bem, fiquem em casa!

Um abraço (ainda de longe).

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