Você é um Relações Públicas antirracista?

Aline Webber
Fantástico Mundo RP
4 min readAug 18, 2020

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Alguns casos recentes de violência policial contra negros provocaram diversos protestos contra o racismo ao redor do mundo. A corrente ‘Black Lives Matter’ repercutiu nas redes sociais, gerando debates e polêmicas.

Você já se perguntou como Relações Públicas se as ações que você faz estão atingindo todos com equidade?

Você já pensou na representatividade em todas as mesas de palestrantes dos seus eventos?

Você aproveita datas para levantar debates sobre: igualdade no trabalho; contra a violência; etc.?

Pensou em citar autores negros nos seus textos?

Nas campanhas de publicidade você busca que o negro esteja representado? E mais, representado em profissões em que normalmente não são representados, como engenheiros, gerentes, etc.

Capa do livro Pequeno Manual Antirracista

“Chegamos, assim, à seguinte pergunta: o que, de fato, cada um de nós tem feito e pode fazer pela luta antirracista? O autoquestionamento — fazer perguntas, entender seu lugar e duvidar do que parece “natural” — é a primeira medida para evitar reproduzir esse tipo de violência, que privilegia uns e oprime outros”

Djamila Ribeiro, Pequeno Manual Antirracista

A Heads Propaganda faz uma pesquisa chamada “TODXS” que já está na oitava edição onde eles mapeiam a representatividade de Gênero e Raça na Publicidade Brasileira.

Segundo a pesquisa, todos os dias somos impactados por cerca 5 mil mensagens publicitárias que influenciam e moldam o nosso jeito de pensar. Nela constatou-se que a publicidade tem reforçado racismo, discriminação e preconceito, contribuindo para aprofundar as muitas desigualdades da nossa sociedade.

O que o CONAR diz sobre racismo:

NENHUM ANÚNCIO DEVE FAVORECER OU ESTIMULAR QUALQUER TIPO DE OFENSA OU DISCRIMINAÇÃO RACIAL, SOCIAL, POLÍTICA, RELIGIOSA OU DE NACIONALIDADE.

Veja o caso da Perdigão que veiculou comercial de Natal racista, que estigmatizou os personagens de duas famílias, Oliveira e Silva e acabou por sofrer uma enxurrada de críticas nas redes sociais.

Com certeza o ocorrido é um reflexo da falta de diversidade nas equipes de criação e da superficialidade com que o assunto é tratado nas agências de publicidade. Como você representa o que não conhece?

A pesquisa da HEADS apontou que 36% dos protagonistas de comerciais de TV são mulheres e dessas 70% são brancas, 27% são homens e desses 73% brancos.

Resultado Pesquisa Todxs Heads

Como explicar essa ausência de pessoas negras representadas na propaganda num país em que a população negra é a maioria, quase 56%, a maior nação negra fora da África? Isso deveria ser algo chocante!

“O negro sozinho não representa, segundo o nosso imaginário, a condição de universal. E se eu quero que uma mercadoria tenha o apelo universal eu preciso conectar com aquilo que as pessoas vejam como sendo a reivindicação do universal. No geral isso é atendido pelo homem branco.”

Silvio Luiz de Almeida, Racismo Estrutural

Veja como é possível fazer um comercial que não estereotipa:

Como diz Djamila em seu livro, “para ser antirracista é preciso que a gente reconheça os privilégios da branquitude. Isso é importante para que privilégios não sejam naturalizados ou considerados apenas esforço próprio. Não se trata de se sentir culpado por ser branco: a questão é fazer alguma coisa para mudar. Aceite que ser antirracista é assumir uma postura incômoda. É estar sempre atento às nossas próprias atitudes e disposto a enxergar privilégios. Isso significa muitas vezes ser tachado de “o chato”, “aquele que não vira o disco”.”

Reconhecer o racismo é a melhor forma de combatê-lo.

O mundo está mudando. Você deveria mudar, também.

Um abraço e fiquem bem!

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