Sobre a importância da transparência.
*Por Eduarda Peruzzo
Pra quem me conhece sabe o quanto eu admiro marcas transparentes e, quem não me conhece, ficou sabendo agora. Pra quem não sabe também, meu sonho de princesa é ter minha empresa, talvez por ser uma pessoa extremamente rígida quando se trata de ideais, essa vontade vem cada vez mais crescendo e tomando forma na minha cabeça -e nos meus milhões de rascunhos- porque conforme vai passando a faculdade, vou percebendo que talvez eu não me encaixe nessas grandes potências que já estão por ai.
Já fazem alguns meses que eu venho, cada vez mais, me interessando por empresas/marcas diferentonas que operam de formas bem incomuns pro mercado atual. Umas muito e outras nem tanto, mas o que importa no fim é: o que elas fazem pra fugir desse padrão já estabelecido. E uma das coisas que vem aparecendo com frequência na minha timeline são marcas e empresas aderindo a famosa, e admirada, transparência. Talvez elas apareçam por conta do meu filter bubble das redes sociais ou, a minha opção preferida porém utópica, de que as marcas e, consequentemente as pessoas, vem passando por um processo de mudança nas suas estruturas e na forma como se relacionam com o público.
Claro que é um processo demorado, afinal, tem muita coisa ai que as marcas não querem que a gente veja, trabalho escravo, irresponsabilidade socioambiental e outras mil coisas que sabemos que existe mas ninguém realmente fala sobre. Ou falam, mas não chega no grande público. Um exemplo clássico é a indústria da moda: quantas vezes tu já ouviu alguém falar que a Zara paga uns centavos pra alguém confeccionar a blusinha que tu vai usar no rolê?
Mas ainda sim, dentro da indústria e, principalmente a indústria da moda, existem MUITAS marcas que vem percebendo a importância de manter uma relação de transparência com o seu consumidor, tendo em vista toda essa lógica de era digital. A Honest Buy é uma marca pioneira em 100% de transparência nos seus processos, o designer Bruno Pieters, fundador da empresa, tem uma frase que representa um lado muito legal, e artístico, da transparência.
Fashion is about beauty and that the story behind fashion can be equally beautiful.
“Moda é sobre beleza e a história por trás da moda pode ser igualmente bonita.”
Sério, talvez eu seja uma louca entusiasmada, mas o quão legal é poder saber todos os detalhes de uma peça de roupa que tu tá usando nesse exato momento? Ok, pra muitas pessoas isso talvez seja super desnecessário, mas a questão é: ter o poder do conhecimento. Se eu quiser saber onde foi fabricado, o porque do preço, se a marca teve responsabilidade social na confecção do produto, tudo é alcançável e disponível.
No SET universitário, evento anual de comunicação que rola na Famecos / PUCRS, fui em uma oficina e palestra com uns meninos de uma empresa muito foda aqui de Porto Alegre, eles falaram um pouco sobre como funcionava o trampo deles e, no meio da oficina, fiquei chocada quando um deles falou sobre o salário. Um coisa tão simples, que todo mundo sabe que existe e eu fiquei extremamente chocada quando ele falou em números, não sei vocês, mas meus pais sempre me criaram falando que não era legal falar sobre isso, seja perguntar ou falar o seu. Foi ai que eu vi que transparência é algo extremamente democrático, é o simples ato de deixar aberto pra conhecimento geral, sem filtros. Confesso que muito dos pensamentos que eu tô passando aqui foram plantados por uma sementinha nesse dia, foi aquele gatilho que mostrou que as coisas podem ser diferentes, basta a gente fazer elas mudarem.
Outra marca que eu esbarrei no meu feed e fiquei sorrindo de orelha a orelha quando terminei o vídeo foi a Insecta Shoes. Eles não são uma marca 100% transparente (creio eu), mas no Black Friday, o famoso dia em que o capitalismo vai a loucura, eles lançam o seguinte vídeo:
Em um dia mundial de consumo, a marca vai lá explica, passo a passo, o valor que é cobrado no produto final. Ou seja: o sapato que tu comprou é um materialização de valores extremamente importantes, pra quem acredita nessa construção de um mercado novo, diferente & dinâmico.
Seguindo no assunto Black Friday, outra marca que também exerceu a função mind blowing em mim recentemente foi a Dobra, eles produzem carteiras bem fininhas & práticas e, em uma dessas passadas no feed como quem não quer nada, vi esse post discreto:
Esse amarelão obviamente me levou a ler a legenda e, se existisse apostficação de LACRE, seria esse post. A lógica era: a cada Dobra comprada, a pessoa ganharia outra, porém, com uma condição: pra participar da promoção, as pessoas precisariam fazer alguma doação para algum projeto social nas plataformas de crowdfunding.
Ah, além dessa ação maravilhosa, eles também disponibilizam o molde da carteira no site pra que se for o caso de não comprar, tu tem a possibilidade de fazer a tua própria carteira em casa. Falando da Dobra talvez eu tenha fugido um pouco da questão da transparência, mas os valores que eles passam, seja incentivando a doações a crowdfundings pra ajudar o pessoal a tirar projetos do papel, fazendo collabs com artistas e acreditando em pontos como economia colaborativa, cultura open source e movimento maker, eles apresentam pontos tão importantes quanto a transparência pra construção de marcas mais conscientes.
Eu acredito de verdade que, seguindo a ideia dessas marcas, a possibilidade de mudar as coisas de pouco em pouco seja extremamente possível. A busca disso tudo não é por empresas perfeitas, mas sim empresas que se façam confiáveis e que, de alguma forma, façam sua parte pra uma nova visão de como fazer as coisas. Guardar conhecimento e informação é algo que não auxilia no desenvolvimento de algo, tampouco de uma sociedade.
É isso. (:
Sobre Eduarda Peruzzo
Eduarda Peruzzo, 18 anos, estuda Publicidade & Propaganda na PUCRS. É apaixonada por séries, livros, moda e bater papos aleatórios.
Ah, também é heavy user de redes sociais. Quem quiser bater o papo aleatório, basta procurar por @eduardaperuzz (:
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