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Sou mãe e Relações Públicas

Aline Webber
Fantástico Mundo RP
3 min readMar 17, 2020

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Uma reflexão sobre maternidade e carreira

Dia 25 de dezembro nasceu meu bebê, meu presente de Natal. Entre uma mamada e outra, aproveitando o gancho do Dia da Mulher, estou escrevendo esse texto fazendo uma reflexão sobre a maternidade e a carreira das mulheres.

Bom, de longe ser mãe é o maior trabalho que eu já tive e, não vou mentir, sinto saudades da rotina do escritório, que é bem mais previsível do que uma criança. Sinto que estou a parte do mundo, os dias são intermináveis e muito solitários. A maternidade ainda é muito romantizada e só quando você se vê aqui é que entende o quão trabalhosa ela é e o quanto não é reconhecida.

Além de não termos reconhecimento, a maternidade segundo pesquisa da Wellesley College é a principal causa da diferença salarial entre homens e mulheres. Quando começamos a trabalhar, recebemos quase o mesmo salário, mas a diferença cresce nas duas décadas seguintes, mulheres solteiras sem filhos continuam ganhando quase a mesma coisa que os homens. E segundo pesquisa da FGV metade das mães são demitidas até dois anos após a licença maternidade.

As empresas acabam perdendo uma força de trabalho feminina incrível, mantendo ambientes de trabalho opressores e machistas que só pioram quando uma mulher fica grávida ou tenta desacelerar depois do nascimento das crianças. Muitas mulheres resolvem empreender porque as empresas não são ambientes que acolhem.

Fica a pergunta: Até quando seremos punidas por trazermos um filho ao mundo? Será que maternidade e carreira são incompatíveis?

Uma frase que já vi algumas vezes nos textos sobre maternidade é: “O mercado de trabalho quer que a gente trabalhe como se não tivesse filhos. A sociedade quer que a gente crie os filhos como se não trabalhasse.” Pra mim essa frase faz muito sentido, mas as empresas precisam enxergar que a maternidade nos dá muitas habilidades que nos fazem profissionais melhores, como: flexibilidade, gestão de recursos e do tempo, capacidade de improviso, empatia. Além disso um cenário de participação plena das mulheres no mercado de trabalho adicionaria US$ 28 trilhões ao PIB global em 2025, conforme o relatório do McKinsey Global Institute. Precisamos que as empresas comecem a exercer o papel fundamental que elas têm para a equidade. Abaixo algumas ações afirmativas que as empresas podem tomar:

· Horários flexíveis e home office;

· Sala de apoio ao aleitamento;

· Grupo de apoio para mães e pais que retornam de licença;

· Campanhas de conscientização de que criar um filho é uma tarefa compartilhada;

· Licença maternidade e paternidade estendidas;

· Criar um comitê de diversidade que fomente ações, estabeleça metas e meça os resultados;

· Treinamentos sobre Vieses do Inconsciente (falei sobre isso aqui neste texto).

E a nossa maior arma é a solidariedade entre nós mulheres — sororidade é a palavra. Temos que nos unir, mulheres que empoderam mulheres, que olham com carinho, que se ajudam. Por exemplo, na hora de consumir, podemos escolher empresas de mães empreendedoras, na hora de pensar na contratação de alguém ou na sucessão para seu cargo escolher mulheres, na hora de votar, ajudar a eleger mulheres, o que é fundamental para termos políticas públicas que ajudem as mulheres a se manter no mercado de trabalho. Um exemplo de lei que precisa ser mudada é a da licença maternidade que é de apenas 4 meses, quando o Ministério da Saúde preconiza amamentação exclusiva até os 6 meses. Uma conta que não fecha!

E os homens? Precisamos que eles venham junto com a gente, um mundo melhor para as mulheres é um mundo melhor para todos.

Um abraço.. e volto eu aqui para meu bebê.

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Aline Webber
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