Relações públicas e o exercício da cidadania

Fantástico Mundo RP
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4 min readJun 18, 2019

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Quando me formei há quase 12 anos, em Caxias do Sul/RS, não imaginava que utilizaria os atributos das relações públicas para realizar um movimento para o coletivo na cidade onde vivo: Curitiba/PR. Há um ano iniciei o Brincar na Praça, projeto voluntário e sem fins lucrativos, que tem como objetivos fortalecer as relações, entre as pessoas e das pessoas com a cidade, além de valorizar a infância, o brincar e os espaços públicos.

Eu explico: desde que me tornei mãe, tenho refletido sobre todas as questões tangíveis e intangíveis para educar uma criança para que ela seja um adulto consciente e qual o nosso papel como pais para que o mundo seja um lugar melhor. Cheguei a algumas hipóteses:

  1. Não basta fazer pelo meu filho, tem toda uma geração para ser impactada, afinal somos seres sociais e precisamos do outro para existir e o modo de viver de cada um afeta o todo;
  2. Não dá para esperar uma condição ideal para fazer pequenas mudanças de hábito e na nossa rotina.
  3. Viver em sociedade é um exercício. Sim, temos de praticar. Sabe o sentimento de pertencer a um lugar, a uma comunidade, a um grupo?
    Ele também é fruto das nossas práticas e vivências.

Atualmente, nos grandes centros, estamos todos em nossas caixas, com agendas atribuladas, nos ambientes privados, convivendo com os nossos pares. E as nossas crianças seguem esse mesmo modelo. Brincar livre, explorar o corpo, os ambientes, sem brinquedos estruturados é muito raro. Elas têm que cumprir os compromissos e preencher a nossa expectativa, afinal o mundo é “competitivo”. Pisar na grama, areia, pedra, abraçar árvores, então, quase que é programa de férias. Viver a diversidade é pauta de “projetos escolares” tampouco uma experiência. Estamos adoecendo!
Sobre isso, deixo a dica de leitura sobre “Déficit de Natureza”

Ao iniciar a nossa vida comunitária na pracinha, me deparei com um “microambiente” bastante democrático, onde a maioria chega despida de marcas, status e competição. Vi as crianças se identificarem e brincarem mesmo quando o modo de viver de suas famílias eram distintos, vi a maioria preocupada em dar a vez, colaborar para fazer o castelo ou a comidinha de areia, esperar na fila do escorregador, compartilhar o lanche. Vi meu filho e outras crianças aprendendo a usar as palavras de gentileza, e a se frustrar quando o pedido do brinquedo emprestado não foi bem sucedido. Observei o brilho nos olhos daquele que está brincando sozinho e de repente vê outra criança chegar e logo faz um convite para alguma brincadeira. Vi pais se esforçando para dar o exemplo. Mas também me deparei com aquelas pessoas descrentes dessa vida em coletivo, excessivamente preocupadas com a insegurança e com o sentimento de urgência para que as crianças aprendam coisas, independente das suas fases de desenvolvimento e dos seus interesses. Dentre várias constatações e observações, posso dizer que crianças são puras e livres de rótulos, somos nós, os adultos, que lhes passamos as nossas crenças, muitas vezes limitantes.

Diante das muitas possibilidades que essa vivência nos proporciona e da lembrança de que somos parte da natureza e cooperativos, decidi dar um passo. A maneira que encontrei para incentivar a vida em comunidade, valorizando a infância e o brincar, foi propor atividades culturais e de lazer de qualidade e gratuitas para crianças e seus responsáveis em dias de semana, quando a praça fica mais vazia. Para as atividades, conto com a ajuda de voluntárias profissionais em suas áreas, sendo a maioria mães e mulheres. Vi que o meu propósito se entrelaçava com o daquelas pessoas, pensamos que o mundo se muda aos poucos, mas de forma consistente e persistente. Bom, isso daria um outro texto, os desafios são muitos…

Mas Roberta, e as relações públicas?

Apesar da nossa constante queixa de que as pessoas não sabem direito o que fazemos, quando me perguntam qual a minha formação, na maioria das vezes ouço em resposta: Ah! Está explicado!

Aproveito para deixar a dica do documentário I Am — Você Tem o Poder de Mudar o Mundo, de Tom Shadyac, que busca “descobrir o fundamental problema endêmico que causa todos os outros problemas, refletindo simultaneamente em suas próprias escolhas de excesso, ambição e possível cura. E se a solução para os problemas do mundo estivesse bem na nossa frente o tempo todo?”.

AUTORA CONVIDADA

Roberta Lopes Guizzo, Relações Públicas UCS, MBA Gestão Estratégica de Empresas ISAE/FGV, empreendedora e idealizadora do Brincar na Praça.

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