Sou uma profissional de festinha sim, e daí?
Quando iniciei o curso de Relações Públicas, não tinha a menor ideia do que era, mas embarquei porque me sinto atraída por desafios. Tudo o que eu sabia sobre RPs é que faziam festinha. Ok, pensei com meus botões, eu gosto de organizar festinhas, quem sabe aqui eu não melhore minhas habilidades?
Saí do curso 5 anos depois com uma conclusão: Festinha é uma palavra nada rebuscada para um trabalho extremamente profissional e criterioso. Na graduação aprendi o significado da comunicação integrada, a lidar com setores, a dominar técnicas de comunicação para vários segmentos nas relações públicas. Aprendi que somos responsáveis pela construção de imagem institucional e pelas relações de poder, de formadores de opinião, de situações de crise, de valorização profissional dentro da organização, entre outras coisas bacanas. Mas, voltando ao foco, aprendi que EVENTO, é uma parte de tudo isso, que hoje eu considero como uma ferramenta de marketing e relações públicas nas instituições.
Defendo a ideia de que Evento pode e deve ser encarado como parte fundamental de uma construção de imagem e relacionamento com os públicos. Quando iniciei profissionalmente dentro deste segmento, ainda era acadêmica e fui percebendo aos poucos a importância do planejamento estratégico para que a execução seja (pelo menos) perfeita. Definir público, metas, objetivos, justificativa, programar conteúdo e cerimonial, dominar protocolo e captar parceiros para a realização de um evento são tarefas extremamente delicadas e fundamentais para que, de fato, seja um evento e não uma festinha.
Vejo ainda entre RPs muito ressentimento sobre a temática, dizendo que a profissão não é valorizada porque está “taxada” como profissionais de festas. Definitivamente, não concordo. Primeiro porque o mercado demanda vagas, o que falta é profissional qualificado e isso não tem a ver com o título ou especialidade, mas sim com domínio no assunto. Segundo, porque as atividades de um RP estão descritas nos cargos, mesmo que não tenham esse nome especifico na função. Acho que nossa profissão precisa de um especialista em comunicação interna pra motivar mais nossos colegas…
Pra finalizar, gostaria de deixar extremamente claro: sim, eu faço festinha! Não exatamente descolo a decoração do Ben10 e compro 5 caixas de brigadeiro, mas se precisar disso, a gente consegue. Não estou desmerecendo os profissionais que atuam com eventos sociais, pelo contrário, conheço excelentes pessoas na área… mas eu fiquei na faculdade pra aprender a respeitar a palavra EVENTO. Alguém tem ideia do que é trabalhar um orçamento durante semanas porque não tem verba suficiente e precisa que tudo aconteça? E elaborar estratégias de divulgação para que chegue aos ouvidos do público alvo? Já pensou que definir data depende do calendário de feriados e atividades na cidade pra não perder público? E quem sabe elaborar um cerimonial escrito e bem detalhado para o MC contratado? Captar parceiros também não é tão simples, como definir contrapartidas relevantes para que um patrocinador acredite no nosso projeto?
Reconheço, muita informação para uma coisa só… minha atividade é exatamente essa: utilizar o evento como uma ferramenta de comunicação institucional e mercadológica. Trazer para um momento único tudo o que o público e o contratante querem: visibilidade, promoção, organização, foco, relacionamento e lembrança de marca. Então, eu pergunto: visibilidade? Relacionamento? Reputação? Isso não é função de RP??
Acho que estou no caminho certo. Meu nome é Juliana Müller, sou produtora, professora de Eventos, fã do Lulu Santos, Relações Públicas. Só por hoje eu acredito no que condiz com minha experiência. Festinha ou evento?? Tanto faz, eu contrato o mágico se o cliente pedir, desde que seja relevante para a temática e tenha a ver com tudo o que um evento realizado por um RP precisa.
Sobre a autora convidada:
Juliana Müller é Relações Públicas, graduada pela ULBRA, em 2009. Possui diversos cursos na área, incluindo o de Organizador de Eventos pelo Senac e Gestão de Liderança. Atualmente, é Diretora Secretária da Associação Brasileira de Relações Públicas e é membro da ABRP Nacional. Atua em Eventos Corporativos desde 2006, desde o planejamento estratégico até a execução, cerimonial, protocolo e planejamento financeiro. Iniciou as atividades no universo acadêmico, enquanto representante de RP no Diretório Central de Estudantes. Após, ingressou em projetos institucionais e eventos em agência de Comunicação e Agência de Eventos. Ministra cursos de extensão e oficinas no segmento eventos corporativos, cerimonial e protocolo e relacionamento interpessoal. Atualmente é professora em curso Técnico Em Eventos, em Porto Alegre. Também atua com Projetos Culturais através da Lei de Incentivo a Cultura.