Vamos falar sobre coragem na comunicação?

Fernanda Hack
Fantástico Mundo RP
3 min readSep 5, 2019

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O quanto a falta dela não favorece estratégias brilhantes

Hoje eu vou me aventurar e falar um pouco sobre publicidade, e sabe por quê? Porque estou sendo corajosa, estou tentando não me tornar “parte da paisagem”, quero que esse não seja apenas mais um texto. Como uma boa comunicadora sempre tento acompanhar a movimentação das empresas em relação aos seus posicionamentos [nem sempre muito ousados] em suas comunicações e especialmente em suas ações de publicidade.

Chegou a minha semana de gerenciar o FMundoRP e, para me inspirar, segui as dicas da Aline Webber, no post da semana passada, e ouvi a série de podcasts da Meio e Mensagem chamada Criatividade, que traz reflexões sobre a coragem, o cérebro e o coração. Com convidados renomados e publicitários cheios de opiniões fortes, o episódio que aborda a coragem foi o que mais me chamou atenção, e eu pensei: por que não trazer esse tema para nosso blog? Afinal, não sei se estou assistindo muitos episódios de “Mad Man” ou se de fato algumas das produções que vemos estão um tanto quanto sem sal, mais do mesmo… e como o título já entrega, o ponto ao qual quero chegar é: as empresas estão sendo pouco corajosas em suas estratégias e posicionamentos de comunicação?

Em uma das primeiras falas, Renata Leão, diretora criativa da JWT, já afirma que “a coragem é a chave para o sucesso de uma marca”. Para ela, as empresas precisam se posicionar e confiar nas suas agências, pois o público percebe e reconhece esses movimentos nas marcas.

Mas ser uma marca corajosa não tem nada a ver com ser irresponsável ou arrogante, pelo contrário, temos alguns exemplos onde exatamente a ousadia de admitir as vulnerabilidades se tornaram a grande força de comunicação da empresa. Temas como o empoderamento e a diversidade já foram campanhas corajosas, mas hoje, eles fazem parte do mínimo esperado pelos consumidores.

Nessa mesa linha, as empresas que não estão dispostas a errar, acabam não inovando. Nas palavras de Eduardo Camargo, Co-CEO da Mutato:

“sem algum risco, não existe diferencial”

E quando falamos em risco, eu como uma boa RP já sinto um frio na espinha, mas é nessa hora que devemos nos cercar de colegas das mais diferentes áreas. Jurídico, compliance, ouvidoria são alguns exemplos de profissionais que precisamos sempre consultar, porque uma coisa é correr um risco calculado, outra bem diferente é ser irresponsável e arriscar a reputação de uma marca.

Outro ponto que me chamou muito atenção ao longo do podcast foi a afirmação de que a coragem, em especial dentro das organizações, tem tudo a ver com autonomia, pois não vamos nos enganar, quem toma as decisões de comunicação nem sempre é o dono da empresa, ou seja, não tem total autonomia e nem sempre consegue defender a melhor ideia, a melhor campanha, já que, muitas vezes, ele também tem seus “boletos” no final do mês e precisa, acima de defender uma boa ideia, defender o seu emprego. Com isso, todo mundo perde, a comunicação perde, as empresas perdem. Apenas aquelas que são mais ousadas e que arriscam de forma calculada conseguem se destacar.

Mas será que todas as marcas têm esse feat com a publicidade corajosa? (A resposta no podcast vem bem direta): Tem sim, o que precisa ser adaptado para cada instituição é o discurso. Rafael Donato conta que o Burguer King, por exemplo, tem diversos cases de comunicações corajosas e por uma ser característica da marca trata isso com uma naturalidade sem igual. Por outro lado, o exemplo da Faber Castell exemplifica de forma clara que a ousadia pode ser leve e assertiva. Para quem não lembra, no ano passado a marca ressignificou a chamada “cor de pele” e apresentou uma linha de diversas “cores de pele”.

Leia mais aqui sobre os cases do Burguer King e Faber Castell.

Ao fim desse texto, meu desejo é de que sejamos cada vez mais engajadores, mas conscientes e mais corajosos nas nossas comunicações.

Quem topa?

Bjos, Fer *-*

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